sábado, 16 de maio de 2009

W87 - MARIA MADALENA BARBOSA AGUIAR DE ALMEIDA RIBEIRO - a TIA LENA

Maria Madalena Barbosa Aguiar ( Almeida Ribeiro, por casamento), foi a primeira Aguiar nascida na "Vila Maria", em 16 de Maio de 1926.
Era a última de 8 irmãos, e tinha apenas dois meses, quando o Pai morreu.
A casa tinha sido inaugurada e habitada, apenas uns anos antes. Ainda tudo estava em crescimento: as rosas, as árvores, as vinhas... tudo tinha, praticamente, a idade daquela menina.
Tão bonita, tão calma, com os seus grandes olhos azuis!
Tão calma e serena, que nem parecia irmã dos "terríveis" irmãos, mais ou menos indisciplinados e propensos à asneira!
Uma das teorias para explicar o fenómeno, é o facto de a menina ter sido criada "a meias", entre a Avó, na altura, naturalmente, uma inesterada e jovem viúva, muito amargurada, e os tios Hermínia e Alexandre. Moravam, providencialmente, mesmo em frente à Vila Maria - do mirante desta casa poder-se-ia conversar para o 1º andar da casa dos tios, apenas com uma rua a separa-las. Não digo que o fizessem - mas poderiam.
O Tio Alexandre foi o verdadeiro segundo pai para todos, mas encarregou-se, em especial, da educação do rapaz mais velho, o Tio Manuel (a quem pagou os estudos de Medicina) e da menina mais nova, a Léninha.
Passava o dia com eles, regressava à companhia da Mãe e manos só ao fim da tarde. Aprendeu a encarar a vida, com a serenidade característica da Tia Hermínia. Esta é a tese preponderante, quanto ao perfil psicológico da Tia Lena, embora seja de admitir que, também por temperamento, fosse mais semelhante ao pacato e bem comportado irmão António do que dos outros todos. Uma boa mistura de predisposição e do factor cultural da educação.
Estudou num colégio, no Porto, e foi a que mais longe levou os estudos de piano, no Conservatório.
Teve alguns problemas de saúde, uma pleuresia grave - tudo superado, depois da adolescência.
Na breve história de vida do Tio David, já contei como aconteceu o romane que ou uniu - pela vida fora. Usando uma linguagem corrente, noutros domínios, "um casamento de sucesso".
A Tia Lena e o Tio David, foram para tantos e tantos sobrinhos "Aguiar" os "segundos pais", à maneira do Tio Alexandre e da Tia Hermínia.
Queridíssimos!...
Quantos dias passados na casa da Rua Firmeza, no Porto!
Quantos passeios, almoços, jantares, cinemas, festas". Quantas recordações!
Depois que enviuvou, a Tia foi viver para casa do Mário, em Gondomar, continuando num esplêndido ambiente familiar, rodeada de cuidados e de carinho, como merece.
É uma jovem, eternamente jovem, porque se mantem em plena forma, com um espírito vivo, sempre atenta aos problemas de todos, sempre participativa, sempre amiga dos seus!












14 comentários:

Maria Manuela Aguiar disse...

A Tia Lena faz tudo bem, incluindo bolos deliciosos - óptimo para o Tio David, que era um grande apreciador. Como nós eramos, a Lecas e eu.
Quantas vezes almoçámos com eles, na casa da Rua Firmeza e brincámos com os cães - o Bobby e a Fusca - e com os gatinhos. Havia os de dentro (como o "Bolinhas"), e os de fora, a quem alimentavam, viessem de onde viessem!
Outros atractivos eram os "bibelots" da Tia Lena, por exemplo, um lindíssimo canarinho amarelo, que a Tia me deu, como recordação, quando desfez a casa e foi morar em Gondomar.
O quarto grande dos Tios dava para a rua, então muito animada.
Para a Lecas e para mim era como ir ao cinema. Eu, com 5 ou 6 anos, entretinha-me a anunciar as marcas de todos os carros - e nunca falhava! Para espanto geral.
Tinha uma paixão pelo automobilismo, que não veio a confirmar-se na idade adulta. Hoje, distingo, apenas, um ou outro dos meus favoritos. Que regressão!

Maria Manuela Aguiar disse...

Nessa segunda meia década de 40 e na de 50 davamos passeios de carro, todos os fins-de-semana -Braga, Alto Minho, Douro... - e eu queria ir sempre no carro do Tio David e da Tia Lena, que era o mais veloz. Um daqueles lendários "Citroen", com uma estabilidade espantosa. Nas mãos de um fantástico volante, como o Tio David, voava! Com tangentes aos vários obstáculos humanos ou materiais, com ultrapassagens emocionantes.
E a Tia imperturbável, nunca sugeria abrandamentos!

Maria Manuela Aguiar disse...

Um dia, sem querer, preguei um grande susto à Tia Lena.
Estava na Suiça, num estágio de vários meses, em pleno inverno.
Recebia muita correspondência, cartas, postais do Porto, para mostrar aos colegas - e a Tia era das mais assíduas escritoras. Numa dessas cartas ou postais perguntou-me os preços dos casacos de "astrakan", lá em Genebra. Chegamos à conclusão que eram mais baratos do que no Porto e eu fui encarregada de lhe comprar um, preto.
Coisa complicada, porque não sabia distinguir bons ou maus cortes, nem qualidade de pele. Guiei-me pelo aspecto e prestígio das lojas, e fui fornecendo detalhes. Falei de um, que achava bonito e em óptimo preço, mas que tinha mais partes "rapadas" do que os outros.
Resposta aflitíssima da Tia Lena, logo secundada pela minha mãe, a recomendar que não escolhesse o das peles rapadas! Mesmo que fosse de graça!
Fora má escolha do adjectivo, não do casaco: eu queria dizer partes mais "lisas", menos encaracoladas.
Mesmo assim, acho que não foi o exemplar seleccionado, mas outro, bem "encaracolado"...
Em qualquer caso, aterrei com ele vestido, em solo nacional - chiquérrima!

Maria Manuela Aguiar disse...

Noite de festa, em casa da Tia Lena! Os meus pais, a Lecas e eu estavamos a brindar, com um cálice de Porto - os nossos, crianças, naturalmente, quase vazios, a "fazer de conta" - e a Lecas, não sei como, "trincou" o copo e ficou com um pedaço de vidro na boca!
Foi um alvoroço, a averiguar se não restava uma partícula de cristal na boca da menina!...
Eu lembro-me de ter tido. além dessa preocupação, um degosto por ver perdido um cálice tão bonito, finíssimo, antiquíssimo, de casa da avó do Tio David...

Maria Manuela Aguiar disse...

Ainda relacionados com uma bebida, recordo os bons momentos passados na antiga cervejaria Cuf,ali bem perto de onde agora mora o Paulo:
Foram os primeiros "finos", que experimentei em local público, já com uns 14 ou 15 anos.
Um local famoso, sempre cheio, uma animação, uma cerveja óptima.

Os tios eram uns aliados e companheiros maravilhosos, sempre a descobrir distracções próprias para a nossa idade e gostos.
Ás vezes, os meus pais também alinhavam, mas outras vezes, não - íamos só com os tios, depois de ter almoçado e jantado com eles. Dias memoráveis!

Maria Manuela Aguiar disse...

a Tia Lena, para nós,era

Maria Manuela Aguiar disse...

Sempre conheci a Tia Lena bem disposta e de boa saúde, mas lembro-me de ouvir contar as histórias das suas doenças de criança e adolescente. Em particular de uma que muito me impressionou, e que tem como protqonista
a Tia Rosaura: entrou no quarto da doentinha, olhou para ela e disse "desta não escapa". Em voz audível! Valeu a calma da Tia Lena... Se fosse eu, morria mesmo de susto-
Pela vida fora, quando a Tia Rosaura fazia un vaticínio fatal, nós davamos um desconto.

Docas disse...

A casa da Dona Cândida, onde eu vivia, enquanto estudava no Porto, ficava pertíssimo da da Tia, quase ao virar da esquina da Rua Firmeza. Passaava em frente a caminho das aulas, e visitava-a, constantemente. Muitas vezes ía almoçar. O ambiente era muito calmo, muito agradável. Nunca se ouvia uma palavra mais alta. O Tio David era muito carinhoso com a Tia, chamáva-lhe sempre "Léninha" ou "a minha Léninha".
Às vezes saía com a Tia Lena, lembro-me, sobretudo,de a acompanhar a casa da Laís, uma senhora muito alegre, dinâmica, divertida. Uma das filhas, a mais velha, era da minha idade. Brincávamos as duas. Em dias de festa, havia muitas crianças!
A menina tinha tido um problema na coluna e usava um colete até ao pescoço - mas acho que ficou completamente boa.

Docas disse...

O quarto dos Tios era muito grande, com uma mobília antiga, e, em cima da cómoda, no tampo de mármore branco, a Tia Lena espalhava inúmeros "bibelots" de porcelana, em miniaturas, que faziam o meu encanto. A colecção crescia, porque todos lhe ofereciam, mais e mais miniaturas. Até que a Tia Lena teve de prevenir que já não tinha espaço para tantas prendas!

Docas disse...

Agora passa-se muito tempo sem ver a Tia Lena. Tenho pena, porque me sinto muito próxima dela, penso nela muitas vezes. Convivi com poucos dos meus tios do lado materno e paterno: desta forma, para além da Tia Lena e Tio David, só com a Tia Mariazinha, o Tio João e o Tio Zé, meu padrinho.
Não pude ir a Gondomar em Maio. Espero ir lá, dar um abraço, na próxima semana!

Maria Manuela Aguiar disse...

Também eu me sentia fascinada pelas miniaturas de porcelana da Tia Lena, sobretudo de um canário amarelo - parecia vivo, gordo e redondinho!
E a Tia Lena não o esqueceu. Tantos, tantos anos mais tarde (meio século!) A Tia Lena não tinha esquecido essa admiração. Quando, depois da morte do Tio David, fechou a casa e foi morar em Gondomar, com o sobrinho Mário, ofereceu-me o canário!
Guardo-o como uma recordação maravilhosa da minha infância, das visitas excitantes ao "paraíso" da Tia Lena, como uma prova da atenção e da amizade que tinha e tem por nós!
E, ainda hoje, me encanta, como outrora, o pequeno canário amarelo!

Maria Manuela Aguiar disse...

Guardo, também, como verdadeiras obras de arte, muitas rendas feitas pela Tia Lena. Uma artista, como a Tia Rosaura! Na minha geração, a única continuadora destes saberes antigos é a Xana. Depois, não sei se haverá alguém...

Quando fui viver no apartamento da Avenida do Uruguai, a Tia Lena, depois de uma visita que me fez, com o Tio David, tricotou uma colecção completa de almofadas de lã, de cores e formatos variados, que combinavam perfeitamente, com o sofá e os maples, cor de cinza.
Ainda as conservo, mas recolhidas, como recordação, para não se estragarem...
Já não existe o sofá cinzento. Em Lisboa, o sucessor é demasiado florido, para as receber.
Em Espinho, sim, há três, de cores lisas, onde elas assentam perfeitamente. Mas, com sete gatos tolos em casa, estavam demasiado expostas. Quando eles envelhecerem e se tornarem mais pacatos as almofadas vão regressar a cena.
São muito originais.

Maria Manuela Aguiar disse...

Hoje falei pelo telefone com a Tia Lena - acaba de regressar das férias de Marbella, onde esteve com o Paulo e família.
Vem felicíssima e, no próximo fim-de-semana, vai, de novo, com eles passar uns dias às praias do norte.
Galiza, suponho!

Maria Manuela Aguiar disse...

A Tia Lena, durante as férias, encontra sempre tempo para nos mandar um postal, com as vistas da cidade onde está!
Cá recebemos um para nós e outro para a afilhada Lélé, que não tem aparecido e, por isso, o vai ler depois de já ter conversado pessoalmente com a madrinha...