sábado, 9 de outubro de 2010

W187 - O MEU AVÔ MANUEL

A 9 de Outubro de 2010 ele faria anos 120 anos. Ninguém vive tanto tempo, excepto na lembrança dos outros.
Na minha memória, este querido Avô continuará como o vi ao longo dos anos, quase sem envelhecer! Vigoroso, atlético, caminhando com o seu passo rápido... Conservando o seu inalterável gosto pelo cinema, pelo teatro, pela música. Pela conversa, à mesa do café... A contar histórias antigas, com uma infinidade de detalhes! Atento ao desporto, à política, interessado pelo que acontecia à sua volta. Um espírito sempre jovem. É verdade - não envelheceu nem física nem intelectualmente. Tinha mais de 80 anos, quando um AVC o deixou, mas apenas por poucas semanas, paralisado. Parecia ter uns 60 anos, no máximo... E manteve-se lúcido, completamente lúcido, até ao último dia.
Por muito importante que ele fosse e ainda seja para mim, tenho a certeza de que eu fui ainda mais importante para ele. Mais para ele do que para qualquer outra pessoa à face da terra.
Desde criança que eu sabia e toda a gente sabia a esperança que ele punha em mim para realizar os sonhos que ele sonhava para a neta...
Quanto do meu "feminismo", da minha vontade de afirmação para além do que era o destino comum das mulheres da família (e do país...) não se deve ao incentivo e às manifestas expectativas deste Avô?
Sempre teve sobre mim mais certezas do que eu tinha, é claro!
Nunca me passou pela cabeça não ter uma carreira profissional, como não passava pela cabeça do meu Avô - ou, também, pela do meu pai.
Quantas meninas do meu tempo poderiam dizer o mesmo?
Curiosamente, se influência houve na minha atitude de sempre face a estudos e perspectivas de profissão, ela foi muito mais exercida pelos homens do que pelas mulheres da família Moreira ou Aguiar ou Capela...
Quanto à política, idem, idem...
O inesperado chamamento à intervenção neste campo, já não é do tempo do Avô, que morreu em Novembro de 1971. Mas não tenho dúvida sobre o entusiasmo com que teria acompanhado as peripécias que me levaram às 7 partidas do mundo. Isso aconteceu com o meu Pai, com ele aconteceria a dobrar!

7 comentários:

Maria Manuela Aguiar disse...

UMA DAS PROFISSÓES QUE ELE ANTECIPAVA PARA MIM ERA A DE JORNALISTA OU LOCUTORA!
ACHAVA QUE EU TINHA UMA BELA DICÇÃO E A FACILIDADE DE EXPRESSÃO
NECESSÁRIA...

Maria Manuela Aguiar disse...

A SUA SÚBITA INCAPACITAÇÃO E MORTE FOI UM ENORME CHOQUE !
ACREDITAVA, TAL COMO ELE MESMO, QUE AINDA TERIA MUITOS ANOS PELA FRENTE. RECORDO-ME DE ELE FAZER PREVISÕES OPTIMISTAS, COM BASE NA HEREDITARIEDADE...
O BISAVÔ DIAS MOREIRA MORREU NA CASA DOS 80 E A BISAVÓ QUITÉRIA FRANCISCA AOS 94 ANOS!

Maria Manuela Aguiar disse...

Parece que estou a vê-lo no seu quarto, em Avintes, a ouvir música.
Tinha sempre rádios, com excelente som. Era exigentíssimo e tinha muito bom ouvido.
Quando comprava um novo fazia experimentação, isto é, trazia o aparelho à experiência. Se não o satisfizesse, trocava por outro melhor...
O vendedor era um amigo, com estabelecimento no Porto. Ali para os lados do Teatro São João. Fui lá algumas vezes. Não percebia a preocupação do meu Avô, que ligava um aparelho atrás de outro.... Para mim os rádios eram todos iguais, em matéria de qualidade - serviam desde que não fizessem ruídos extra música...

Maria Manuela Aguiar disse...

acrescento que o Avô tinha talentos musicais, que me escapam...
Tocava, de ouvido, sem nunca ter aprendido, vários instrumentos.
Por exemplo, acordeão ou concertina.

Maria Manuela Aguiar disse...

Nesse lado da família, outro caso fantástico de vocação musical era o António Reis (filho da irmão do Avô - a tia Francisca).
Tocava música clássica, ao piano, de ouvido.
Melhor do a irmã Mª Angélica, que teve lições de piano, como todas as meninas prendadas dessa época.
Não sei o que neste domínio se passou com as gerações anteriores.
Talentos artísticos na família da Bisavó não faltavam, mas no campo da arquitectura, do desenho, das artes plásticas. Na música, possivelmente também, mas não há registo.

Maria Manuela Aguiar disse...

Sucessivas gerações de MARQUES, descendentes da Tia Esperança, irmã da Bisavó, distinguiram-se nesse domínio das artes.
Os últimos são os filhos do Chico, a Esperancinha Marques e o António. Desenhadores telentosos, ainda que sem conseguirem, até à data, a notoriedade dos antepassados.

Maria Manuela Aguiar disse...

Sei muito pouco da família Dias Moreira. Não faltam parentes desconhecidos desse ramo. Primos. Um dos antigos abades de Avintes, e o irmão dele, que foi vice-reitor da Universidade do Porto, ambos muito simpáticos, foram dos poucos que conheci. Porque eles sabiam da existência dessa ligação familiar e me falaram dela.