terça-feira, 10 de dezembro de 2019

JOSÉ AUGUSTO (com fotos)

JOSÉ AUGUSTO
Depois de contemplados avós e pais, chegou a vez dos tios:José (Barboza Ramos)  e Augusto (Aguiar) legarem o nome a mais um filho brasileiro, um rapaz vivaço, moreno, de enormes e incisivos olhos esverdeados, mais franzino do que os irmãos, e cedo deixando antever que seria o mais excêntrico dos excêntricos, talvez o mais inteligente, mas, sem dúvida, o mais genuinamente radical, o indomável... Em criança, muito gabarola, faceta amenizada, mas nunca totalmente perdida, numa tendência para exagerar as crónicas - ou não, porque algumas por inverosímeis que fossem, correspondiam à realidade. Era um revolucionário nato, laico e republicano (na voz do povo "foram as bençãos do padrinho", José Barboza, o famoso polemista, advogado, deputado e, por fim, magistrado e juiz conselheiro), Já o chamámos um "santo laico", porque não havia alma mais genuinamente cristã do que a sua. Já aos 14 ou 15 anos dava aos amigos pobres a sua melhor roupa, para horror da cristianíssima mãe. Memorável, o caso da doação de um sobretudo, bom e caro,  comprado por ela e que ele nunca usava A mamã quis saber porquê. Resposta pronta: "Dei-o a um amigo, que não tinha nenhuml"
 - Está bem, mas porque não lhe deste sobretudo velho?"
 - Mas porque havia de lhe deixar o velho? Em que é que eu sou mais do que ele?"

Assim foi sempre pela vida fora. Enquanto a irmã Carolina cuidava dos pobres do Barredo, ele convivia, mais perto, com os do Vinhal, Os irmãos troçavas, chamavam-lhe "o rei do Vinhal", onde era, de facto muito popular. O seu feito maior foi ter organizado, aí, cursos de explicações" gratuitos, onde ele se improvisou em mestre principal, com a ajuda de vários voluntários, arrastados pelo seu entusiasmo.  Ao que dizem, berrava imenso com os colegas/discípulos, quando não acertavam nas soluções, mas teve sucesso, os seus  alunos passaram todos. Ele, porém, chumbou. Sabe-se lá porquê.   Não terá ficado muito abalado, nunca perseguia nem fortuna nem reconhecimento. Foi sempre um despreocupado boémio, para grande preocupação da mãe. Muitas namoradas, nenhum casamento. A certa altura, decidiu partir para longe, tornar-se o único emigrante da sua geração, primeiro no Rio de Janeiro, depois, com as facilidades de um passaporte brasileiro, em Nova York.  Converteu.se no nosso fabuloso "tio das Américas", sempre feliz por nos acolher num pequeno, e muito bem situado 44º andar, com vista para o Hudson, a poucos minutos dos teatros da Broadway. Cada vez mais excêntrico, com o seu círculo de amigos predominantemente judeus, brasileiros e chineses. Podia ter feito fortuna, coisa para que, definitivamente, não tinha vocação, como "diamond setter" e "designer." de apreciado talento, Fazia, simplesmente dinheiro, que distribuía, generosamente. Um alegre e exuberante "santo laico














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