quarta-feira, 6 de novembro de 2019

TIO AVÔ JOÃO PEREIRA DE AGUIAR - UM POSTAL DO RJ



.JOÃO PEREIRA DE AGUIAR

Foi, na última década do século XIX, o primeiro da sua geração a partir para o Brasil, o país para onde, então, quase todos os portugueses emigravam. Ignora-se a data exata em que deixou Gondomar, se foi ao encontro de parentes ou conterrâneos e como decorreu a adaptação ao novo país. Pode, sim, dizer-se que rapidamente se integrou e alcançou um elevado patamar social e económico, como joalheiro, pois em 1896 chamou para junto de si, António, o irmão mais novo e ajudou-o no início de uma ascensão meteórica, Era um homem muito elegante e bem relacionado, introduzi-o nos círculos que frequentava na sociedade, incentivou-o a valorizar-se pela cultura, pois ele mesmo prezava esse lado do seu percurso brasileiro, não a limitando aos aspetos materiais, com que muitos dos emigrantes dessa época se contentava. Era assíduo conviva nos meios portugueses, o seu nome consta, pelo menos, entre os associados do Real Gabinete de Leitura do Rio de Janeiro, uma instituição já florescente e prestigiada, que acolhera, até a Academia Brasileira de Letras na sua sede, e possui, ainda hoje, uma extraordinária biblioteca, atualmente a segunda maior do país, e uma das mais belas do mundo..  Em 1902, casou com Judith Andrade da Cruz Ferreira, uma jovem encantadora, da burguesia carioca, que viria a ser, a partir de 1910, a melhor amiga da cunhada Maria. Se algum dia João alimentara um projeto de retorno às origens, o amor por uma brasileira radicou-o lá, definitivamente lá.
Os filhos de Judith e João aparecem em muitas fotografias com os tios e primos portugueses. Depois que estes regressaram a Gondomar, em 1920 e que António Carlos realizou a sua última viagem ao Rio em 1926, o ano em que veio a falecer, os contactos foram mantidos, durante várias décadas através da correspondência das cunhadas Judith e Maria. Todas essas cartas se perderam e só pelas memórias, não muito precisas, de Maria Antónia se sabe que entre os seus descendentes houve aqueles que continuaram os negócios da família, outros enveredaram pela diplomacia ou por carreiras políticas. Com Portugal não conservaram ligações, perdidas que foram os contactos entre os promos, apenas retomadas por José Augusto, na década de cinquenta, quando viveu, por poucos anos, no seu Rio de Janeiro natal. Há algumas fotos dele com as primas, todas muito bonitas, com aqueles traços que, por generalização (excessiva), se atribuem à maioria dos Aguiar, a tez morena e os grandes olhos claros.
Não se conhecem, sequer os seus nomes, apenas se sabendo que o mais velho, João, como o pai, nasceu em 1903 e veio a casar com Mariette Veronese, dando origem ao ramo Veronese de Aguiar


Da escrita do tio avô João há só um postal, dirigido ao irmão António, mas que é particularmente interessante, porque nos revela o patriota empolgado pelo feito de Gago Coutinho e Sacadura Cabral e guardado e conservado como relíquia pela sobrinha neta, Madalena


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