quinta-feira, 3 de julho de 2025

SOBRE A FOTOBIOGRAFIA DA TIA MARIAZINHA Esta Fotobiografia, composta pela Manuela Aguiar sobre a Tia Mariazinha - a sua Mãe –, uma personalidade cheia que encheu as nossas vidas desde sempre, é um extraordinário e comovente documento por onde desfila a incrível sucessão dos nossos “passados”, das muitas pessoas que os preencheram e já partiram. Reflecte o calor e a alegria das reuniões familiares que festejavam um aniversário, um casamento, um batizado, ou que festejavam o simples e único prazer de estarmos juntos. Juntos para rirmos, para nos informarmos da vida de cada um, da saúde, dos sucessos e dos planos. Do centro deste turbilhão sentimental, emerge a Tia Mariazinha, ou Tia Giginha como a tratávamos desde muito pequenos. Aparece como uma senhora luminosa, irreverente, generosa, uma deliciosa companhia contagiante. Teve uma longa vida ensombrada pela perda da filha Lecas, quando esta completou vinte anos, que a deixou para sempre intimamente atónita, paralisada por tão profunda e irreparável injustiça. Muitos e muitos de nós a seguiram nesse calvário de saudade porque a Lecas não sai, nem sairá das nossas recordações. Mas a vida continuou. Não deixou que se perdesse o riso cristalino da Tia Giginha, nem as gargalhadas cúmplices com a Lolita - a irmã gémea -, nem o que trocavam de confidencias que só às duas diziam respeito. Irreverente, descia as escadas da sua casa encavalitada no corrimão, gostava do baloiço que tinha no jardim, provocava as jovens da família na tentativa de lhes arrancar segredos, brindava à vida sofregamente. A Fotobiografia faz uma eloquente demostração desta riqueza de vida, faz-nos revê-la enternecidamente entre tantos como o Tio João, o Tio David, o Tio Manuel, a Avó Maria, a Tia Lena, o Tono e o Mário… tantos e tantos com quem foi feliz. A seguir a estes vem outra geração, os mais novos que a vão guardar, que vão passar as suas histórias e vão sorrir sempre que o fizerem. Gostava do amarelo e de Chopin, que tocava ao piano. Do sobrinho Ernesto Fonseca, o Nestó