Amélia, António, Tó Mané, Chloe Angélica.
Tão distantes na geografia das residências, mas sempre tão próximos numa relação que se baseia, para além dos laços de família, na alegria do convívio, que se procura no dia a dia, sempre que há uma oportunidade, na compreensão e na cumplicidade nas situações mais diversas em que a vida nos vai colocando e em que sabemos poder contar uns com os outros. Pessoas com quem nos apetece passar o máximo de tempo possível, a conversar, a ver tv ou a ouvir música, a deambular por aqui e ali, a almoçar e jantar num restaurante ou nas casa uns dos outros. Conhecemos bem os nossos respectivos feitios, idiossincrasias, histórias boas e menos boas, problemas, esperanças...
Somos membros de um "inner circle",que nós próprios traçámos, como queríamos.
E por isso digo: não é só o facto de sermos família que nos une, mas sim o facto de gostarmos de o ser e de tirarmos todo o partido de uma realidade, a que, evidentemente, como noutros casos acontece, poderíamos não dar a mesma "intensidade".
Quando a Amélia e o António viviam em Avintes, os encontros entre primos eram praticamente quotidianos!
Antes mesmo, quando eu era criança, iamos a casa dos Tios Reis, os pais do António, com muita frequência, de visita, tardes inteiras. Uma casa enorme, e cheia de mobílias antigas, que eu já então apreciava, mas, acima de tudo, acolhedora - com "bom astral", como dizem nas telenovelas. Os Tios eram divertidos. O ambiente era sempre de festa. Nos terrenos grandes, atrás (porque a casa ficava à face da estrada, ou melhor da Rua 5 de Outubro, que atravessa Avintes) havia flores, vinhas e, sobretudo animaizinhos,que eu adorava. Cães!. Para além dos cães da casa, os"pequinois" de impecável pedigree, criados pela Maria Angélica - alguns, não todos, capazes, de longe a longe, de impôr respeito a crianças irrequietas, mordendo um calcanhar ou um sapato...(acho que o mau era só o "Petit", um macho enormíssimo e lindo, importado de Inglaterra, o pai dos outros todos! )
O António casou tarde, mas valeu a pena esperar: A Amélia, que terá conhecido, se a memória não me atraiçoa, "na tropa", feita em Lisboa, era muito bonita e encantadora. Tornou-se imediatamente uma amiga especial.
Também a Maria Angélica casou já com trinta e tal ou quarenta anos e com um primo, dela e nosso : o Corinto (Marques). Igualmente primo do Chico ( outro Marques). Pertencia ao grupo deles , desde sempre. O único que em jovem, acabou o curso. Era arquitecto, e filho de um pintor, que viveu o princípio do século em Paris e foi amigo daqueles pintores todos que conhecemos dos museus. Creio que era um bom arquitecto, mas para nós, era sobretudo uma pessoa fantástica, com um incrível sentido de humor.
Os casamentos foram memoráveis, como feéricas ocasióes festivas. Toda a gente se conhecia, e tudo nos era permitido! Tudo á vontade, naqueles salões compridos dos tios Reis.
Muito há a contar. Mas não hoje. Hei-de ir recordando, a pouco e pouco. Esta é a maneira de mantermos bem vivos na memória os nossos melhores amigos.O António pode contar comigo, dentro das minhas muitas limitações. Bem merecia uma cronista mais competente!
Devia ter começado por dizer quanto era comunicativo, inteligente e culto. Tinha, mais do que qualquer dos primos, um porte aristocrático, uma distinção natural, uma elegância (muito alto e magro, sempre, em qualquer idade!) em suma, um"charme", que lhe poderia ter aberto portas em Hollywood, se essa fosse - e obviamente não era! - a sua vocação. Um talento inegável para a música, de que falei, há tempos, na "crónica" do seu tio e meu avô Manuel: tocava os clássicos de ouvido. Creio que ensaiava no piano da Mª Angélica, que, ela, sim, deve ter aprendido, com professor, como era, então, mais comum para as meninas do que para os rapazes.
Tendo dito que a Amália era, e é, uma beleza rara, podem imaginar o casal que formavam, nesse inesquecivel dia do casamento, celebrado na Sé do Porto, com retrato de família nos claustros. Os meus pais foram os padrinhos do noivo.
Tão distantes na geografia das residências, mas sempre tão próximos numa relação que se baseia, para além dos laços de família, na alegria do convívio, que se procura no dia a dia, sempre que há uma oportunidade, na compreensão e na cumplicidade nas situações mais diversas em que a vida nos vai colocando e em que sabemos poder contar uns com os outros. Pessoas com quem nos apetece passar o máximo de tempo possível, a conversar, a ver tv ou a ouvir música, a deambular por aqui e ali, a almoçar e jantar num restaurante ou nas casa uns dos outros. Conhecemos bem os nossos respectivos feitios, idiossincrasias, histórias boas e menos boas, problemas, esperanças...
Somos membros de um "inner circle",que nós próprios traçámos, como queríamos.
E por isso digo: não é só o facto de sermos família que nos une, mas sim o facto de gostarmos de o ser e de tirarmos todo o partido de uma realidade, a que, evidentemente, como noutros casos acontece, poderíamos não dar a mesma "intensidade".
Quando a Amélia e o António viviam em Avintes, os encontros entre primos eram praticamente quotidianos!
Antes mesmo, quando eu era criança, iamos a casa dos Tios Reis, os pais do António, com muita frequência, de visita, tardes inteiras. Uma casa enorme, e cheia de mobílias antigas, que eu já então apreciava, mas, acima de tudo, acolhedora - com "bom astral", como dizem nas telenovelas. Os Tios eram divertidos. O ambiente era sempre de festa. Nos terrenos grandes, atrás (porque a casa ficava à face da estrada, ou melhor da Rua 5 de Outubro, que atravessa Avintes) havia flores, vinhas e, sobretudo animaizinhos,que eu adorava. Cães!. Para além dos cães da casa, os"pequinois" de impecável pedigree, criados pela Maria Angélica - alguns, não todos, capazes, de longe a longe, de impôr respeito a crianças irrequietas, mordendo um calcanhar ou um sapato...(acho que o mau era só o "Petit", um macho enormíssimo e lindo, importado de Inglaterra, o pai dos outros todos! )
O António casou tarde, mas valeu a pena esperar: A Amélia, que terá conhecido, se a memória não me atraiçoa, "na tropa", feita em Lisboa, era muito bonita e encantadora. Tornou-se imediatamente uma amiga especial.
Também a Maria Angélica casou já com trinta e tal ou quarenta anos e com um primo, dela e nosso : o Corinto (Marques). Igualmente primo do Chico ( outro Marques). Pertencia ao grupo deles , desde sempre. O único que em jovem, acabou o curso. Era arquitecto, e filho de um pintor, que viveu o princípio do século em Paris e foi amigo daqueles pintores todos que conhecemos dos museus. Creio que era um bom arquitecto, mas para nós, era sobretudo uma pessoa fantástica, com um incrível sentido de humor.
Os casamentos foram memoráveis, como feéricas ocasióes festivas. Toda a gente se conhecia, e tudo nos era permitido! Tudo á vontade, naqueles salões compridos dos tios Reis.
Muito há a contar. Mas não hoje. Hei-de ir recordando, a pouco e pouco. Esta é a maneira de mantermos bem vivos na memória os nossos melhores amigos.O António pode contar comigo, dentro das minhas muitas limitações. Bem merecia uma cronista mais competente!
Devia ter começado por dizer quanto era comunicativo, inteligente e culto. Tinha, mais do que qualquer dos primos, um porte aristocrático, uma distinção natural, uma elegância (muito alto e magro, sempre, em qualquer idade!) em suma, um"charme", que lhe poderia ter aberto portas em Hollywood, se essa fosse - e obviamente não era! - a sua vocação. Um talento inegável para a música, de que falei, há tempos, na "crónica" do seu tio e meu avô Manuel: tocava os clássicos de ouvido. Creio que ensaiava no piano da Mª Angélica, que, ela, sim, deve ter aprendido, com professor, como era, então, mais comum para as meninas do que para os rapazes.
Tendo dito que a Amália era, e é, uma beleza rara, podem imaginar o casal que formavam, nesse inesquecivel dia do casamento, celebrado na Sé do Porto, com retrato de família nos claustros. Os meus pais foram os padrinhos do noivo.