terça-feira, 20 de outubro de 2009

W136 - ALEXANDRE MENDES BARBOZA faria anos hoje




No dia em que faria anos, simplesmente um pequeno poema seu, o único que chegou até nós:

Morre um afecto, outro nasce
Passa um desejo, outro vem.
Depois de um sonho, outro sonho
De tantos que a vida tem.

Palavras simples e verdadeiras, reflexão poética de uma das figuras tutelares da nossa família.
Tão generoso com a irmã viuva, aos 36 anos, e os 7 sobrinhos, para quem foi um pai sempre presente!
Dele disse o abade, que ouviu a sua confissão, na hora da morte:
"Acaba de morrer um santo".

Tinha sido agnóstico, ao longo da vida, mas educado numa família muito religiosa e o certo é que pediu os sacramentos, quando o fim se aproximou.
O veredicto do padre confirmava o que todos pensavam dele...
Há cristãos autenticos, que não vão à missa mas praticam os valores do cristianismo, os SANTOS LAICOS, como já chamei a um outro tio, da geração seguinte - o tio Zé...
Um estilo ou paradigma de "santidade" muito diferente, diga-se, pois os bons como os maus não têm de ser parecidos, nas virtudes ou nos defeitos.

9 comentários:

Maria Teresa Aguiar disse...

Há uma dúvida quanto ao retrato "a solo" do Tio Alexandre, levantada pelo Zé Severo.
Acha o Zé que o retrato é do seu Avó José, irmão de Alexandre.

Oh, Zé,creio que te enganas!
Nestas fotografias de grupo os dois irmãos distinguem-se, nomeadamente, pelos bigodes, e o do teu Avô não tem as pontas reviradas. O do Tio Alexandre, sim, e em todos os retratos, de diferentes épocas.

Anónimo disse...

Maria Manuela disse

Utilizei por engano a conta google da Teresinha, mas assumoa autoria do comentário anterior!
è certo que na 1ª foto os manos ainda não usam bigode - e o Tio Zé nem poderia, porque era ainda criança - a única criança do sexo masculino.
Mas na posterior, o Tio Alexandre é mesmo o que se encontra atrás da mulher, a Tia Hermínia. Estas fotos de grupo, para enviar através dos oceanos, tinham os seus rígidos protocolos...

Anónimo disse...

Esqueci-me de precisar que na foto de juventude o Tio Alexandre é o que está atrás do Pai.

Maria Manuela Aguiar disse...

É claro que o Tio Alexandre está mais presente, neste ano de 1910, porque era um dos grandes republicanos da família.
Há quem se admire de eu promover, de bom grado, as comemorações do Centenário da República, em Espinho, mas a verdade é que eu não procuro, aqui, glorificar o regime, que começou mal e mal acabou, mas relembrar a história, num período tumultuado e, por isso, interessante. E, por outro lado, penso nestes tios, que eram idealistas, gente de princípios, generosos e honestíssimos.
Havia pessoas óptimas e péssimas dos dois lados. À esqª e à d.ta. ainda hoje assim é.
Mas, há pouco, não era por causa desta querela (que também dividia os meus antepassados) que ele era recordado.
Foi a propósito da compra de um novo carro pela Nónó. À noite, ela veio entregar-me as chaves do meu velho Peugeot. Entrou e saiu. Eu fui à rua e lá estavamm dentro do carro, os meninos e a Xaninha, que andavam a fazer a estreia, todos muito contentes, e com toda a razão. Hoje a mãe dizia-me que ontem tinha tido a impressão de ouvir a voz da Nónó e eu confirmei, relatando estas circunstâncias.
Foi a partir daí que a mãe se lembrou de uma outra estreia de um carro, há muitas décadas: o do Tio Alexandre. Acho que esse episódio até já foi contado.
Ao contrário do que acontece com a NÓ, que é uma condutora segura e experiente, com carta tirada há muito, e talento natural, o Tio Alexandre não era muito vocacionado para a condução. Arranjou, para essa ocasião, um chauffer - acho que era um empregado do Tio Zé, um criado, na linguagem da época. Mas o homem também não se entendia bem com a máquina... Com toda a família a bordo - Tia Hermínia, e as sobrinhas, Lena e Sara - passeavam pelo centro de Gondomar. Quando chegaram a casa, o motorista não conseguiu travar o carro!... Resolveram então rodar, rodar, até que a gasolina se esgotasse.
Como, às vezes, acontece com os aviões, quando avaria o trem de aterragem...
Circularam, infindavelmente, entre o Souto e Quintã, enquanto a Tia ordenava às meninas: "Sorriam, sorriam, como se tudo estivesse a correr como queremos. E, quando pararmos, seja onde fôr, saímos como se fosse ali que planeavamos sair."
Um carro era, nessa época, uma raridade e um carro a desfilar, em circuito incessante, uma grande atracção...
Por isso, não convinha dar espectáculo com um ar alarmado.
A Tia Hermínia possivelmente estava, até certo ponto, divertida com a situação. Era uma senhora serena, segura de si em toda e qualquer ocasião, e com um sentido de humor, bem guardado no seu semblante imperturbável.

Anónimo disse...

Maria Antónia disse...

Aquele carro é que era uma D. Elvira!
Era dos tais que tinha plataformas laterais, com um degrau para subir lá para dentro.
Uma pena não termos tirado fotografias com ele!...
À noite era guardado no "chalet" - que inicialmente foi planeado para ser garagem, mas nunca chegou a se-lo.
Este carro do Tio Alexandre, ficava dentro da propriedade, mas fora das portas do chalet.

Maria Manuela Aguiar disse...

Maria Antónia disse...

Poucos carros havia então em Gondomar.
A primeira mulher atirar carta e a guiar o carro do pai foi a Glória da Pinta!
Ia ao Porto, ao volante, fazer compras.

Maria Manuela Aguiar disse...

A Tia Hermínia, com o seu famoso ar sereno, é a senhora que está à frente do Tio Alexandre.
Para mim, foi uma revelação ter lido aquelas cartas que escreveu à cunhada Maria, então no Rio de Janeiro.
Quem a diria uma "feminista", a reivindicar divisão de tarefas entre os sexos - nesse campo seguramente mais avançada do que o republicaníssimo marido!
A Avó Maria nunca teve discurso semelhante, mas, um dia, sem dar satisfações ao marido, teve um assomo de independência e ... cortou o cabelo, com franja sobre a testa, como era moda. E foi tirar uma foto de estúdio, em que está linda!
O Avô António ficou irritadíssimo, mas conformou-se. Restava esperar que o cabelo voltasse a crescer.
A "retaliação" foi discreta: tirou, ele também, uma foto, mas de semblante carregado, que escondeu em sítio onde a avó a encontraria...

Anónimo disse...

Maria Antónia disse...

Contava a minha mãe que os cunhados, o marido e os irmãos, apesar de serem politicamente opostos, se entendiam muito bem. Mesmo quando falavam dessas questões, que os dividiam, era num tom civilizado.
Segundo a mamã, o mais "agressivo" era o meu pai, mas sem ultrapassar os limites. E todos os cunhados gostavam muito dele - não levavam a mal!
O meu padrinho, marido da Tia Rozaura, ocupava um lugar de chefia na Contrastaria - por isso devia ser republicano. Mas não muito! A mulher era radicalmente monárquica, e isso não o incomodava nada.
Eu tinha só 9 anos, quando ele morreu, mas a Maria Póvoas falava dele como um santo. Fazia todas as vontades à mulher, foram felicíssimos!

Maria Manuela Aguiar disse...

Realmente, o Tio Marques tem um ar extremamente bondoso!
No foto de grupo, lá está ele, de pé, atrás da sua querida mulher.
Era também muito estimado pelos sogros e cunhados.
Uma família unida, como parece na imagem. A imagem, neste caso, não engana!
A questão de regime nunca foi uma questão de família.
Aqui há monárquicos (os bisavós, ele afirmadamente regenerador, o tio Padre Américo, a Tia Rozaura) e republicanos (tios Marques, José e Alexandre), e uma incógnita: a tia Hermínia.