domingo, 11 de março de 2018

PRAÇA MANUEL GUEDES Comerciante, Republicano e Benemérito O coração cívico de Gondomar presta homenagem, dando nome à praça onde ficam situados os paços do concelho, a Manuel Guedes, um gondomarense ilustre, convicto republicano, comerciante e empreendedor. Até 1914, o local era conhecido como Largo da Quintã e foi na sessão de 2 de Junho desse ano que a “Exma. Câmara” toma conhecimento da oferta de duas placas com a nova designação. Fez-se a devida publicidade e, simultaneamente, os representantes locais da jovem República, prestavam tributo a um homem que se distinguiu, enquanto viveu, pelo grande amor à sua terra e às ideias republicanas, tendo morrido antes da implantação do novo regime. Filho de Joaquim Ferreira Ramos e de Ana Pereira, que viveram em S. Cosme, Manuel Guedes nasceu em Valbom, em 1829 e viveu, durante muito anos, no largo da Quintã, onde tinha uma grande casa comercial que, à boa maneira daqueles tempos, vendia de tudo. Tanto assim é que, quer Manuel Guedes quer o seu negócio, foram alvo da veia satírica de Manuel Damião de Castro, um poeta local da época, que assim exaltou o arrojado empreendimento: “Quintã hoje é uma vila, Em Portugal sem segunda, Ali o negócio brilha; Não foi nenhum farroupilha Que a pôs em tal altura; Fino sem ser bacharel Foi o nosso Manuel Que a pôs fora da lura. Ali carapuças há; Vende pão, café e chá; Vende arroz e olha cá: Pano cru vende e cotim; Caretas para o Entrudo; Loja que venda disto tudo Não há por aqui assim.” O edifício ainda existe, em visível mau estado, apesar da fidalga placa que o nomeia como Vila Leopoldina, nome de uma posterior proprietária. Foi aqui que decorreram muitas sessões camarárias, durante o tempo de construção dos actuais paços do concelho, entre 1899 e 1901, por empréstimo de uma vasta sala, e é aqui a sede do centenário Clube dos Caçadores de Gondomar. Voltando ao nosso Manuel Guedes, sabe-se que contribuiu para a promover a ligação entre S. Cosme e o Porto, provavelmente através de diligência. Nos últimos anos de vida fixou residência no Porto, onde veio a morrer. Mas, nem a morte o impediu de continuar a engrandecer a sua terra, como se percebe pelas actas da sessão da Câmara de 11 de Junho de 1914, onde Serafim Rosas, em nome de António Ferreira Ramos, filho de Manuel Guedes, informava que este gondomarense, em memória de seu pai, desejava que fossem instituídos dois prémios pecuniários, para serem distribuídos ao menino e à menina que maior classificação obtivesse no seu exame de instrução primária. Para o efeito, oferecia duas inscrições de 500$00 cada, a favor da Câmara que tomaria o compromisso de satisfazer as condições do legado com o rendimento anual das inscrições. Apesar dos poucos dados conhecidos sobre Manuel Guedes e a sua família, sabe-se que teve, pelo menos, nove irmãos, entre os quais Carolina Ferreira Ramos, casada com Joaquim Mendes Barboza, tabelião em Gondomar. Desta Carolina descendem José Barbosa Ramos, um outro gondomarense ilustre que dá, também, nome a uma rua da nossa terra e Maria Manuel Aguiar, jurista, várias vezes deputada na Assembleia da República pelo Partido Social Democrático, tendo integrado vários governos. Maria Manuela Aguiar recorda, num blogue pessoal, a casa onde nasceu, em Gondomar, pertencente à sua avó Maria Barboza Ramos, sobrinha neta do nosso Manuel Guedes, a entretanto demolida Vila Maria, onde passou boa parte da sua infância. Manuel Guedes foi pai do já mencionado António Ferreira Ramos, nascido em 1850, na freguesia de S. Cosme. Emigrou para o Brasil, tendo-se estabelecido no Rio de Janeiro e em 1888 casou com Berta Ortigão, em Lisboa, a filha mais nova do autor de “As Farpas”. Ficou a viver na capital e fez parte da sociedade que criou o Teatro Dona Amélia, actual São Luís. Como curiosidade, foi leiloada, recentemente, uma carta de Ramalho Ortigão, dirigida a este seu genro, onde refere: “Pelo Ministro dos Negócios Estrangeiros me foi ontem prometida para V. uma Commenda de Isabel la Catolica. Preferi uma Commenda porque os habitos não teem aspecto nenhum. (…) A de Isabel, em ouro é muito bonita. V. dirá se quer que eu lhe compre aqui uma”. De António Ferreira Ramos e Berta Ortigão descende o conhecido músico Rão Kyao, já que a sua avó foi uma das filhas deste casal, Maria Isabel Ortigão Ramos. Da figura que dá nome à praça mais emblemática da cidade de Gondomar, estava por descobrir a origem do apelido Guedes, uma vez que nem pais nem avôs o usam. A resposta foi-nos dada pelos assentos de baptismo, onde descobrimos uma ligação de Joaquim Ferreira Ramos, o pai de Manuel Guedes, com a família Meireles Guedes, que na primeira metade do século XIX foi proprietária da Quinta da Bouça Cova (dos Capuchinhos). Uma vez que vários elementos desta família foram padrinhos de baptismo de, pelo menos, três dos filhos de Joaquim, entre os quais o Manuel, é provável que este tenha assumido o apelido dos padrinhos, como era comum na altura. Ainda, relativamente, ao percurso de vida de Manuel Guedes, existem várias referências à sua ligação ao movimento republicano. Fala-nos disso Camilo de Oliveira, nos seus Apontamentos Monográficos e Maria Manuela Aguiar confirma as memórias dos “tios republicanos”. Mas é na sessão camarária de 4 de Abril de 1914 que o envolvimento de Manuel Guedes ao ideário republicano fica registado. Serafim Rosas (outro gondomarense que deu o nome a uma artéria) agradece a homenagem póstuma que “esta Câmara prestou à memória do grande gondomarense e republicano, Manuel Guedes, dando ao mais lindo local do concelho o nome Praça Manuel Guedes”. Esta decisão respondia à proposta feita pelo mesmíssimo Serafim Rosas, para se efectuar a referida homenagem, em 22 de janeiro de 1914, onde afirmava que “Manuel Guedes Ferreira Ramos, além de ter sido um dos mais intensos pugnadores dos interesses deste concelho, foi também um acérrimo defensor da democracia”. A estas eloquentes palavras, o cidadão presidente disse “que achava justa a homenagem que o munícipe Serafim Rosas advoga, porque o cidadão Manuel Guedes Ferreira Ramos mostrou-se sempre um defensor extremo dos interesses deste concelho e por sua iniciativa alguns melhoramentos se lhe deve”. Os elogios multiplicaram-se e o cidadão (a jovem república portuguesa estabelecia o tratamento igualitário de “cidadão” na administração pública) Gonçalves Correia afirmou que “ele, orador, não pode deixar de levantar a sua voz, para prestar a homenagem devida à memória de Manuel Guedes que afora a sua fé republicana, muito pugnou pelo levantamento e progresso deste concelho, podendo dizer-se que da sua iniciativa saiu o estabelecimento de carreiras entre a sede deste concelho e a cidade do Porto”. Findos os elogios, a Câmara, presidida por Ventura Martins de Castro, deliberou por unanimidade mudar o nome do largo da Quintã para Praça Manuel Guedes. É neste local que fica, para além dos edifícios já referidos, Câmara e Vila Leopoldina, um recuperado exemplar de uma casa de quinta característica da região, que, pela antiguidade merece a atenção das gentes de Gondomar. O mais antigo documento conhecido sobre a propriedade remonta a 1839, ano da venda da casa aos actuais proprietários. Num pedido de um registo de propriedade, em 1867, descreve-se assim o imóvel: “ Prédio que se compõe de casas sobradas, lojas, quinteiro, alpendre, eira e casa dela, casa para receber géneros com 3 andares, quintal, pomar, ramadas, engenho para extrair água, tanque, mina de água sita no lugar de Quintã, freguesia de S.Cosme, confronta do norte com a estrada pública(…). Valor de 3.000$000 é possuída pelo declarante”. A descrição permite-nos evocar o lugar em meados do século XIX, onde já passava uma estrada pública e se iniciava a arquitetura do coração de Gondomar, ali no sopé do Monte Crasto, antiga grande quinta (quintã), palco do empreendedorismo de Manuel Guedes e de outros gondomarenses ilustres, o local por onde passavam todas as novidades. C/ foto da Praça e dos edifícios mencionados e uma foto antiga do espaço. Legenda: O largo da Quintã, no século XIX, ainda não existia o actual edifício camarário mas se destacava a vila Leopoldina, nesta altura, casa comercial de Manuel Guedes. Manuel Guedes, um republicano e benemérito

sexta-feira, 9 de março de 2018

A FAMÍLIA AGUIAR/ PEREIRA DE FRANÇA - em Gondomar há séculos...

FAMÍLIA PEREIRA DE FRANÇA


 I Manuel Pereira (* Olival, 1746.12.15) = S. Cosme, 1772.09.28 Custódia de França (* S. Cosme 1747.09.13).
Tiveram:
 1 (II) Manuel (* São Cosme, 1774.12.08)
 2 (II) Maria Pereira de França (* São Cosme, 1776.11.04) = Manuel Pinto de Castro
 3 (II) Manuel (* São Cosme, 1779.05.05)
4 (II) Pedro Pereira de França (* São Cosme, 1781.09.27) = São Cosme, 1802.08.26 Maria Fernandes de Jesus (* São Cosme, 1781.11.03) que segue
 5 (II) Agostinho (* São Cosme, 1784.09.04)

 II Pedro Pereira de França (* São Cosme, 1781.09.27) = São Cosme, 1802.08.26 Maria Fernandes de Jesus (* São Cosme, 1781.11.03).
Tiveram:
 1 (III) Agostinho Pereira (* São Cosme, Pevidal, 1803.08.11)
 2 (III) Joaquim (* São Cosme, Pevidal, 1805.01.04)
 3 (III) José Pereira da Silva (* São Cosme, Pevidal, 1807.01.16)
4 (III) Maria 5 (III) Pedro († São Cosme, Pevidal, 1811.10.16)
6 (III) Ana Pereira (* São Cosme, Pevidal, 1813.03.23) = São Cosme, 1834.07.01 José Pinto dos Santos Garrido (Duas Igrejas, Castanheira de Cima), = São Cosme, 1851.06.28 João Moreira dos Santos (* Foz do Sousa, 1825.02.15)
7 (III) Miquelina Pereira (* São Cosme, Pevidal, 1815.07.13)
 8 (III) Vitória Pereira (* São Cosme, Pevidal, 1817.12.24)
 9 (III) Rosa (* São Cosme, Pevidal, 1819.10.31 - † São Cosme, Pevidal, 1820.07.13)
10 (III) Rosa (* São Cosme, Pevidal, 1821.07.30 - † São Cosme, Pevidal, 1821.07.31)
 11 (III) Jerónima Pereira (* São Cosme, Pevidal, 1822.07.15 - † São Cosme, Crasto, 1885.05.11)
12 (III) Pedro (* São Cosme, Pevidal, 1826.06.04 - † São Cosme, Pevidal, 1828.06.28)

 III Ana Pereira (* São Cosme, Pevidal, 1813.03.23) = São Cosme, 1834.07.01 José Pinto dos Santos Garrido (Duas Igrejas, Castanheira de Cima - † ?).
 Tiveram:
 1 (IV a) Rosa Pereira (* São Cosme, Gandra, 1840.02.12) = Manuel Pereira de Aguiar, ourives, que segue

 IV Rosa Pereira (* São Cosme, Gandra, 1840.02.12) = Manuel Pereira de Aguiar, ourives.
 Tiveram:
 1 (V) Maria (* São Cosme, 1861.01.02)
 2 (V) Camila (* São Cosme, 1863.02.08) … … x
(V) António Carlos Pereira de Aguiar = São Cosme, 1910.09.10 Maria da Conceição Barboza Ramos, que segue

 V António Carlos Pereira de Aguiar = São Cosme, 1910.09.10 Maria da Conceição Barboza Ramos. Tiveram
 y (VI) Maria Antónia Barboza Aguiar = São Cosme, 1941.11.01 João Fernandes Dias Moreira, que segue

 VI Maria Antónia Barboza Aguiar = São Cosme, 1941.11.01 João Fernandes Dias Moreira.
Tiveram z (
VI) Maria Manuela Aguiar Dias Moreira (* São Cosme, 1942.06.09)
VI) Maria Madalena Aguiar Dias Moreira (São Cosme, 1943.12.12)