Numa das forografias que nos ofereceu deixou escrito no verso:
"Às minhas primas, para que nunca me esqueçam de mim".
É um desejo perfeitamente satisfeito, porque a lembramos constantemente. A sua alegria e vivacidade (perto de nós estava sempre bem disposta!), a sua "extroversão" tão própria dos Aguiares, que são, por natureza, comunicativos (pelo menos os que lembramos como "paradigma", pois haverá excepções, ou seja, Aguiares tristonhos, mas são poucos e não contam para este efeito). A Cristina era a 5ª essência das virtudes de saber estar e comunicar com o seu semelhante, português, alemão japonês...universal. Qualidades fantásticas no interior da família, mas, também, profissionalmente: enquanto trabalhou como gerente dos negócios do irmão António, no ramo da importação e comercialização de material fotográfico, máquinas, filmes (incluindo de uma marca já desaparecida a Adox, e ,ainda, canetas Montblanc e outras igualmente de Iª classe) fez sempre sucesso - pela competência e simpatia. Com ela vendas e lucros iam por aí acima!... Representava muitas vezes a firma, no estrangeiro. E o António - outro típico Aguiar, generoso, divertido, por sinal , mais parecido com o Avô António Aguiar, seu padrinho, do que qualquer dos filhos, segundo a própria Avó Maria nos afirmava - ficou desolado quando ela aceitou casar com um dos seus empregados alemães, o Ernst Lamb e partiu para a Alemanha, na qualidade de Frau Lamb, dona de casa. Uma perda absoluta, para a empresa,família - que só a revia no verão - e para ela, que não tinha vocação para se limitar a tratar de assuntos domésticos, nem gostava de viver como "emigrante, abastada, embora!
6 comentários:
Manela, a 3a foto foi tirada na foz? parece mesmo a zona do molhe!
Tens toda a razão: a foto foi mesmo tirada na Foz, num dia lindo, no verão de 1975. A Cristina convidou-nos para lanchar e levou-nos, a todas, de carro.
Eram as férias dela, à vontade - isto é, sem marido, que era muito possessivo e não gostava de partilhar as atenções dela com os ruidosos Aguiares... - com tempo para conviver com a família e as incontáveis amigas que tinha por todo o norte de Portugal.
A fotografia em que está junto a um sinal de trânsito foi tirada por mim em Dinkelsbühel, uma lindíssima vila antiga, das poucas que a guerra deixou intactas naquela região da Alemanha, não muito longe de Aalen, onde a Cristina e o Ernst viviam - num andar esplêndido, com uma varanda enorme, cheia de plantas e flores. Ajudei a Cristina a rega-las, muitas vezes, quando lá ficava.
Escolhia uma semana no verão para passar com ela, quando o Ernst não estava - de contrário não poderíamos passear tanto...
Ele era gerente - ou administrador? - da Rodenstock e fazia viagens frequentes para destinos longínquos, como o Japão.
As outras fotos são de um jantar em casa dos sogros.
Na da Foz - tirada pela minha Mãe, aparece a Rosinha, a irmã mais velha da Cristina, uma das tais muitas amigas e eu.
Note-se: o Ernst gostava de mim e eu gostava dele! Sempre me dei bem com alemães e ele não era excepção!
Por isso, às vezes, ía antes dele partir, um ou dois dias, para podermos conviver um pouco. Levava-nos, à Cristina e a mim, ao cinema, ao teatro, a jantar a óptimos restaurantes... Era muito divertido, falava bem português. Analisávamos, os três, a "revolução" do 25 Abril, depois que ela aconteceu e muitas outras situações de política internacional e, também, futebol, ou música. Interesses comuns! Afinidades!
Creio que eu era a sua Aguiar favorita: a única que o acompanhava num bife tártaro ou num prato de peixe crú, que o português normalmente abomina.
O António fez no blogue um comentário muito simpático - como quase todos os seus comentários - sobre a elegância das senhoras da família.
Pois bem,a Cristina era verdadeiramente elegante! O mais possível.
Sempre a vi vestida como um modelo.
E recordo-me de me ter dito que é fácil andar bem, quando se gasta muito dinheiro. O difícil era conseguir esse efeito (como ela conseguia!)com um guarda roupa relativamente reduzido.
A Cristina até dispunha do dinheiro mais do que suficiente para comprar dez vezes a roupa que tinha, mas era muito equilibrada e contra todos os exageros.
Inteligentemente elegante!
Boa cabeça, bom senso, bom gosto.
Estava, há pouco, a ler o jornal "O Jogo". Na 1ª página, uma grande mala carimbada com os símbolos do Mundial de futebol na RAS e dos campeonatos que o antecederam.
A olhar o malão de couro, logo me lembrei da Cristina.
Quando era jovem usava-se ainda encher a superfície das malas de viagens de autocolantes de hotéis.
E a Cristina, que era a pessoa mais viajada da família, em muitos e bons hotéis, oferecia-nos esses interessantes adornos, que usavamos abundantemente nas malas que levavamos para o colégio, ou para férias.
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