domingo, 18 de abril de 2010

W162 - Histórias de MONÁRQUICOS E REPUBLICANOS (das nossas famílias!)

Nas nossas famílias, em cada um dos ramos, em cada tempo, tal como no país, as posições políticas foram, em regra, diversas. Por vezes opostas.
Não há problema nisso. Vamos tentar compreender essas diferenças e aceitá-las. E registar o que delas sabemos, para que conste. Para que as histórias - algumas bem divertidas, pelo menos agora, à distância - não sejam esquecidas. E até podemos acrescentar-lhes as do nosso tempo!

3 comentários:

Rosa Maria Gayoso disse...

Conforme prometido vou contar a história do meu Bisavô paterno José Maria Lopes e do seu “famoso tesouro”. O meu bisavô era um fervoroso Liberal fiel à causa do Rei D. Pedro IV, por isso quando as lutas com D. Miguel começaram, deixou mulher e filhos em Ovar e rumou aos Açores para se juntar e ajudar o seu querido Rei. Acompanhou-o no desembarque do Mindelo, ou seja, de Pampelido, e lutou ao lado dele no cerco do Porto. Acabada a guerra regressou a Ovar. No entanto a Rainha D Maria II enviou-lhe uma Carta Regia com a sua assinatura e lacrada com as armas reais onde agradece “os bons serviços prestados a seu Pai e como recompensa o nomeia Contador Mor da Comarca”. Ainda hoje essa Carta Regia se encontra em meu poder.
Este é o primeiro capítulo da História do meu Bisavô. A história do seu famoso tesouro em dobrões de ouro e as buscas inglórias efectuadas pelo Zé ficam para o segundo capítulo.

Rosa Maria Gayoso disse...

Em Ovar dizia-se que o meu Bisavô José Maria Lopes antes de ir para a guerra tinha escondido as suas economias em dobrões de ouro algures na sua casa de S. Pedro. Na família ninguém acreditou. O meu Pai nascido e criado naquela casa de que ele conhecia todos os cantos nunca encontrou nada. Porém quando casei com o Zé, ele acreditou piamente no tesouro. Comprou um detector de metais e ei-lo feliz a correr a casa toda a procura do tesouro. Só que o detector piava em todo o lado e o Zé fazia logo um buraco a procura. Um dia no sótão levantou metros de soalho para encontrar a tampa enferrujada de um balde velho, Outra vez descobriu também uma portinha pequena meteu-se por lá e enfiou por um buraco que ia ter a clarabóia das escadas principais. Tive que leva-lo ao hospital de Ovar com um dedo do pé num estado tal que teve que levar pontos. Mas não desistiu. Subiu à chaminé. Meteu-se por um buraco onde guardavam a lenha e quase que não conseguia sair. Finalmente na adega depois de abrir dúzias de buracos encontrou num enorme buraco da parede um punhal com o cabo de marfim e prata com as iniciais JML, diversas moedas antigas de prata cunhadas por D João VI e D. Maria II, restos de uma peça de vidro coalhado vermelho …e de dobrões nada. Ainda foi pelo buraco que parecia um pequeno túnel mas quando rebentou a parede do fim do túnel estava na casa onde dormiam as galinhas. Já cansado de tantas buscas infrutíferas o Zé desistiu mas ainda hoje as vezes fala no tesouro.

Maria Manuela Aguiar disse...

Muito me diverti a ler estas tuas históris!
Eu, na família só tenho presos políticos republicanos!
Alguns até tiravam fotografias no Aljube, conversando amenamente com correlegionários e companheiros de infortúnio, como se estivessem de férias, num hotel.
As fotos tinham anorações manuscritas:
O António no Aljube.
O Alberto no Aljube.

Os outros eram activistas, mas não tanto.
O Tio António (estou a falar de um Tio Avô materno, do ramo Mendes Barboza) até consegui ser degredado para Àfrica, no tempo do Sidónio - e regressou próspero!