segunda-feira, 18 de maio de 2009

W89 - ARLETE FRANCO PINHEIRO GAYOSO DE PENHA GARCIA E MOURA LOPES



Arlete Franco Pinheiro Gayoso de Penha Garcia e Moura Lopes nasceu em Ovar no dia 18 de Maio de 1910, filha de António Gayoso de Penha Garcia e de Rosa Franco Pinheiro Gayoso. a mais nova de quatro irmãs.
O pai era o engenheiro-chefe das oficinas de obras metálicas da C.P. em Ovar e ela adorava andar com o pai no meio dos carris e ir á ponte Maria Pia quando ele lá tinha que se deslocar para inspeccionar trabalhos.
Como as irmãs, fez a instrução primária em casa, com uma professora particular, e, como desde de pequena sempre gostou de desenhar e pintar, para o que tinha muito jeito, foi para o Porto, para casa de um tio na velha Rua do Almada e frequentou o Liceu Feminino até ao 5º ano. Mas como as “meninas do liceu feminino tinham má fama, e as das Belas Artes nem se fala”, os pais mandaram-na regressar a Ovar onde aprendeu piano e pintura com professores particulares.
A 18 de Maio de 1928, casou com Guilherme de Moura Lopes, natural também ele de Ovar e filho de João Maria Lopes, um conceituado médico (hoje com fama de santo) e de Rosa de Moura Lopes. O noivo era estudante de Económicas e Financeiras na Universidade do Porto, mas, quando casou, empregou-se no Banco Nacional Ultramarino e continuou a estudar á noite. Desse casamento nas ceram três filhas. Maria Guilhermina, Maria Antonieta; que faleceram novas; e Rosa Maria.
A carreira do marido, já então licenciado, obrigou-a a mudar diversas vezes de terra, conforme ele era promovido no Banco. Braga, Régua e, finalmente, Porto, onde ele chegou a gerente da sede do BNU no Porto.
Ficou viúva muito nova, o marido morreu em 1957. Com a filha Rosa Maria viveu no Porto, na sua querida casa do Amial, para a filha Rosa Maria poder frequentar o Colégio Luso-Francês.
As férias, porém, eram sempre passadas, como já no tempo do marido, em Espinho, em casa da irmã Alice.
Foi em Espinho que conheceu a Tia Giginha e a Família Aguiar, que hoje consideramos ser também a nossa família. Porém a história da amizade deixo a Tia Giginha contar.
Faleceu no Porto a 14 de Novembro de 1992.











Porto, 18 de Maio de 2009

Rosa Maria

7 comentários:

Maria Manuela Aguiar disse...

Tenho muitas saudades da Senhora Dona Arlete. Na verdade, tal como acontece com a filha e o neto, considero-a, afectivamente, da minha família.
Sempre a admirei imenso. Quando era criança, achava-a uma "grande senhora", um pouco como a minha Avó Maria, á maneira tradicional, aceitando regras e convenções sociais, mas com inteligência e com simplicidade. Impunha-se naturalmente! E sempre nos tratou tão bem, à Madalena e a mim, apoiando a convivência com a Rosa Maria. Dela, só tenho óptimas recordações!
Com a minha Mãe, que era bem mais "heterodoxa", entendia-se, lindamente! Eram companheiras de infindáveis conversas, com muita gargalhada à mistura! Não me lembro de amigas com quem a Mª Antónia gostasse mais de estar que com a Dona Arlete e a Mª do Carmo Razzini. Esse entendimento à 1ª vista,foi decisivo para o relacionamento estreito, criado e mantido para sempre, entre as nossas famílias - tornadas uma.Ela contará, quando o meu computador "entrar noe eixos".


A Dona Arlete tinha uns imensos olhos verdes, muito expressivos, invulgares, como eram também a sua personalidade e o seu porte. À primeira vista. até parecia austera, sempre muito direita, com os seus distintos fatos e vestidos, mas logo a sua vivacidade (herança do sangue espanhol dos Penha Garcia?), o seu sorriso e simpatia nos mostrava uma faceta amável e divertida.
Mais tarde, aprendi a admitá-la ainda mais, porque teve, na vida, momentos muito bons - formava com o marido, um casal perfeito, harmonioso, ambos altos e elegantes e obviamente amigos e aliados, ao longo de anos e anos - mas, também, verdadeiros dramas, a que soube reagir, extraordinariamente, como foi o caso da morte das filhas, que antecederam o nascimento da Rosa Maria - a sua menina querida!

Anónimo disse...

Maria Antónia disse:
Conheci a minha amiga Arlete, porque ambas gostavamos de estar na praia, nos sítios mais isolados, com menos vizinhança barulhenta, e o banheiro reservou-nos barracas próximas!

Anónimo disse...

Maria Antónia disse:
pelo ar e pela atitude, percebi logo que se tratava de uma família muito "civilizada", só com uma menina pequena, mais ou menos da idade das minhas filhas.
Os primeiros cumprimentos foram cerimoniosos: pouco mais do que "bom dia" ou "boa tarde".
Mas depressa as crianças começaram a tomar o banho de mar à mesma hora, nós íamos vigiar, e asim como as meninas começaram a brincar juntas, nas ondas do mar, assim as mães começaram a trocar impressões.
A amizade surgiu naturalmente e rapidamente.
A Arlete era muito interessante, sabia conversar, passavamos horas distraídas. Depois da manhã na barraca de praia, combinávamos encontro à tarde, no café.
Fazíamos "tricot", tinhamos o mesmo grupo de amigas.
Era um verão inteiro de convívio!
Ás vezes vinha com a irmã Gumercinda. Os maridos eram primos. Homens lindíssimos. E muito delicados - uns "senhores".
No ano seguinte reservávamos as barracas, uma ao lado da outra. Já nem era preciso dizer ao banheiro, porque ele sabia. Assim aconteceu durante muitos anos.
Bons tempos!
Ficamos amigas, e não só de praia. Visitei muitas vezes a Arlete e a Rosinha, no Porto. Tinha uma casa linda, com móveis e quadros maravilhosos.
Foram momentos, muitos e muitos momentos, para recordar. Que falta ela me faz!

Rosa Maria Gayoso disse...

Nunca vi ninguém como a Manela em meia dúzia de frases caracterizar tão bem a minha mãe. Ela era exactamente como ela diz. Parecia uma pessoa muito sóbria e era, quando não estava á vontade, mas quando se encontrava com pessoas que ela sabia serem amigas sinceras, a alegria parecia que vinha á superfície, os olhos dela brilhavam e as gargalhadas surgiam. Com a tia Giginha era assim, por ela era realmente muito amiga dela, tinha muito as duas em comum. Gostava muito que eu brincasse com a Lecas e a Manela e mais tarde tinha uma grande admiração pela Manela, acompanhado sempre com muito orgulho a sua brilhante carreira politica.
Já quando éramos miúdas, dava-ma muitas vezes como exemplo de uma aluna brilhante, o que deveras me irritava.
Sinto-me feliz por saber que a amizade dela pela tia Giginha e pela Manela era sincera e reciproca.

Rosa Maria Gayoso disse...

Lembro-me que quando a minha soube que a Lecas tinha falecido, a sua grande preocupação foi falar com a Tia Giginha, porque dizia que a compreendia melhor que ninguém porque já tinha passado pelo mesmo desgosto e sabia bem o quanto ela estava a sofrer.

Maria Manuela Aguiar disse...

Houve, de facto, sempre uma grande sintonia entre todos, inclusive entre as gerações, no relacionamento das famílias Gayoso - Aguiar. As senhoras com as meninas, as meninas umas com as outras, e as meninas com as senhoras. Acho que é coisa singular e rara! Aqueles primeiros encontros, à beira-mar, que, previsivelmente, seriam simpático, mas ocsionais, tornaram-se o início de uma amizade verdadeira, profunda e duradoura: para sempre!
A mim, impressionavam-me muito as histórias que a Dona Arlete contava sobre essa filha tão cheia de vida, que depois de uma queda estúpida, a praticar desporto, acabou por não resistir às consequências dos ferimentos.
Era uma mágoa que parilhavamos com ela, compreendendo os cuidados que tinha com a Rosa Maria, nascida já depois do falecimento da irmã. Mas, apesar disso nunca exagerava. Deixava a Rosinha fazer tudo o que nós fazíamos, no mar e em terra.
Sabia afrontar a vida com os riscos inerentes!E a Rosinha aí está uma sexagenária como eu, com espírito jovem - e, ao contrário do que acontece comigo, com um lindo filho. O neto único e queridíssimo da Avó Arlete!

Nessa altura, nos anos 50, não podería a minha Mãe imaginar que passaria exactamente pelo mesmo drama. Nem eu que a Madalena, igualmente tão bonita, tão alegre e divertida, apesar de doente - no caso dela uma leucemia incurável, na época - teria o mesmo destino.
Essa tragédia acabou por ser mais um elo, que nos ligou.

Maria Manuela Aguiar disse...

Também fico feliz por saber que a tua Mãe, Rosinha, era tão minha amiga - a reciprocidade da "fascinação" com que sempre a olhei, como alguém muito especial, com beleza interior, além da exterior.
A política, "hélas", deixa-nos menos tempo para o convívio com o amigos. Foi a razão porque falhei o teu casamento. Mas não - vá lá! - as festas do Guilherme. Foram dos poucos encontros que tive com a tua Mãe, depois que entrei no turbilhão da política...