terça-feira, 16 de dezembro de 2008

W51 - ANTÓNIO MANUEL SOARES DE ALBERGARIA REIS


O António Manuel Soares de Albergaria Reis nasceu em Avintes, em 16 de Dezembro de 1960.
Pelos apelidos não transparece o nosso parentesco, mas a verdade é que somos os dois únicosbisnetos de João Dias Moreira, o tal mítico antepassado, que comprou 99 propriedades, ao longo da sua vida e se tornou um dos mais progressistas e ricos "lavradores" de Gaia. Falei do Tó Mané no pequeno apontamento sobre o Avô Manuel, referindo a sua interessante declaração de que quer recuperar a tradição empresarial da família, perdida em várias gerações.Está dando boas provas disso, lá longe, no Canadá, para onde emigrou com os pais, aos 8 anos.
É o neto da Tia Francisca Dias de Oliveira Reis (irmã do Avô Manuel), o filho do António Dias de Oliveira Reis e de Amélia Soares de Albergaria. O apelido que poderíamos ter em comum era o "Dias", como se vê. Não temos, coisa sem importância nenhuma. Sempre tive uma predilecção por ele. Sou bastante mais velha - andei com ele ao colo. Estamos na mesma linha, na árvore geneológica. A diferença de idades explica-se pelo facto de o meu Pai ter casado muito novo, e o dele anos depois. Enquanto a Lecas e eu nascemos no início da vida dos pais em comum, ele veio ao mundo, quando já nem se esperava que viesse, ao fim de 5 ou 6 anos de um matrimónio, de qualquer modo feliz. A Amélia e o António formavam um par, que parecia saído de um filme (penso sempre isto, quando recordo nessa época). Eram bonitos, altos, "glamorosos". E entendiam-se maravilhosamente. Mais pareciam namorados do que marido e mulher. Era, certamente, assim que eu os via, quando tinha 14 ou 15 anos. Modelos de elegância e de simpatia.
O filho, acolhido com um enorme entusiasmo, só podia ser o mais bonito dos bebés, e era. Desde o primeiro dia, o que é raríssimo, como se sabe... E precoce, inteligente. Estou a vê-lo, com cerca de um ano, na minha casa, no Porto, a "descobrir" o funcionamento de um interruptor. Pressionava, a luz abria e ele exclamava: "acende"(ou melhor,"achende"...). Tornava a pressionar, fechava a luz e ele dizia-me: "apaga". Repetiu a operação e os comentários, mais de 20 vezes, como quem testa uma experiência científica. E a brincadeira só terminou, porque eu já temia pelo interruptor. Neste episódio da vida quotidiana, que me ficou especialmente gravado na memória, para além dos dotes "oratórios", notáveis para a idade, sobressaía outra qualidade que o caracteriza: a persistência! Ou mesmo teimosia... Era um pequeno fenómeno e muito simpático. Sempre soube fazer amigos. Ainda hoje mantem as amizades desse tempo da 1ª e 2ª classes da escola primária de Avintes.
Foi com tristeza que o vimos ir para tão longe, com os pais. Para Toronto. Notícias não nos faltavam. Fomos acompanhando a adaptação dos três, ao novo país.
O Tó Mané conseguiu, o que não nos surpreendeu demais, uma adaptação tão boa, que, em vez de perder um ano, adiantou um ano! Em resultado dos testes que realizou, sobretudo em matemática. Mas também na língua não teve problemas. Tornou-se um poliglota. Fala na perfeição, pelo menos, o inglês, o português e o francês (e não pensem que, naquele país, todos são bilingues: na parte anglófona não são - ele é uma excepção).
Foi um aluno excelente e um grande desportista, das mais diversas modalidades: futebol americano, hóquei sobre o gelo, sky, rugby, etc. No futebol americano, foi uma estrela dos campeonatos universitários, com o que ganhou sucessivas bolsas de estudo. Pensava na profissionalização.
Chegou a ir para uma universidade da Califórnia, ainda com esse projecto, que não agradava aos pais (o que é natural, pois partiram-lhe o nariz, e um braço, entre lesões menores - e ele era do tipo de atletas que, mesmo de nariz partido, não saía de campo, voluntariamente...). Quando, por fim, resolveu mudar de vida, e estudar mais do que competir nos estádios, acabou rapidamente a licenciatura e, depois, o "master". Durante um semestre, em que frequentou, em Paris, uma universidade que lhe dava equivalência, tornou-se modelo de "griffes"de renome, não me lembro quais, e não tenho à mão as revistas em que ele aparece (embora as tenha nos meus abundantes e desorganizados arquivos), com o seu natural"charme".
O seu primeiro emprego foi, curiosamente, no sector da política, como assessor do primeiro ministro do Ontário, na altura, ainda, do Partido Conservador. Esteve dentro da política, sem ser político, e não ficou fascinado com os jogos de "Poder"... Acho que foi o primeiro luso-canadiano em semelhante posição, e que se ocupava, talvez entre outras coisas, dos assuntos étnicos.
Durante uma visita que fiz a Toronto, como Secretária de Estado, por ocasião de uma reunião regional do Conselho das Comunidades, o Ministro da Imigração do Ontário, Tony Ruprecht, ofereceu-me um jantar de gala, num grande hotel, com muitas presenças da comunidade portuguesa . Com espanto, encontrei, em lugar do maior destaque, como enviado do Primeiro Ministro, o meu Primo!
Momento para pensar no bisavô Dias Moreira, que ali tinha os bisnetos, uma como membro do governo de Portugal, o outro como representeante do governo canadiano
Não sei se foi antes ou depois desta data que ele realizou outro projecto absolutamente insólito, uma espécie de Missão Impossível, ou só possível para quem não desiste nunca, perante os obstáculos - e quanto maiores, melhor. Propôs-se representar Portugal nos Jogos Olímpicos de Inverno, em "bobsleigh" (aqueles "bólides"que deslizam a velocidade vertiginosa, arrepiante, por estreitas pistas de neve). Eu tentei dissuadi-lo da arriscada aventura. E estava, realmente, convencida que não conseguiria qualquer apoio, neste país, para um desporto de que ninguém sabia coisa alguma. Mas ele não desanimou - desanimar não é o seu género. Dei-lhe um ipequeno cartão de apresentação para os dirigentes do Comité Olímpico. Nem podia proceder de outro modo, porque um (ou uma) Secretário(a) de Estado da Emigração existe para lutar pela igualdade de tratamento dos que vivem no estrangeiro...
Conclusão: foi o porta-bandeira de Portugal, assegurou-nos uma inédita presença nesses Jogos. E, mesmo com um carro sem a qualidade mínima necessária para chegar às medalhas, ele e a sua equipa finalizaram a prova, como exige o espírito olímpico.
Porém, de todas as glórias do António Manuel - em Toronto, Tony Reis - a maior chama-se Chloe Angelica Randle-Reis. A sua filha, a única trineta do meu bisavô de Avintes. Ela é um encanto e um verdadeiro prodígio .
Manela

PS. No regresso de Montreal, fiquei em Toronto, dois dias, há pouco, em fins deMarço de 2009.
Pela primeira vez, sem o António - a lembrar-me, constantemente, de tantas visitas anteriores, tantos encontros, sempre a correr, com programas que pouco tempo deixavam para convívio, mesmo quando ficava lá, em casa da Amélia e do António. E a paciência que ele tinha, para andar comigo por todo o lado! Tal como NY está definitivamente ligada à memória do Tio Zé, Toronto está-o à do António. É difícil imaginá-las sem eles. O passado parece mais presente do que o presente.
No meio de agendas complicadas, , a Amélia, o Tó Mané, a Chloe e eu conseguimos tempo para um almoço.
Fiquei admirada, ao saber que a Chloe já anda a preparar a ida para a universidade, e põe a hipótese de entrar na McGill, em Montreal. Com as notas que vem tirando, pode escolher à vontade!
Foi, recentemente, convidada para participar num "meeting" internacional na Universidade de Yale, com centenas de jovens da sua idade, e esteve na propositura das duas únicas moções que foram aprovadas! Confirma as expectativas mais elevadas, as esperanças que nela estão postas!
Aqui deixo imagens dessa reunião familiar. E , também, da visita a Espinho, em 2006.









































5 comentários:

Maria Teresa Aguiar disse...

Tó Mané,

Muitos parabéns.

Beijinhos da prima, emprestada,
Teresinha

MA disse...

Olá Tó Mané
Beijinhos de Parabéns para ti…
E um grande beijinho para a tua Mãe e para a tua Filha. Diz à tua Mãe que tenho muitas boas recordações dos dias que passei com os teus Pais aí em Toronto e recordo especialmente a ida às Cataratas do Niágara (Niagara Falls)... Que dia inesquecível em tão boa companhia…
Bjs e saudades
Manelinha (júnior)

Maria Manuela Aguiar disse...

O Tó Mané pisou, aos 20 e tal anos, as "passerelles" de Paris, mas a Chloe começou muito mais cedo a ganhar fama nos ecrãs de televisão. Era bébé de 8 ou 9 meses quando fez o 1º anúncio televisivo! E depois continuou por vários anos a passar à frente de todas as outras crinças, nos testes, e a ser escolhida para o desempenho de papéis de menina bonita e inteligente, que é o que ela é, na verdade. E, nalguns casos, permitia-se improvisar, sempre bem. Lembro-me do episódio do "spot" publicitário a um sabonete, em que , com os improvisos, aumentou o seu tempo de antena. O programa foi assim para o ar, mas pouco depois, um director da empresa dos sabonetes achou que o anúncio parecia mais de publicidade à Chloe do que ao produto, e mandou cortar a parte em que ela brincava com pai(o pai no anúncio...). O pior, ou melhor, é que as sondagens mostraram que o impacto mediático do anúncio diminuiu...E foi logo reposta a versão original.

Maria Manuela Aguiar disse...

Graça Guedes não disse, mas digo eu: Quando ela foi a Toronto, como enviada da Secretaria de Estado da Emigração para divulgar os jogos tradicionais e o bom folclore, o Tó Mané foi o seu "cicerone" não oficial, mostrando-lhe a cidade e arredores. E, claro, quis que ela subisse à famosa torre, num elevador fantástico, que faz a longa viagem em poucos segundos. Mas a Graça, que tem vertigens, quis saber, previamente, se o elevador tinha vista para e exterior - caso em que ela declinava o convite - ou não. "Não", garatiu ele, que não é pessoa para condescender com tais fraquezas. E, depois, com as amplas vista do elevador envidraçado, quase teve de assistir a um desmaio...

Maria Manuela Aguiar disse...

A última vez que estive em casa do Tó Mané, em Burligton, foi com a Nónó. Pernoitamos lá. Eu no quarto da Chloe, muito bem decorado, ao gosto dela, que, na altura, devia ter uns 10 anos apenas. No dia seguinte, almoçamos num simpático restaurante, em Hamilton, e, depois, demos um belo passeio no lago no barco dele (um pequeno iate, com uma suite, mini-cozinha e casa de banho, no "porão"). Fomos surpreendidos por uma ameaça fulminante de aguaceiros, e, enquanto a Nó e ele se apressavam a colocar a cobertura, fiquei eu ao volante. E não houve desastre... Foram momentos muito bons. A casa dele é fabulosa, com um jardim que desce, em patamares, até ao lago. E, a meio, uma grande piscina. Mas o melhor de tudo é mesmo a simpatia do meu primo.