quinta-feira, 4 de março de 2010

Quantos anos faria hoje a MARIA PÓVOAS? 110!

Exactamente 110!
Tinha 79 anos, quando morreu, em Agosto de 1979, nesta minha casa de Espinho, que era então da Avó Olívia.
Foram tão tristes os seus últimos dias... Imensas dores, aquela côr terrível da icterícia. Percebíamos que o fim estava próximo, mas ela continuava a lutar, a acreditar numa recuperação! E nós tudo fazíamos para que acreditasse, é claro.
A Endora rondava o quarto - era a "menina" da Maria, como os gatos eram os "filhotes" da Olívia.

5 comentários:

Maria Manuela Aguiar disse...

Para piorar as coisas, havia uma extraordinária greve de médicos.
Até para conseguir a certidão de óbito tivemos de fazer diligências jamais vistas, evitando retardar o funeral por uns dias. Inacreditável!

Maria Manuela Aguiar disse...

O que valeu à Maria, nesses dias finais, foi a simpatia, a solidariedade do dr. Mendes (o mesmo que salvou a Olívia há 4 ou 5anos e que eu penso que a teria salvo, de novo, se ela o tivesse chamado nesta crise, que não ultrapassou).
Apesar de estar em greve, abriu, e muito bem, uma excepção para ela, que estava em grande sofrimento. Receitou-lhe analgésicos, animou-a. Vinha a casa vê-la todos os dias.

Maria Manuela Aguiar disse...

Enquanto pode, a Maria levantava-se, ía até à janela, ou até ao quintal, acreditando que um pouco de ar fresco ou de sol ajudariam a cura. Eu encorajava-a, a minha Avó também.
Foi, felizmente, muito bem tratada. A Arminda, criada da Avó, era completamente atrasada mental, mas estava sempre às ordens da Maria e cuidava-a, com boa vontade e eficiência. Tinha em comum com a Maria e a Olívia a paixão pelos animais da casa.

Maria Manuela Aguiar disse...

A Arminda nem falar normalmente sabia...
Ficou célebre aquele pedido que foi fazer à mercearia da Rua 7:
Quero uma garrafa de vinho branco tinto.
O merceeiro comentou connosco... Naturalmente, porque precisava de tomar a decisão, entre o branco e o tinto.

Maria Manuela Aguiar disse...

Quando saiu do Hospital de Santa Maria, em Lisboa, trouxe a Maria comigo, de carro. A Endora, evidentemente, já estava em Espinho.
O motorista que me veio trazer ficou muito impressionado e disse-me: "Ela está muito mal".
Estava. Muito magra, muito pálida. Um mês naquele terrível e desumano hospital acelerou o processo da doença. Não a trataram, de modo algum - apenas lhe faziam exames, que deveriam ter sido completados em 2 ou 3 dias...
Eu, na altura Secretária de Estado do Trabalho, não tinha influência nenhuma, nem conhecimentos que a pudessem ajudar. O mais que conseguia era visita-la todos os dias, entrando clandestinamente na enfermaria, por uns complicados caminhos que alguém me mostrou.
Comprei-lhe um rádio, levava-lhe fruta, bolachas... E não só eu - também as simpáticas vizinhas, sobretudo a D. Floripes.
Em Espinho esteve apenas uns dois meses.