quarta-feira, 29 de julho de 2009

W114 - MARIA TERESA BARROS AGUIAR PEREIRA


Maria Teresa nasceu a 29 de Julho de 1961, na Ordem do Terço, às 7 da manhã (registada, seguidamente, em Gondomar, na Villa Maria, Rua Dr. António de Oliveira Salazar).
A primeira das meninas da Xaninha e do Tónio. Muito, muito loira e muito bonita. Serena e bem comportada. Tudo características que a haviam de acompanhar pela vida fora, até aos dias de hoje.

Na altura, não poderíamos ainda adivinhá-lo, mas depois de formada a família de sete crianças - os mais velhos vieram a este nosso mundo ao ritmo de um por ano, e os mais novos só ligeiramente mais espaçados... - verificava-se que tinha sido irrepetível. Ou seja, era singular, ou, se preferirem, única. Não apenas pela côr do cabelo, mas sobretudo por feitio e postura.
Sendo uma boa irmã dos outros, não parecia sê-lo. O contraste era completo, com a mana mais nova, Madalena ou Lélé. Um dia o Pai Tónio, numa gravação que eu estava a fazer, na Villa Maria, com o objectivo de a enviar, com um cartão de Natal para o nossoTio Zé, em Nova York, ao enumerar os novos sobrinhos que ele não conhecia pessoalmente sobre as meninas disse:
"Uma é a Nónó, que é muito mansinha, e a outra a Lélé, que é muito brava".
Notem o uso dos adjectivos...
Estas duas irmãs nada "siamesas" eram, porém, muito unidas - complementares! - entendiam-se maravilhosamente e vinham connosco para Espinho, em fins-de-semana longos, com frequência. Elas adoravam, andavam, mais ou menos, à solta, na praia ou na piscina, passeavam e saltavam na esplanada do "Palácio". Eram disciplinadas, obedientes - incluindo a "brava" - alegres e bem dispostas. Cantavam, dançavam. Davam um permanente espectáculo. Para nós, os meus pais e avós, e para mim, era sempre um prazer tê-las cá. Idem, quanto aos dois rapazes mais novos (vinham sempre dois a dois, sem mistura de sexos, não por "sexismo", mas porque eram as duplas que melhor se conjugavam na brincadeira), se bem que fossem um pouco menos exuberantes. O Jão-Jão era do género, mas mais narrador de histórias do que cantor (apesar de ser agora o músico nº1...) e o Carlinhos era tranquilo, todavia, mais de observar - e de fazer comentários pertinentes - do que de tomar o palco.
Se há dois Aguiar Pereira semelhantes, em certos aspectos, eles são a Nónó e o Carlos - ainda hoje, no que respeita a um sentido de equilíbrio e ponderação, que não é muito comum nos "Aguiar"...
Mas, depois de "entrar na briga", a Nónó, pelo menos então, era muito mais aguerrida. E comandante. Serena, sim, mas autoritária também - com diplomacia, evidentemente...
Sempre bem vestida, bem penteada (uma esplêndida cabeleira farta e comprida, de um loiro branco, com o sol de verão) com ar, digamos, naturalmente aristocrático, ao lado da irmã mal vestida, com as saias ponta acima, ponta abaixo, mal pentada, com um cabelinho fino e escorrido (mas, atenção, muito bonita, também, com olhos verdes grandes, expressivos e faíscantes!) e desageitadinha. A metamorfose em elegante mulher, que actualmente é, aconteceu anos e anos depois - acho, até, que só após o casamento...

A Nó sempre "destroçou" corações masculinos. Os pretendentes foram variados. De longe, claro, que ela não os deixava aproximar.
Veio a casar com um dos primeiros"pretendentes", que assumiu o interesse desde os tempos do colégio - o Helder, filho de uma das professoras.
Nessa época, já a Teresinha tinha acabado o seu curso de Direito, no Porto, e sido convidada por mim para ocupar o cargo de adjunta do gabinete, no Ministério dos Negócios Estrangeiros. O lugar vagou e lembrei-me dela, com o seu aspecto tão adequadamente "diplomático" . Em boa hora!

Revelou-se - digo isto com rigor, foi mesmo uma "revelação! - competentíssima, eficiente, rápida e simpática. Teve um mestre perfeito no Chefe de Gabinete, o Embaixador Jorge Preto.
Fez parte da minha última "equipa", do meu último gabinete, que foi o melhor!
Saí do governo, mas ela continuou. Foi convidada para a Delegação do Porto, e, mal chegou, o director partiu para férias e entrego-lhe a responsabilidade de tomar conta da "casa".

E ela não se atrapalhou - tudo nos conformes! Uma grande líder!
Daí saíu, quando concorreu a uma vaga no ICEP. Agora AICEP.
Julgo que não têm sabido aproveitar todas as suas qualidades profissionais. Talvez futuramente...
Do "curriculum" não profissional fazem parte dois filhos encantadores. Já constam do "Círculo":
O Tózinho e a Tété.
As histórias seguem dentro de minutos, horas ou dias, conforme a maior ou menor inspiração e diligência dos demais membros deste Círculo.
Para a Nónó, um abraço de parabéns (por ser como é)!


Manela
(former boss, forever friend)















16 comentários:

Rosa Maria Gayoso disse...

Teresinha um abraço de parabéns pelo seu aniversário. Não se preocupe com a idade que cada vez está mais bonita e estar cada vez mais bonita deve-se a eu e a Manela tomarmos muito bem conta de si quando era pequena.

Beijinhos

Rosa Maria

Anónimo disse...

Mnuela disse:
Exacto! Eras uma preciosa ajudante, Rosa Maria.
Com a Teresinha só, não era difícil, mas quando o número de meninos aumentava, aí, sim!
Anda cá, para recordarmos esses tempos, no próximo fim-de-semana. Neste vou para Chaves "em serviço".

Anónimo disse...

Manela disse: Ainda não o mencionei, mas a verdade é que a Nó foi a primeira pesoa da família - que eu saiba... - a ser capa de revista. Na STELLA!
Vestida de minhota, com o irmão Tó, nos jardins da Villa Maria.
E o Meu "ex" passava o tempo a fotografa-la. Achava-a uma Cathérine DENEUVE, em ponto pequeno

Isabel Aguiar disse...

Parabéns Nónó! assim lhe chamamos desde de pequena! Esta irmã é muito especial, até porque, após perdermos o papá foi ela que muito auxiliou a mãe na tarefa que tinha pela frente...criar sete!
Tornou-se rapidamente Mulher e tomou as rédeas!
Sempre a admirei pela sua beleza e inteligência!
Muito independente e algo "misteriosa"...aqui deixo o testemunho de um momento que hoje me faz rir; então foi assim, no dia seguinte ao seu casamento encontrei-a no nosso quarto da casa da Cónega e choramingava...perguntei-lhe o porquê...e ela respondeu-me: "o Helder quer que tenhamos uma conta conjunta e eu não acho nada bem"
ahahahah...hoje, quando me lembro desta frase dela, choro a rir...claro que tal lhe fazia muita confusão...pois ela era uma Mulher livre e independente!
um beijo grande
mana Bia

Maria Teresa Aguiar disse...

Minhas queridas,

Rosinha, Manela e Bia muito obrigada pela lembrança e vossas palavras.

Tentarei comentar, mais tarde.

Beijinhos
Nónó

Maria Manuela Aguiar disse...

Acho interessante o adjectivo que a Isabelinha encontrou para descrever a irmã mais velha: misteriosa.
Nunca o teria usado, em relação a ela.
"Reservada", "discreta", sim, porém, não proprimente
"misteriosa".
Mas eu conheci-a desde o berço, como criança tranquila e bem comportada, enquanto que para a Bia era a figura tutelar.
Uma das explicações possíveis para esta diversidade de pontos de vista.
Mas, pensando bem, dou razão à Isabelinha, com a sua perspicácia apurada na barra dos tribunais...
Há uma certa e surpreendente faceta esfíngica na Nónó.
Ela é, de todos os irmãos, a mais capaz de nos surpreender!
Os outros são muito mais extrovertidos (excepto o Carlinhos, nesse aspecto mais parecido com ela!), e, sobretudo, muito mais previsíveis.
Quando convidei a Nónó, recém licenciada em Direito, para o meu gabinete na Secretaria de Estado, depois da Maria José (também uma jurista saída dos bancos da Faculdade directamente para o MNE) ter "emigrado" para os EUA, estava à espera de uma adjunta muito "low-profile".
Foi uma autêntica revelação!
De dia para dia, ganhava à vontade, desenvoltura, descontracção!
Teve, é certo, um grande mestre no Embaixador Jorge Preto, mas o mérito é todo dela.
Rápida, eficaz e uma simpatia.
Notável revolução também no modo de vestir... Virou chique!
Misteriosa, sim!
Do que mais será capaz?

Maria Manuela Aguiar disse...

Numa família em que quase todos gostam de beber um bom copo de vinho - ou, melhor, um copo de vinho bom, às refeições - a Nónó e eu somos excepções.
Eu, em regra prescindo de bebidas e ela dá preferência a mistelas abomináveis, como coca-cola ou laranjada. Confesso o meu preconceito: só admito, à mesa de jantar, vinho ou àgua!
E tratei de a prevenir: em ocasiões dessas, em serviço, nada de mistelas. Só àgua, quando muito com gáz..
Entretanto estava em preparação o Conselho das Comunidades, que ía reunir no sul do Brasil, em Maringá. Na véspera da partida, uma das responsáveis escalada para partir fracassou numa qualquer missão e foi logo substituída - evidentemente.
Quem chamar? A Nónó, claro, que estava, ali, disponível!
Logo no 1º banquete, a mesa foi invadida por garrafas de guaraná, de sucos ( lá não é sumo, é suco...) variadíssimos, tropicalíssimos e até pela coca-cola.
E ela, muito divertida, servia-se à vontade, como toda a gente, e olhava para mim, como quem diz:
Vês? Aqui está quem me compreende!

Maria Manuela Aguiar disse...

Por falar em coca-cola. Muitos anos mais tarde, em viagem de férias (para ela), acompanhou-me aos EUA e ao Canadá.
Tivemos de fazer uma inesperada escala em Atlanta - à falta de outras ligações aéreas - e em apenas 24 horas vimos as coisas mais surpreendentes, inclusive na visita ao museu da Coca -Cola, com ilimitada oferta de bebidas.
Divertido e fascinante esse vislumbre do ambiente sulista, que nos encantou. Como os seus heróis, Luther King, Margareth Mitchell (E tudo o vento levou) ou Jimmy Carter...

António Aguiar disse...

A tia Nó está de facto sempre bem disposta e é muito simpática. É um prazer estar lá em casa, sinto-me como se estivesse na minha própria.
Um beijo

Maria Manuela Aguiar disse...

Curriculum breve:

Estudos

Toda a instrução primária e o liceu no Externato Camões (1967-1979).
Licenciatura em Direito pela Universidade Livre do Porto (198o-1986. curso concluído a 26 de Setembro de 1986.
Estágio de advocacia em Lisboa.
Tudo feito e bem feito, mas não entregou o trabalho final, que é indispensável para a inscrição na Ordem dos Advogados

Actividade profissional
1 - Adjunta da Secretária de Estado das Comunidades Portuguesas (24-10-1986 a 14 de Agosto de 1987). Chefe de Gabinete, Embaixador Jorge Preto.
2 - Assessora no Conselho das Comunidades Portuguesas - Rua do Passadiço. Secretário- Geral Dr. José Guerreiro. Outras colaboradoras: Ana Lúcia brigueiro e D. Amélia.
3 - Membro do Gabinete Jurídico da Secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas (Porto) - Directora, Drª Luísa Moreira.
4 - ICEP, desde 1 de Julho de 1989-
5 - Actualmente, AICEP. Não mudou de emprego. O emprego mudou de nome... (E já lá vão mais de 20 anos!).

Maria Manuela Aguiar disse...

Jurista bafejada pela sorte:
a Universidade Livre encerrou portas no mês seguinte ao da formatura da Nónó!
Muitos finalistas foram forçados a inscrever-se noutras faculdades, a fazer exames de equivalência, a perder o ano, visto que se encontravam em final de época. Foi simplesmente indecente.
Eu estava apenas no governo, noutra pasta, sem possibilidade de influir nas decisões do ME. Mas ainda levantei a voz, a pedido de algumas alunas do Porto, que me interpelaram. Não consegui nada. Valeu a intenção... Estava genuinamente com elas.`Acho que o governo Cavaco actuou muito mal, sem saber proteger jovens que pagavam propinas caras e não tinham culpa de coisa alguma...
Hoje quando fecham faculdades (a do Socrates, por ex,) salvaguardam os direitos dos alunos a transitar para outra faculdade - naturalmente!
É claro que me lembrava sempre do problema que a Nó poderia ter tido.
Uma boa máxima para um político:
pensar em todos os cidadãos, como se fossem família próxima. Todos, sem excepção!

Maria Manuela Aguiar disse...

Testemunha da primeira "entidade patronal":
Estava então no meu último governo e tinha a certeza de que não me iria manter por muito tempo. O governo era minoritário e eu, lá dentro, ainda mais minoritária. Isoladíssima!
O Ministro dos Neg. Estrangeiros, o chamado "petroleiro" (porque constava que costumava receber comissões em negócios de petróleo - nada de mau, excepto para um "MNE"...) e o Sec Estado, o "cacilheiro", detestavam-me e eu retribuía.
Assim, decidi, avisadamente, deixar que os mais competentes membros do meu gabinete escolhessem os seus caminhos de futuro. E eles lá foram!
Não me preocupei em escolher substitutos com larga experiência. Estava de coração ao largo...
Porque não apostar nos mais novos, nos que há muito queriam vir trabalhar comigo, mas eu receava que não dessem "conta do recado"? Trabalhar comigo é tudo menos fácil... Mas era tempo de facilitar.
Só neste contexto se compreende que desse um lugar de adjunta a uma tão recentemente diplomada jurista da extinta universidade livre.

Maria Manuela Aguiar disse...

O antigo chefe de gabinete, Carlos Correia, foi para Conselheiro Social em Paris, os Adjuntos para cidades igualmente cosmopolitas.
Entrou para o lugar de C Correia o Embaixador Jorge Preto, que vinha do Protocolo do Estado, de onde nunca nenhum diplomata brilhara no meu "team"... mau augúrio...
Um dos adjuntos, o Dr. Soares Marques era do PSD, e eu não gostava de pessoal político, que quase sempre traziam com eles a intriga política, a a outra era a garantidamente inexperienta Nónó...
Um trio que parecia votado ao fracasso, e que achava que poderia tolerar por escassos meses.
Oh, quanto me enganei!
Jorge Preto demonstrou ser absolutamente perfeito. Cultíssimo!
Um líder amável, seguro e competente. Dirigiu os adjuntos com mestria e transformou-os em amigos e colaboradores de classe "A"!
Foi o mais surpreendente, o melhor dos meus gabinetes. Não havia rivalidades, nem problemas, nem atrasos, nem distracções.
Eu até zarpei do Palácio das Necesssidades e fui exercer o meu controlo onde ele era preciso, junto dos serviços do Instituto de Emigração, na Valmor...

Maria Manuela Aguiar disse...

A Nó era, pois, um dos vértices desse triângulo esplendoroso, do meu "dream team"!
Quem diria?
Competente, simpática, popularíssima. Aprendeu o que tinha a aprender num ápice.
Ganhou lugar cativo em qualquer outro gabinete que me rodeasse futuramente. Só que não houve mais.
Pena ter surgido no último e não no 1º...

Maria Manuela Aguiar disse...

No Icep, não sei, mas na área da emigração tenho a certeza de que a Nónó se sentiu sempre admirada e estimada pelos sucessivos chefes directos. O Embaixador, o Zé Guerreiro (monárquicos, como ela!), e, no Porto, a Mª Luísa e o Jorge Oliveira.
Pediu transferência para o Porto no verão de 1988 e, como os chefes foram de férias, ficou logo à frente da Delegação.
Nesta fase, já era de prever que se saísse bem - como saíu!

Maria Manuela Aguiar disse...

Quanta gralha e má gramática em alguns dos meus comentários... Devia ter feito a revisão...