quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

P31 - ANTÓNIO CARLOS PEREIRA DE AGUIAR

O NOSSO AVÔ "BRASILEIRO" E TÃO PORTUGUÊS!


António Carlos Pereira de Aguiar.
Nasceu no dia 11 de Fevereiro de 1880, em Gondomar. Há 129 anos!
Hoje, ao fim do dia, enquanto passeava, em Espinho, à beira mar, pensava nele.
Nas vezes, sem conta, que atravessou este oceano, aproximando-se da "terra amada", como diria Camões, ansioso por abraçar os seus - uma multidão de joviais "Aguiares", entre os pais e mais de uma dúzia de irmãos, para além de afins, e sobrinhos, e amigos e, depois, a namorada Maria...
Quantas vezes partiu, saudoso, mas, como todos os expatriados jovens e bem sucedidos, pronto para retomar o fio dos negócios e enfrentar interessantes desafios no grande país tropical das oportunidades sem fim. E na mais bela cidade do mundo, que era o Rio de Janeiro, no início do século passado (assim pensava a Avó Maria, certamente de pleno acordo com ele).
E quantas viagens, já depois de casados, em cada nova travessia com um menino mais, porque a família crescia, crescia...
Vinham e iam, claro, na 1ª classe dos melhores paquetes (incluindo a "bábá" dos meninos).
Sei que gostavam da vida a bordo, que dançavam nas festas que se sucediam, feericamente, e faziam amigos, com facilidade. Formavam um belo casal - ela bastante mais alta, mas ele sem complexos e orgulhoso da sua graça e distinção, ainda que um pouco ciumento ...
Os meninos eram encantadores, como mostram as fotos (o que as fotos não revelam, "hélas", é as suas diabruras: as almofadas e outras possessões móveis do navio, que eles atiravam pela borda fora...). Enfim, havia formas de diversão para todas as idades!
Como não pensar, também , na casa construida por esse Avô - que não pudemos conhecer, por ter desaparecido, subitamente, com 46 anos, apenas.
A "Villa Maria". A casa dele, a nossa casa!
Os jardins com as belíssimas rosas, que ele cultivava, por suas mãos, e levava a concursos (ganhou vários prémios!). As árvores, de todos os frutos. Os mirantes e recantos, feitos para o convívio da família e dos amigos...
Um presente, que deixou a várias gerações. Através das recordações, que a simples memória desse "espaço Aguiar" nos traz, ele continua vivo.
As histórias do génio empresarial deste "Avô brasileiro", assim como do seu bom gosto, da sua cultura, da sua generosidade, do seu sentido de humor, chegaram, até nós, nos relatos da Avó Maria,
Pela memória se vive, e, por isso, ele não vai morrer nunca.







































26 comentários:

Maria Manuela Aguiar disse...

Para além da Villa Maria, achei interessante mostrar também a casa do bisavô Manuel Aguiar, com um outro grande roseiral, em Gondomar e, ainda, a do Tio-Avô João, irmão do Avô António, no Rio de Janeiro, na Rua de Payssandu.
Gente que gostava de viver confortavelment...

Maria Manuela Aguiar disse...

Na foto da casa do Bisavô, vê-se o Avô à conversa com um amigo,
Quem será?
Ao fundo, parece-me que está a Bisavó, com alguns dos netos.Não tenho a certeza.

Maria Manuela Aguiar disse...

Dizia a Avó Maria que nunca tinha visto olhos mais bonitos do que os dele!
Semelhantes, só os do neto António, o Tónio.
E era afectuoso, divertido, muito sociável.
Conquistou completamente os sogros e os cunhados!
Confiavam nele, como pessoa, viram nele o bom marido que, de facto, foi para a menina mais nova e mais mimada da família. E, por isso, a deixaram, sem pôr quaisquer obstáculos, casar e ir viver tão longe, do outro lado de um oceano.
Não foi certamente por ser um empresário rico, que admiravam pelo seu sucesso material e social. Isso ajudava, é claro, mas nunca, seria o suficiente!... Era preciso que fosse, do ponto de vista humano, como homem de caracter e boa educação, convincente, exemplar. E era!

Maria Manuela Aguiar disse...

Era joalheiro, tal com o irmão, João Aguiar.
O irmão mais velho, com o qual penso que terá começado a trabalhar, até abrir, no nº 63 da Rua do Ouvidor, a sua própria Joalharia.
Sei que foram sempre muito unidos, uma relação fraterna, ou até, possivelmente, dada a diferença de idades, paternal-filial.
O Tio João era casado com uma lindíssima brasileira,a Tia Judith, que se tornou grande amiga da cunhada Maria.
Depois do regresso definitivo dos Avós a Portugal, as cunhadas nunca mais se viram, mas mantiveram sempre o contacto, trocando cartas e fotografias.
A Avó Maria, devo dizer, falava muito mais de Judith do que de João.
Afinidades femininas, talvez. Terá sido o seu grande apoio, quando chegou a um novo país, quando teve a primeira filha...
E era também muito dedicada aos sobrinhos, que conviviam com os seus filhos, e se veem em tantas das fotos desse tempo.

Maria Manuela Aguiar disse...

Desporto favorito: a caça.
Ainda existe uma das suas espingardas.
brinquei com ela, sem balas, em criança!

Maria Manuela Aguiar disse...

Outro derporto: natação!
Não tinha propriamente uma piscina, na Vila Maria, mas um grande tanque, junto à casa da eira.
A água gelada náo o afligia.
Aliás, todos os dias começava a manhã com um duche de àgua fria, como se estivesse nos trópicos.

Maria Manuela Aguiar disse...

Outro hábito brasileiro: pequeno almoço com muita e variada fruta.
A Avó não partilhava estes gostos e devia achá~los exóticos, pois, de outro modo, não os mencionaria, tantos anos mais tarde, em conversas com os netos.

Maria Manuela Aguiar disse...

Pelo menos quatro Aguiares da geração do Avô viveram no Brasil. Para além dele, do irmão João, também a Mãe da Lucinda e da Nucha e um outro irmão , que desapareceunos confins do Brasil.
Um dos filhos desse aventureiro ficou entregue aos tios.
O Avõ tratou-o como se trata um filho. Trabalhava com ele na Joalharia. Quando a família regressou e o Avô ia e vinha, para se desfazer, com tempo e nas melhores condições, dos negócios do Rio, deixava-o como gestor, com plenos poderes. Confiava inteiramente nele.
Foi, com certeza, o maior erro da sua vida. O rapaz fez um desfalque enorme!
Não ficou arruinado, a fortuna era grande demais para isso. Ficou profundamente abalado. Pela situação, também, mas, sobretudo, pela deslealdade, pela traição.
A Avó Maria atribuía a esse inqualificável ladrão, a angina de peito que foi a causa da sua morte repentina.
Que a sua saúde se ressentiu, disso não há dúvida, que provocou ou agravou a condição cardíaca, também parece indesmentível.
A´última fotografia mostra um homem estrnhamente envelhecido. Nem parece ele...
Que pena sinto.
Que bom teria sido conhece-lo!
Pergunto-me, muitas vezes, se gostaria de mim, como o Avô Manuel e a própria Avó Maria.

Maria Manuela Aguiar disse...

Todas as fotos desse nefando Aguiar desapareceram, foram destruidas.
Nos retratos de grupo, a Avó não exitou em riscar ou perfurar a sua cara.
Nunca perdoou!
E tinha essa maneira, um pouco estranha, de o mostrar.
A minha Mãe faz o mesmo aos "inimigos" supervenientes... Acho que são rostos que não querem ver à frente, mesmo que apenas no papel...
Eu, com o meu gosto pela história, prefiro manter tudo intacto, imagem e memória, para dizer aos mais novos:
Este era o vilão.

Maria Manuela Aguiar disse...

Os Aguiares são de uma infinita diversidade. Uma diversidade mais acentuada do que o normal, ou do que a média, numa família.
Uns muito altos, outros muito baixos. Uns bonitos, outros bem feios.
Há de tudo: grandes empresários, como Amélia, João e António, ("self made", pois, tendo tantos filhos, 15 ou mais, os Pais não os podiam ajudar todos...), artistas como a Nucha, muito respeitáveis - a maioria - falhados -alguns - e, até, como se viu, como o Avô viu, com imenso sofrimento, desonestos - as excepções.

Maria Manuela Aguiar disse...

Na geração seguinte, também houve oscilações de fortuna, entre uns e outros, ou mesmo no percurso de vida de alguns, que alternaram períodos fastos e nefastos.
Entre os descendentes dos Tios João e Judith, segundo a minha Mãe, há gente com carreiras interessantes na magistratura, na diplomacia e até na política.
Não sei. Perdemos o contacto, apenas reatado, durante os anos em que o Tio Zé morou no Rio. Conviveu com umas primas muito simpáticas - umas senhoras elegantes, a avaliar pelos retratos.
O único Aguiar, com o qual me cruzei no Brasil, foi um inimigo político, sempre pronto a depreciar-me. É socialista, e daquelas que põe isso à frente de tudo o resto, o que não faz o meu género.
Obviamente, nunca invocou qualquer parentesco, até que... na altura em que apoiei, tal como ele, a candidatura do Dr. Mário Soares, apareceu no lançamento do meu livro, muito simpático, a confidenciar-me que julga que somos primos...
Admito que sim, porque tem os olhos e a tez morena de Aguiar - um ar de família. Parecido com o Guilherme Aguiar - o do FCP - descendente da Tia Amélia (o ramo que se fixou em Matosinhos).
Relação de família próxima, só a mantivemos cos os filhos da Tia Gracinda. A Mãe das nossas queridíssimas Cristina, Belita e Rosinha. E da Mi (Madalena), do António, afilhado do Avô, e mais parecido com ele do que qualquer dos seus filhos o Zé Armando e o Manelzinho, de quem também gostávamos muito.
Todos muito interesantes. O Zé Armando tinha imenso charme. O António, também, e era divertido, extrovertido e generoso, como o padrinho. E tinha "montes" de filhos e de netos.
Um e outro, prosperaram. Viviam na Foz, numas casas bem simpáticas. Na do António pernoitei várias vezes. Lembro-me de brincar com o filho Luís, muito mais novo do que eu.
A Rosinha, que nunca casou, sempre dedicada aos outros, foi uma heroína!
Os pais, que tinham sido ricos, morreram jovens e numa fase menos boa. As mais velhas, Rosinha e Mi, arranjaram empregos - tinham óptimas relações - cuidaram dos irmãos, deram-lhes uma boa educação.
Eles tinham o "empreendedorismo", como agora se diz, no sangue, e fizeram fortuna.
O mesmo aconteceu no caso da Belita, casada com um alemão encantador, o Walter.
A Cristina e a Belita, duas lindíssimas e moreníssimas Aguires (Saraiva)!...
Só a Belita e o Walter sobrevivem.
Visito-os na sua casa, na Lapa,e, de vez em quando, eles ^passam por Espinho.

Maria Manuela Aguiar disse...

A Sãozinha deu, há pouco tempo, um presente de grande valor sentimental à minha Mãe: uma das bengalas de castão de prata do Avô!
Suponho que a Avó Maria terá oferecido algumas ao Tio António e aquela acabou nas boas mãos da Sãozinha.
Se exceptuarmos cartas, postais, fotografias, e, também mobílias, serviços de jantar ou de chá - coisas da casa, e jóias, naturalmente, oferecidas à mulher, e algumas à cunhada Rosaura, de quem gostava muito e que tantas vezes cuidava dos meninos, enquanto o casal passeava, de férias em Portugal - não restam muitos objectos pessoais do Avô.
A espingarda, as bengalas, uma bíblia (que eu própria guardo), um apito de caça (suponho que para chamamento dos cães, porque, quando sopramos, não se ouve nada)
pouco mais...
Mas ainda me lembro muito bem das casacas, fraques e casacos impecavelmente conservados num guarda-vestidos do chamado quarto grande. E, também dos seus chapéus e cartolas, uma das quais se podia encolher ou estender, abrir ou fechar, digamos, como um acordeão.
E a Tia Lina até nos deixava brincar com ela, e com os chapéus de côco, sempre atenta para não os ver maltratados. Estou-me a olhar ao espelho, com um dos chapéus e o Tónio de cartola...

Maria Manuela Aguiar disse...

Sintomático de uma outra faceta do Avô é o relato dos episódios passados na romaria da Senhora do Rosário, quando estava de férias, em Gondomar.
Dava-lhe muito gozo "escacar" loiça!
Muita loiça! Uma tenda inteira.
Desfazia as faianças todas à bengalada.
Fez isso muitas vezes. Quando aparecia, com uma das suas famosas bengalas, as feirantes já sabiam ao que vinha...
E começavam todas a gritar:
"Venha partir a minha, Sr. Aguiar!".
Ele pagava bem, sem discutir o preço, como é evidente.
Resposta a uma prece...

Anónimo disse...

Docas disse:
Não tenho histórias para contar sobre o Avô. A minha Mãe era muito pequena, tinha só 4 anos, quando ele morreu. De pouco se lembra...
Mas contribuí com dois recortes de imprensa, que guardo no meu album de fotos de família.
Um é apenas um normal obituário, mas o outro é engraçado, porque em forma de enigma ou adivinha, traça o seu perfil!
Aqui ficam, no blogue, para todos lerem.

Maria Manuela Aguiar disse...

Este recorte de imprensa sobre o perfildo Avô Aguiar fornecido pela pela Docas é um verdadeiro achado, porque, embora em tom de brincadeira, fala das características pelas quais "os de fora" fácilmente o reconheceriam - já que a adivinha se destina a ser rapidamente decifrada...
Características físicas - baixo, gordinho - mas sobretudo psicológicas ou comportamentais. Franqueza e jovialidade são as qualidades escolhidas, como dominantes.
Depois aquela referência a que "nada o aflige" - e socialmente assim devia ser. Pela primeira vez, pus-me a pensar que talvez a sua postura nas amigáveis discussões, nas tertúlias, seria semelhante à do filho António, sempre imperturbável, a dizer coisas divertidas, por vezes, com velada ironia...
De súbito, irrompe a imagem do cidadão empenhado na defesa do progresso da sua terra - sobretudo da reivindicação do electrico para o Porto - que não tardaria muito a ser consegida. Na altura, estaria no centro das preocupações, e é apontada como a única questão que o afligia... Aqui ganhamos a percepção de um envolvimento na comunidade, que não chegou ao activismo político, mas, que, pelo visto, estava próximo!
A propósito acrescento que era um monárquico assumido.
Nos "hobbies" surge como caçador. Vinha, todos os anos, na abertura da época de caça!
Ficamos ainda cientes de que "não tinha inimigos" e de que não era pessoa para dizer um palavrão...
Não ía além de exclamar: "Oh! com os diabos!".

Quando confrontámos esta visão que dele têm os amigos com a que tem a própria família, não vemos diferença.

Este pequeno artigo engraçado é a "prova dos nove" do que já sabíamos.
Redobra a pena de não o termos conhecido...

Anónimo disse...

Maria Antónia disse:
O meu Pai era monárquico, como a Mamã, como eu.
Na altura, pouco tempo ainda passado depois do assassinato do Rei Dom Carlos, pelo Buíça, e da revolução republicana, os monárquicos diziam:
Talassa, passa
Buiça, chiça!

Anónimo disse...

Maria Antónia disse:
O Pai da Nucha e da Luciana, minha madrinha, era o Tio Augusto, um Aguiar alto, loiro e muito bonito. Parecido com o Pai, e meu Avô.
Sempre muito chique, e verdadeiramente imponente!
Era o dono da Joalharia Aguiar, na Rua das Flores, no Porto.

Anónimo disse...

Maria Antónia disse:
Já a Mamã dizia que não havia família com maiores contrastes do que a dos Aguiares.
De um lado, por exemplo, o meu Pai e esses dois irmãos, o Tio Augusto e o Tio João, com o maior sucesso nos negócios e na vida social, do outro o Tio Alfredo, o que vivia, também, no Brasil, mas sem eira nem beira, um boémio e um aventureiro, que os irmãos criticavam muito.
Se quisese trabalhar, eles arranjavam-lhe emprego, sem dificuldade...
A Mamã, contudo, tinha muita pena dele, estava sempre pronta a ajudá-lo, às vezes às escondidas, quando o irmão estava mais indignado com as suas loucuras... Dava-lhe roupa, alojava-o em casa, lá conseguia que ele fosse recebido e pudesse almoçar e jantar com eles.
Para a Mamã lhe achar tanta graça devia ser um dos Aguiares bonitos, mas não sei ao certo, porque não há fotografias dele - ou eu não o reconheço nas fotos de grupo. São muitos!...
Uma vez foi e não voltou mais. Desapareceu no sertão...
Um dos filhos - não sei se tinha mais do que um - foi educado pelo meu Pai como mais um filho.
Confiva muito nele. Foi o que o roubou..

Anónimo disse...

Maria Antónia disse:
O melhor amigo do Papá, no Rio, era um banqueiro. O senhor Cunha, padrinho da Lólita.
Até fisicamente eram parecidos - como irmãos.
Depois da morte do Papá visitava-nos muitas vezes, quando vinha a Portugal. Gostava dos meninos, que conhecia desde que nasceram .
E, pelo visto, também gostava da Mamã.
Em vida do amigo, era apenas um amigo. Depois, tempos depois, propôs casamento à jovem e lindíssima viúva, cujas qualidades morais também admirava. Estava pronto a ser o segundo pai das 7 crianças.E certamente teria sido óptimo.
Mas a Mamã recusou, sem pensar duas vezes.
Todos nóa achamos que fez muito mal!

Anónimo disse...

Maria Manuela disse:
Sempre ouvi contar essa história, assim mesmo...
Os filhos, mergulhados naquele ambiente dee luto e de tristeza, com a Mãe cada vez mais voltada para as obras da Igreja, e mais severa com eles, comentavam, quando se falava do Sr. Cunha, e da vida que teriam com ele:
Mas porque é que a Mamã não casou com o banqueiro?

Anónimo disse...

Maria Manuela disse:
O dinheiro não é tudo, mas ajuda!
E, para além desse aspecto, o segundo casamento seria a reconstituição da família completa, com um homem bem educado e querido por todos. Com excepção da pretendida... Acha-lo-ia simpático, mas não queria casar, de novo...
Assim, , embora não ficassem pobres, não eram tão ricos como no tempo em que o pai era vivo, nem tiveram a estabilidade que ele lhes teria dado.
É certo que, de qualquer modo, os rendimentos deram para educar os sete filhos, em bons colégios (de que eles não gostavam nada...), para as férias na Foz e nas termas, para dar esmolas a pobres e muito dinheiro à paróquia (de que se queixava o Tio Alexandre, achando a generosidade excessiva, ele que era agnóstico, ainda por cima...), para manter o casarão com criadas, criado e jornaleiros, etc, etc.
Para além de casas e terrenos , o Avô deixou muito dinheiro em acções - que foram sendo bem geridas pelo Tio Alexandre e que deram rendimento até à velhice da Avó, durante meio século!
Mas não foi a mesma coisa...
Eu digo sempre que se o Avô Aguiar não tivesse morrido aos quarenta e seis anos (ou se a Avó tivesse dito sim àquela proposta de casamento), eu seria, hoje, possivelmente, brasileira e rica...

Anónimo disse...

Maria Manuela disse:
Bom, já agora, conto que, muitos anos depois, eu própria perguntei à Avó porque não tinha querido casar com um homem tão bem aceite pelos filhos.
Segundo a Avó, porque, embora fosse solteiro, tinha "um caso" com uma brasileira.
Mas se casasse, acho eu, deixava de ter!
Era como que um divórcio, sem necessidade de intervenção do poder judicial...
A Avó não via as coisas assim. E, sobretudo, não estava apaixonada - que esse era o verdadeiro problema.
Fidelíssima à memória do homem que tinha "os olhos mais bonitos do mundo", e que a adorava!...

Anónimo disse...

Maria Antónia disse:
Sim, ele adorava-a!
Não queria que fizesse nada, em casa.
Tinha as criadas que fosse preciso, para não precisar de fazer nada.
No Rio eram, pelo menos três - todas pretas, mas muito limpas.
Contava a Mamã que tomavam banho mais de uma vez ao dia.
Claro! Num clima tropical...

Anónimo disse...

Maria Antónia Aguiar disse:
Convivi muito com o Tio Augusto Aguiar, na Casa da Gândara, que tinha sido dos meus avós e que ele herdou.
Deve ter feito grandes obras, porque era muito rico e gostava de viver com luxo e conforto. A casa era enorme - tinha de ser para lá morar, a família, no tempo dos meus avós, com os seus 15 filhos (ou mais!)...
No rés-do-chão deixava viver, com a generosidade e o sentido de "clã" próprios dos Aguiares, uma irmã, que nunca foi rica: a Tia Violante, e o marido, o Tio Camilo. Tiveram um filho - outro Camilo, - que morreu jovem, de tuberculose, como uma das filhas do Tio Augusto - por sinal, muito bonita (não me lembro do nome).
As suas outras 3 filhas eram a Leonor (Nucha), a Lucinda (minha madrinha) e a Aurora. Todas estudaram nos melhores colégios do Porto e no Conservatório (piano).
A Nucha terminou o curso e era uma boa pianista e professora de piano - fui aluna dela.
Na meia-idade, o Tio Augusto era um muito imponente! Tal qual o Rei Dom Carlos. Parecidíssimo. Alto, gordo, loiro, olhos azuis.
Uns olhos espantosos, com umas pestanas tão compridas, que até me impressionavam!
Um belo homem! Sempre bem vestido, com rosas frescas, de várias cores, na lapela. Como o meu Pai aparece em algumas fotografias. Tinha a mesma "mania"...

Anónimo disse...

Também morou com o Tio Augusto e a mulher, Tia Lronor, outra irmã "pobre" - a Guiomar.

Anónimo disse...

Maria Antónia disse:
O meu pai era dos irmãos mais novos. Parece-me, até, que o mais novo.
O Tio Augusto era dos mais velhos.
Tinham negócios, uns com os outros. O Tio Augusto devia exportar para o Brasil, através dos que viviam no Rio. Primeiro, o Tio João, depois, também, o meu pai.
Não sei porque razão a minha madrinha Lucinda morou alguns anos no Brasil. Os pais dela nunca lá estiveram - acho, eu, excepto, não sei, quando muito, de férias...
Mas a Lucinda, sim. Casou com um Tio do Dr. Fº Figueiredo, Homero Figueiredo, dono de uma Farmácia no Porto (naquela rua que vai da Sé para o antigo Governo civil do Porto e para a Praça da Batalha.
Passei lá muitas tardes com eles, em pequena.
Davam-me muitos bolos, doces, tudo o que eu gostava!...
creio que me cruzei, várias vezes, com o Fernando Figueirwedo, que é pouco mais novo do que eu.