ANTÓNIO CARLOS PEREIRA DE AGUIAR
Nasceu a 20
de fevereiro de 1880. Foram padrinhos, António Castro Nogueira e
Maria Martins das Neves, um casal da Gandra
Um dos mais novo dos irmãos, desde o berço um menino muito bonito e esperto, foi sempre bom aluno. sempre cuidadoso com os seus livros e cadernos, com a sua roupa, e apresentação. Nos retratos coletivos, está, invariavelmente em pose, como se fosse candidato ao título de mais fotogénico e de mais bem vestido. Esse sei jeito não diminuiu pela vida fora.
Maria Antónia dizia: "O meu Pai era muito vaidoso com a sua aparência". Ela também, e proclamava-o com orgulho. Na sua opinião o contrário é que seria defeito...
Um dos mais novo dos irmãos, desde o berço um menino muito bonito e esperto, foi sempre bom aluno. sempre cuidadoso com os seus livros e cadernos, com a sua roupa, e apresentação. Nos retratos coletivos, está, invariavelmente em pose, como se fosse candidato ao título de mais fotogénico e de mais bem vestido. Esse sei jeito não diminuiu pela vida fora.
Maria Antónia dizia: "O meu Pai era muito vaidoso com a sua aparência". Ela também, e proclamava-o com orgulho. Na sua opinião o contrário é que seria defeito...
Podemos imaginar que sendo dos mais novos de tão larga prole, terá tido
"muitas mães e pais", nos progenitores e nos irmãos
muito mais velhos, Na verdade, alguns dos seus sobrinhos seriam quase da
mesma idade. Isso, porém, não parece tê-lo tornado mimado e caprichoso e talvez
explique a sua queda para "pregar partidas" benignas aos amigos e o
facto de não proferir, nunca, um palavrão, mesmo dos mais inofensivos -
caraterística que, ao caricaturar o seu perfil em jeito de adivinha, décadas
depois, um periódico da terra apontaria. Outra nota que ressaltariam: era
baixinho, com cerca de 1.60 m, como se adivinhava viria a ser, aos 15, 16,
anos, em vésperas de emigrar para o Brasil, sobretudo no grupo em que a
comparação se faz com três das irmãs, bastante mais altas (por acaso, as três,
embora também as houvesse de pequena estatura - Doroteia e Guiomar, por
exemplo. Mimos e cuidados não lhe abrandaram a determinação, a vontade de
estudar, de trabalhar, com rigor, duramente, se preciso fosse, para tirar o
máximo proveito dos seus talentos. Como manda o Evangelho... O Brasil servia
esses fins, e para os pais o deixaram ir. A insistência sua ou, sobretudo, influenciado
pelo irmão João?
João, então já lançado em altos voos, tinha apostado, anos antes, na
cooperação de Alfredo, que não conseguiu moldar à sua imagem.Talvez no mais
jovem dos Pereira de Aguiar visse todas as qualidades que àquele faltavam.
E, nesta segunda tentativa, não se enganou.
Dos
primeiros anos de António Carlos, longe de Gondomar, da sua Gandra tão querida,
não há peripécias que tenham chegado aos ouvidos dos descendentes. Nada,
absolutamente nada! Das pessoas felizes não há histórias. É de crer que sido
feliz, recebido, com alegria, em casa do irmão, ainda solteiro nesse ano de
1896, e que se tenha sentido sempre muito animado com a perspetiva de vencer no
"novo mundo". Era composto daquela matéria de que se fazem os grandes
viajantes, como a sua trajetória futura, de princípio a fim, evidenciaria. Não
há dúvida sobre a sua paixão pelo movimento, pelas travessias do oceano, pelas
incursões na costa brasileira ou africana, escolhendo carreiras de vapor, que
lhe permitiam ver terras novas, ou cruzando as fronteiras da Europa. Incansavelmente...
Trabalhou,
de início, com toda a certeza, para João, próspero proprietário de uma
joalharia, Pela ligação que cultivou, muito para além do círculo familiar, com
amigos de infância e com a vila, de onde viera, é a perfeita imagem daquele género
de emigrante, que, como dizia Jaime Cortesão, "levava a Pátria
consigo".
Cruzava,
como vimos, com regularidade, o Atlântico, e passava férias em São Cosme.
Certamente, não só férias, mas negócios também, de princípio os do irmão,
depois, os seus, à medida que se autonomizava. O mesmo duplo propósito seria o
motivo de visitas a outros países, como a Inglaterra
e a França. De um dos postais que de lá enviou, em 1909, justifica dar tão
sintéticas notícias pelos muitos "afazeres" que o ocupavam. Não se limitava,
pois, a subir à Torre Eifel, e a passeios a Versalhes, ao Bois de Boulogne, de
onde mandava postais. Provavelmente, os "afazeres" tinham a ver
com projetos seus e dos irmãos, João e Augusto, relacionados com a
internacionalização de negócios, parcerias na exportação/importação de jóias do
estrangeiro e de ouro e filigranas de Gondomar. (tudo suposições, mas a que
outras ocupações profissionais se poderia dedicar um joalheiro? )
António
Carlos, como o irmão João, continuou no Brasil, as melhores tradições da sua
terra e, não só, também as da sua família. Disso, creio que os seus
filhos não tinham uma perfeita noção. Embora a arte da ourivesaria e, em
especial, a da filigrana sejam um "ex-libris" de Gondomar, do lado
Barbosa e Ferreira Ramos os antepassados, apesar de gondomarenses, não estavam
ligados ao setor e, talvez por isso e pelo facto de terem convivido muito mais
com esses ramos da família (materna), não se viam, pelo ramos paterno, como
descendentes de uma longa linha de gente tão ligada à atividade que fizera a
fama de São Cosme. Viam o Pai como uma exceção até porque prosperara no
estrangeiro, e não em Portugal, mesmo depois do seu regresso definitivo.
Viam-no, pois, como empresário que escolhera aquele domínio, um pouco ao acaso,
podia ter escolhido qualquer outro. De resto, nos últimos anos, preparava a
entrada numa sociedade bancária e investira no mercado de capitais e no
imobiliário.
Mas, à
medida que se caminha no conhecimento do passado dos Pereira de Aguiar, os
registos vão mostrando o contrário., ou seja, uma
inesperada
preponderância de gente ligada à grande indústria local, ainda que em vestes e
dimensões diversas. Difícil, na maioria dos casos é, aliás, determinar se eram
fabricantes ou negociantes, empregados ou patrões, pequenos, medianos ou
abastados. O documento indica simplesmente a profissão, ourives...
Nos
mais próximos ascendentes de António Carlos, em linha reta, só há, mesmo,
ourives": o bisavô materno Pedro de França, pai da avó Anna, o primeiro
marido desta (que, por morte não lhe deixaram fortuna...), e, também, o
segundo, o maior e mais rico fabricante da vila, no seu tempo. A mãe casou
igualmente com um ourives, seu pai, Manuel de Aguiar, seu pai, ao que se julga,
filho de ourives...
António
Carlos integra-se nesta corrente, em parceria com o irmão e protetor, João. Não
dispomos de dados concretos sobre os seu negócio. Certo é quem em 1902, João
casou com uma jovem da alta burguesia, e, através dela, da sua família, poderá
ter optado por investir em outros setores.
António
Carlos, então com 22 anos e seis de experiência de trabalho comum com o irmão,
que nele depositava inteira confiança, ter-se-á
autonomizado,
arrendando casa própria e, talvez, o seu próprio estabelecimento, É de admitir
que João lhe tenha oferecido sociedade, e, poucos anos depois, trespassado a
sua parte na Joalharia Aguiar da Rua do Ouvidor. Em favor desta tese, vale o
facto de ambos fazerem gala no apelido "Aguiar" e, por isso,
anómalo teria sido o mais velho não o usar na denominação da sua firma. Tendo
essa denominação ficado ao dispor do mais novo, a hipótese do trespasse é a
mais razoável..
De João
Pereira de Aguiar não há qualquer notícia de visita a Gondomar, nem imagem em
reuniões de família. Não apreciaria as longas viagens marítimas, e terá feito
do irmão o incansável viajante (com certeza, voluntário!), o "relações
públicas", o intermediário de negócios, que envolveriam, também Augusto, o
dono da Joalharia Aguiar da Rua das Flores,.Sinais seguros da especial ligação
desse trio de irmãos há-os, no convívio que se sabe ter sempre existido, e na
correspondência trocada entre Augusto e os sobrinhos do Rio, ainda em 1930, e
entre Judith e Maria até aos anos 50 ou 60.
É por
recortes da imprensa de Gondomar, não por relatos orais, que tomámos
conhecimento de que António Aguiar não faltava na época da caça - desporto que,
pelo visto, o entusiasmava particularmente em São Cosme, porque ali tinha os
melhores companheiros para passeatas e convívios. Como alegre e sociável jovem
que era, juntava trabalho e diversão, também em Portugal, e em outros paíse da
Europa.
Com João aprendeu,
seguramente, os segredos de bem gerir. A diferença de idades era substancial, a
relação foi, decerto, mais do que fraterna, quase paternal/filial. Não se sabe
precisamente quando se tornou o dono da Joalharia Aguiar, mas, aos 28, na
altura em que se terá enamorado da futura mulher, era um pretendente
considerado muito rico. Milionário antes de atingir os 30, idade com que casou,
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