domingo, 1 de novembro de 2009

OS MEUS PAIS Casamento civil a 1 de Novembro

Em tempo pré-concordatário havia absoluta separação entre o casamento civil - primeiro - e casamento religioso, de seguida. Com um intervalo de duas ou três semanas.
Assim aconteceu com os meus pais. Em Gondomar só havia um táxi, que era do Alvarinho (pai do Alvarinho, marido da Sãozinho). Foi nesse carro que a Avó Maria, a Mãe e Pai rumaram a Quintã, para a cerimónia no registo civil.
O Conservador era um primo afastado chamado Jazelino. Muito delicado, beijava a mão da Avó, fazia vénias a menina Mª Antónia.
Pelo caminho, só viam gente vestida de preto, e ramos de flores brancas - a caminho do cemitério. Em Gondomar o dia de todos os Santos é também o dia dos fiéis defuntos. Mas a Mãe ia feliz. Via o casamento como ibertação!

3 comentários:

Maria Manuela Aguiar disse...

Ontem a Mãe estava muito divertida. Há uns tempos que não a víamos assim - para o que terá contribuído o mini "magusto urbano", que promoveu com umas deliciosas castanhas, as primeiras do ano, aqui em casa, e, sobretudo, com a jeropiga, que é o acompanhamento obrigatório.
Depois ela conta como era o verdadeiro magusto que a Avó Maria organizava na eira da quinta, no começo de Novembro.

Maria Manuela Aguiar disse...

Perguntei à Mãe se se lembrava do fato que levava no dia do casamento civil. Mas não, não se se lembrava,,,
Foi coisa sem impotância!
Do casamento católico, sim, está tudo na memória: o saia e casaco branco pérola, o chapéu, carteira, luvas e sapatos azul escuro.
A modista do Porto (alta costura) chamava-se Dolores. O chapéu saiu das mãos da Dona Rosa, também do Porto.

Maria Manuela Aguiar disse...

E, depois, ao jantar, a Mãe começou a recordar o verão desse ano de 1941, as férias em Branzêlo.
Porquè Branzêlo em Agosto, quando costumavam arrender casa na Foz, perto do mar?
Resposta: porque a Tia Lena estava ainda doente ou convalescente e o médico aconselhou os ares da serra ou dos pinheirais em vez dos da praia.
Um grande amigo dos Tios Barboza, chamado Novais da Cunha, tinha uma bela quinta nessa terra duriense e ofereceu-lhes a casa. Uma espécie de turismo de habitação - ao tempo gracioso, evidentemente.
A casa era enorme, com muitos quartos. Levaram amigas, como a Alda, prima do Pai.
O Pai passava lá os fins da semana, mas numa simpática casa de lavoura de outra hospitaleira família branzelense (porque já tinha o seu 1º emprego, na Câmara de Gaia). Mais género "turismo rural",,,
Foi um verão sensacional! Há muitas fotografias a documenta-lo.
A grande guerra era longe. É coisa que a Mãe nem refere,,,