quarta-feira, 24 de outubro de 2018

PAI - OS ÚLTIMOS DIAS 4 a7deabril 96


Maria Manuela Aguiar mariamanuelaaguiar@gmail.com

domingo, 21/10, 18:10 (há 3 dias)
para eu
1996

 ESPINHO, 5ª feira, 4 de abril

Vim de Lisboa no rápido da manhã. Às 2.00, lá estava o pai, o seu vulto familiar a dirigir-se para a minha carruagem, a pegar no meu pequeno saco de viagem, que trazia mais papeis do que roupa.
Foi há quase 22 anos. Ainda hoje sempre que parto ou chego à estação de Espinho sinto uma imensa saudade da sua companhia. Nunca me lembro de ter faltado a essas despedidas ou receções, que se repetiam todas as semanas. No curto trajeto, (muito mais curto do que o atual, que levou a estação da rua 15 para a 25) conversávamos animadamente, trocávamos as novidades mais ou menos rotineiras, Nesse dia terei contado as minhas histórias de Praga, de onde acabava de voltar de um seminário do Conselho da Europa. O almoço com a mãe foi breve. Já era tarde, saímos logo para tomar café. Café e cigarros, os seus vícios de estimação, Quis saber se gostava dos Camel Light, que tinha trazido do "free shop". Apesar de militante do anti-tabagismo. nunca deixava de lhe trazer um pacote de cigarros mais leves do que a sua marca habitual.
 Um erro, pois de certeza que os fumava a contra-gosto e faziam-lhe o mesmo mal.... Na verdade, só vale a pena dar prioridade ao vício sobre a saúde, para ter o máximo de prazer. 
O que achava dos Camel, fiquei sem saber, Não teria tempo de os experimentar, ainda estava a fumar maços de outro brando pacote dos meus, quando nos deixou.
Por associação de ideias, parou um momento para me mostrar o lado direito de uma gabardine nova.
 - "Olha o que me aconteceu - a cinza do cigarro caiu aqui e fez  este buraco. Parece.me que não tem conserto". 
 - "Oh Pai, não se preocupe com isso. Nem é preciso  tentar. É coisa tão pequena que não se vê, ainda por cima nesse sítio".
Não ficou muito convencido. Era definitivamente contra nódoas ou buracos na sua roupa e riscos nos seus carros, por menos visíveis que fossem. Dele herdei essa reação, que, contudo, nos automóveis suporto melhor (de tanto carro despreocupadamente amolgado que via em Paris, quando lá vivi).. Para o animar, disse-lhe que talvez não tivesse sido ele a causar o desastre, mas um incauto fumador ao seu lado, pois eu, que abomino cigarros, sofri desastre semelhante, há anos, num estimado fato de malha vermelho e cinzento - sem que pudesse pedir contas ao fumador distraído..
 Deixei-no no café do Sr Vieira (que eu chamava sempre assim, porque o seu nome na tabuleta era mau demais: "Ninho de amor" - o simpático Sr Vieira já recebera o café com a ambígua designação que se manteve, quando o trespassou, aó tendo mudado em 2018, há pouco tempo). O pai ficou entregue à leitura de jornais, ao café e aos cigarros, inimigos da sua tensão alta, e eu fui ao apartamento da esquina da rua 7 com a 64, onde embora eu não morasse, moravam muitos dos meus livros. Passei uma hora, ou talvez mais, em arrumações até ir ao reencontro do pai no Café Vieira. Já escurecia em Espinho. Quando cheguei, lia não os jornais, mas um dos  policiais de Patricia Wentworth, que eu descobrira num alfarrabista de Lisboa. Wentworth pertence à escola de Christie, que não fazia o género preferido do pai, mais apreciador de Raymond Chandler ou Ross MacDonald. e de Sara Paretsky, de quem eu lhe ofereci tudo o que saiu no mercado livreiro nacional.
Ou para ser simpático, ou porque lhe agradava mesmo, disse-me que estava a gostar, depois de umas quantas páginas a adaptar-se às originalidades de uma tradução brasileira´.
O serão dessa noite não teve nenhum ponto alto. Vimos juntos televisão, achámos, graça a "má lingua" ("noites da má língua", com Sousa Tavares e outros?). Depois, a mãe foi-se deitar, eu ainda lhe fiz companhia mais algum tempo. O pai, como de costume, deixou-se ficar no seu "maple" grande de linho inglês, em frente ao ecrã, a ver um filme, a ler ou a dormitar... até às duas ou três da manhã.

6ª feira, dia 5
Manhã no "Nosso Café", à conversa com as duas amigas da mãe, ambas farmacêuticas e donas de farmácias -  Maria do Rosário e  Margarida. 
Depois de tomado o café, o pai e eu subimos, vagarosamente, a Rua 19 para irmos à CGD levantar dinheiro, ele com a caderneta, eu com o cartão. Havia que tomar precauções, no longo feriado, as caixas multibancos esgotavam  muitas vezes. O pai comentou que tinha o cartão em casa e ainda não se servira dele. Já não voltamos ao café. Viemos para casa pela rua 16. A mãe chegou logo depois.
O Dr Espanhol recomendava ao pai que fizesse sempre uma sesta. Outro dos conselhos médicos que seguia pouco. Quando muito, adormecia em frente à televisão.  Nessa tarde, acordei-o, insistindo que fosse deitar-se uma hora.
- "Não, não! Agora já é tarde. Vou ao café". 
Partimos juntos, mas o pai não quis ir comigo ao cinema, ver um "Woody Allen". Sentou-se na sua mesa habitual  no "Vieira", enquanto segui para o Casino. Combinei passar no café, logo depois do cinema, mas dei a volta pela esplanada, em vez de atravessar logo para a rua 8 e encontrei o primo Alexandre (Toninho, em criança -  tem os dois nomes, António Alexandre e escolheu o menos comum). Já não o via há muito, demorei uns minutos e , quando cheguei ao café, o Sr Vieira disse.me o pai tinha saído há pouco, julgando que me tinha esquecido da nossa combinação..
Nessa noite o tema foi o futebol. Sempre um pouco pessimista, sobretudo em relação ao bem amado FCP, que era paixão  de infância, que soube transmitir-me, comentou:
 - "O campeonato ainda não está ganho e a equipa tem jogado mal"
Respondi com a minha absoluta certeza:
 - "Que  ideia, pai! Claro que ganha, tem meia dúzia de jogos para fazer dois ou três pontos!"
(bons tempos em que estávamos habituados a ser campeões a várias jornadas do fim...)
Outra preocupação eram as casas e campos de Avintes - como hoje são para mim. É o constante desconforto, pequenos problemas e não raramente, grandes despesas. As rendas dos caseiros não pagam os prejuízos. O pai queria ir lá falar com o Sr Pedro, que fazia o favor de arejar a casa do Paço e a da quinta da Pena, e de ver o que era preciso.
 - "Se não for hoje, vou lá na 2ª feira. Pode ser que o Helder. vá comigo. É preciso pintar a casa, arranjar algumas das janelas e dar uma solução à varanda.
Tinha morrido o caseiro que ocupava essa parte da casa mais degradada, mas a restante continuava ocupada, com rendas ridiculamente baixas.
Estávamos em tempo pascal, o Sr Pedro tinha um filho pequeno,  que como todas as crianças gostava de pequenos presentes. Fui à Rua 19, comprar uma lembrança .
(2ª feira seguinte, o dia do seu velório, em Gondomar...).
Em questão de obras, veio, de novo, à baile, a substituição da porta da minha garagem - mais uma aborrecida trivialidade.  Por porta automática, o especialista consultado pedira 100 contos. O pai considerava o preço excessivo . Era a terceira ou quarta vez que  que repensávamos o assunto. Repetiu a frase de sempre:  - "Sabes, acho demais!".
 Ao que  respondi: " Pode ser, mas não quero pensar mais nisso, Vamos chamar o homem"
 O pai preocupava-se demasiadamente com os meus problemas, pedia orçamentos, tentava conseguir o melhor e. por isso, hesitava, hesitava... 
Eu, sem ele, descuidei o ferrugento portão da garagem, ao longo de vinte anos. Só no ano passado tratei de o substituir... 
 A 6ª feira Santa, foi, assim, um dia tranquilo. Recordo que lhe pedi conselho sobre a hipótese  de comprar um faqueiro de prata promovido por uma daquelas empresas que acompanham o contrato de interessantes bónus. CoPor vezes mais interessantes do que o próprio objeto principal -   no caso a oferta  uma aparelhagem "hi-fi" apresentado dentro de uma cómoda, pequena e discreta,  para a qual tinha um lugar na sala... O pai não olhou para o bónus. mas, avisadamente, para a coisa em si. Era um faqueiro de prata com  o mínimo possível do precioso metal. Todo o conjunto pesava menos do que as 6 peças de um faqueiro a sério, que os pais me iam oferecendo de data festiva em data festiva. Desisti de imediato  do "hi-fi" e do seu apêndice...Foi a última vez que ele me salvou de engodos em que facilmente costumo cair....

Sábado, 7

O encontro habitual no "Nosso Café", com a Drª Margarida e o marido, e a Maria do Rosário , Um pequeno grupo, o que restava de tertúlias bem mais numerosas, o que nunca faltava nas manhãs de sábado. Tinha comigo a máquina fotográfica, com mais de 30 fotos tiradas  na semana anterior em Praga, durante um colóquio da Comissão das Migrações do Conselho da Europa, (a que,na altura, eu presidia). Praga é, a meu ver, uma das cidades mais bonitas da Europa, a par de São Petersburgo. Com pressa de mostrar a minha reportagem, ali acabei o rolo, que fui de seguida revelar à rua 23. As da República Checa são hoje as de nenhum relevo, preciosas são as de Espinho, as últimas do meu Pai. Numa delas, a ler atentamente o seu jornal. Nas outras, em conversa à mesa do café. 
A revelação foi rápida, ainda estivemos todos a admirar o esplendoroso barroco leste europeu, a famosa ponte e a sua estatuária. Ao que o pai menos dava importância era à sua própria imagem. Por sorte, captaram a realidade daqueles convívios, as coisas de que gostava, como o café - espaço, o café-bebida, a leitura, a fala com os amigos
A tarde foi, também, bem passada, com a visita da sobrinha Teresa, com o filho, o Tozinho, que considerava verdadeiramente o seu bisneto. Com ele brincava, infindavelmente, e estava sempre pronto a dar-lhe uma moeda para as tentadoras máquinas, que davam prémios envolvidos em bolas transparente, Nem sempre saia o que a criança desejava, caso em que tinha de continuar a abastece-lo de moedinhas. 
Nesse dia, estivemos em casa, a jogar dominó. Fiz as minhas filmagens de video, nas quais o pai só aparece fugidiamente, quando a mãe lhe pediu para ir a  compras (amêndoas e outras delícias pascais). Combinámos ir ter com ele, no regresso das compras, ao café Vieira, mas era tarde, não demorámos...Chegámos à rua 7 todos juntos e a Teresinha entrou no carro, para voltar a São Cosme. O pai estava muito preocupado, por a ver partir, ao volante de um robusto veículo, com um rapazinho de 4 anos atrás e à espera de uma menina, a dias de nascer. 
"Que impressão me faz vê-la assim sozinha, naquele estado, a conduzir o jeep até Gondomar".
Tranquilizei-o, ou, pelo menos, tentei:
"Ela não tem problemas, é toda despachada, adora guiar o jeep, bem mais seguro do que um carro pequeno"
Na verdade, a qualquer momento podia entrar em trabalho de parto. Aconteceu oito dias depois. Aos primeiros sintomas foi calmamente para a Ordem da Lapa e, mal chegou, a criancinha veio ao mundo sem mais espera. 
O resto do dia foi pacato, jantar, serão, conversas  banais, esquecidas..
Só me lembro de ter dado ao pai, como presente, uma gravata. De Praga vim via Orly , onde comprei três
 ou quatro gravatas, para o pai escolher. Nenhuma em tons de vermelho, que ele não usava. Era a sua única superstição. E não era coisa ligada ao futebol, embora  parecesse. O pai apontou para a mais tristonha, ás riscas pretas e azuis.. Comentei que era muito semelhante a tantas, guardadas no armário...Optou então por uma vistosa Cerruti 1881, em tons de azul e dourado. A Mãe discordou.
"Ele não vai usa-la, não é o género dele. Tu estás a influenciá-lo..."
Talvez, mas ele deixou-se influenciar, resistindo à pressão da mulher, em regra, a influência maior...Subiu as escadas e foi colocá-la junto da sua bela coleção de gravatas. Não a usou, de facto, não teve tempo. Só lhe restava um domingo . Nesse domingo, com um fato de tweed cinzento pôs a sua gravata preferida, de riscas verdes e azuis, que a mãe lhe tinha oferecido há muitos anos.

Domingo, 7

Foi à missa das 10.00, na capela da Senhora da Ajuda, como sempre,.Passou pelo café, leu o seu jornal e veio até casa. Encontrei-o apenas ao almoço. Tirei umas fotos à mãe, nas escadas, e descurei fotografa-lo. Achava as fotos reveladas na véspera boas recordações da efeméride, não me preocupei em guardar para a posteridade a sua imagem desse dia. Que pena!
Hoje, olho essa omissão como um prenúncio de partida..
No domingo de Páscoa era costume antigo estrearmos roupa. Para ir a Gondomar, eu usei um fato beige e branco e a mãe um conjunto de saia e casaco vermelho e preto, recém comprados, mas o pai levou o seu casaco cinza e a gravata, com que andava muitas vezes. A mãe e eu protestamos. Achámos que devia ir de fato completo, mais formal, para a reunião de família e o "compasso" em casa do Mário. Não conseguimos demovê-lo.
Tinha, na altura já o meu Peugeot 307, que gostava muito de guiar, apesar de não ter direção assistida. O pai foi busca-lo à garagem do prédio de apartamentos da rua 7, que é tão íngreme que eu nunca ousei usá-la...
E, depois do almoço da Olívia, lá partimos para Gondomar, eu munida da minha máquina de video, com que filmei mais de uma hora.

segunda-feira, 1 de outubro de 2018

MARIA EDUARDA AGUIAR DA FONSECA

Fui migrante desde criança dentro do país, antes de o ser, por alguns anos, noutros países e continentes. Nasci em 1945, em Paços de Ferreira, vivi no Ato Minho, em Trás-os Montes, na Beira Baixa, no Alentejo, em Lisboa, Londres, Luanda, Genebra e Paris. Fiz a escola primária na Freixeda (Mirandela) e no Sortelha. Depois, estudei nas cidades do Porto (distrito de origem da família) e em Setúbal. O meu pai era engenheiro de minas e onde o levava a profissão lá íamos nós, descobrindo as bonitas terras do "Portugal profundo".
A minha primeira experiência do estrangeiro foi em Inglaterra, Durante cerca de um ano trabalhei como "au pair" em casa de um casal de judeus muito simpáticos A principal tarefa era  tomar conta do filho, um menino de um, dois anos. A intenção era praticar o inglês - melhorei bastante, mas o meu ponto forte nunca será falar outras línguas.  
O primeiro emprego foi na Caixa Nacional de Doenças Profissionais, desde 1963. Pouco depois, o meu pai foi para Angola, para sd minas de ferro de Mombaça, perto de Malange. Era um apaixonado por África, as suas narrativas convenceram-me a fazer-lhe uma visita prolongada e acabei por ficar em Luanda três anos, com um bom emprego na Mobil. Sentia-me bem, tanto na cidade, como no interior. Passava muitos fins de semana na mina. Era zona de guerrilha, mas nunca nos aconteceu nada, O meu pai dava-se bem com os trabalhadores. Havia armas para defesa, mas estavam sempre guardadas, exceto quando serviam para irem todos juntos à caça. Voltei a Lisboa e à "Caixa", onde passei a ser secretária do presidente Dr António Leão. Em maio de 1974, o meu pai estava sozinho em Luanda, deixara Mombaça e chefiava o departamento de trânsito da Câmara, e eu decidi ir fazer-lhe companhia. Fui para lá num avião que poucos civis transportava - o grande movimento era em sentido contrário...Dessa segunda vez, fui hospedeira de terra de uma companhia de aviação. No início de 1975,  o pai e ele viemos para Lisboa, com a intenção de passar férias. Ele trazia apenas uma pequena mala, deixou o carro e o apartamento entregues à empregada. Mas já não tivemos condições para regressar.  Mais uma vez me aceitaram na "Caixa" como "filha pródiga"..
Em meados de 1983, fui destacada para o gabinete da Secretária de Estado da Emigração. O destacamento, convinha ao gabinete, era a única forma de conseguir colaboração a custo zero. Foi um trabalho diferente, menos burocrático, interessante - dei apoio, sobretudo, no sector cultural. Estive, por exemplo, na organização de exposições itinerantes e das coletâneas de diapositivos ("Quadrantes de Portugal), etambém na recolha de dados sobre as associações de todo o mundo, que formavam o Conselho das Comunidades (tarefa que não foi nada fácil). E até desenhei medalhas comemorativas. Lembro-me de ter feito uma só viagem como (única) acompanhante da Secretária de Estado, a Manuela Aguiar. Eu devia tratar dos programas, dos contactos locais, do check-in nos aviões e hotéis, etc, mas, como ela é muito impaciente, adiantava-se e despachava tudo. Depois, em Lisboa, queixou-se de que ela é que fizera de minha secretária... Não voltei a ser escolhida para missões dessa natureza. 
Em 1987, com licença sem vencimento da Caixa Nacional de Doenças Profissionais, pelo prazo máximo de três anos, fui para o consulado de Genebra, como chanceler, e, depois, a convite do Dr Carlos Correia, para Paris, mas optei por voltar ao cargo de origem, antes do termo do prazo limite dado pela "Caixa". Anos mais tarde, concorri para a Caixa Nacional de Pensões. Aí tive contacto com processos de pensões de emigrantes da Venezuela, verdadeiramente dramáticos, que, ao meu nível, queria mas não podia resolver.
Quando atingi a idade da reforma, comecei uma nova vida. Sempre gostei de fotografia, desenho, pintura, cinema. Em tempos tinha frequentado um curso da ARCO, em Lisboa. Dediquei-me, sobretudo, à pintura em acrílico, Além de exposições individuais, participei em várias coletivas, incluindo as duas primeiras Bienais de Mulheres d' Artes, em Espinho.

2 - Embora não estivesse inscrita como membro da AMM colaborei em duas exposições organizadas durante os congressos mundiais de 2011 (no Forum da Maia) e de 2013 (nos claustros da "Fundação Pro Dignitate")  e segui as várias intervenções desses congressos. Conheço quase todos os dirigentes da AMM e muitos dos seus associados, de quem sou amiga e admiradora, A Drª Rita Gomes foi sempre encantadora comigo, tanto enquanto trabalhei na emigração como depois. Lembro-me de que ,uma vez, a convidei para uma minha exposição de pintura em Oeiras e ela foi até lá dar-me um abraço, num táxi, que esperou bastante tempo para a trazer de volta a Lisboa.  
3 - Gosto da forma como a AMM procura chamar a atenção para as desigualdades e injustiças de sociedades, que no século XXI, ainda estão pouco consciente da perda que significa a desvalorização das capacidades das mulheres, e muito fechadas no que respeita às dificuldades de adaptação e de competição na carreira dos imigrantes e refugiados. 
Embora as minhas passagens por África e por alguns países da Europa não tenham sido muito longas, deixaram-me saudades (de Angola, sobretudo), muita simpatia por gente de outras culturas e deram-me a vontade de lutar pela maior aceitação mútua,
Aderir à AMM e participar mais ativamente nas suas iniciativas será uma oportunidade de me manter a par dos progressos ou da falta deles, neste campo, e uma forma de ser solidária com causas que valem a pena e com pessoas que trabalham por genuína vontade de ajudar os outros