quarta-feira, 5 de novembro de 2008

W38 - ERNESTO ANTÓNIO AGUIAR DA FONSECA


O Super-Homem volta a Angola!


Ernesto António Aguiar da Fonseca - Nascido a 7 de Novembro de 1943, em Gondomar.
Em família, o "Nestó".
Em crianças, nós os filhos do Tónio, sempre o vimos como o super-homem, com a sua farda da Policia Militar.
Foi em Angola que fez o serviço militar, quando isso implicava risco de vida.
E agora está de novo em Angola, em missão de paz!
Para nós continua a merecer o titulo Super-homem, super primo, super ENGENHEIRO!

Convidamos a comentar e/ou contar histórias passadas com ele, a partir do dia do seu aniversário.

Beijinhos da Manela e Nónó




















































































































































































28 comentários:

MA disse...

Este é o grande Primo Nestó, que tantas vezes associo à imagem do meu Pai, não só pelas parecenças físicas - que são muitas - mas pela sua presença após a morte do meu Pai.
Desde pequenina que o seu espírito aventureiro me fascina...
Lembro-me bem de entrar mar a dentro no mar na praia de Mirarmar com a bandeira vermelha e o Nestó a "conduzir-nos", um de cada vez, pelas ondas gigantescas numa verdadeiro "mergulho de adrenalina".
Ainda agora, aí em Angola, provas mais uma vez esse teu espírito aventureiro e empreendedor...
Muitos Parabéns Primão!
bjs

Anónimo disse...

É verdade, jamais vou esquecer essa tarde de verão em Miramar com o super primo Nestó! ondas assustadoras...mas com ele tudo se descomplica!
Sabes que tenho um encanto e carinho grande por Ti...não só pelas parecenças físicas com o meu pai mas também por seres um ser humano muito especial!
Transmites-me força, coragem e determinação.
Toda a minha vida está marcada por momentos inesquecíveis passados contigo, a tua encantadora Zé e os teus meninos M. João e Pedro.

um abraço muito forte
Isabel

Maria Manuela Aguiar disse...

Já que estamos em temas marítimos, aproveito a "onda", para lembrar um Nestó ainda mais jovem, mas não menos arrojado: teria ele uns 15 anos,e nesse verão distante,de 58 ou 59,no mar tempestuoso das marés vivas de Espinho,cruzou o trajecto que vai de paredão a paredão, acompanhado por um amigo da mesma idade, com a mesma força, a mesma sumptuária audácia ( O Moutinho!). Porque fariam eles coisa tão espantosa? Perguntei, e fiquei sabendo que o meu primo era o autor da iniciativa (naturalmente...), inspirado em perigosa literatura para rapazes, que o convenceu da necessidade de correr grandes e voluntários riscos, para vir a ser um grande homem! Não sei se seria preciso tanto, mas, de qualquer moddo, resultou, plenamente, no caso concreto... Parabéns, Primo!

Anónimo disse...

Querido Primo
Falar de ti é fácil!
Lembrar e recordar férias, passeios, jantaradas, almoçaradas, passeios a pé e de barco, subir montanhas, voar e nadar …só contigo por perto!!!! Qualquer um se sente seguro, na tua companhia… é inesquecível!
Tenho muitas saudades destes momentos que vivemos juntos, momentos de aventura, alegria e prazer…
Agora que resolveste viver mais outra aventura…muito arriscada! … (para mim que sou uma “medricas”), não te esqueças que continuo pronta a embarcar contigo de férias para portos mais seguros.
Muitos parabéns e muitos beijinhos da Lélé

Maria Manuela Aguiar disse...

Uma improvável coincidência acaba de acontecer. Estava eu a tentar acertar, cronologicamente, o ordem das fotos neste "blog",pois havia uns "Nestós" pequenos, de calções, misturados com o jovem oficial Fonseca, impecavelmente fardado, ou o jovem pai Ernesto,de roupa "sport", como gosta, quando ouço bater nos vidros da porta da sala. Esgueira-se a foto, que procurava fazer retroceder no tempo ao qual pertencia. Levanto-me, à espera de ver a Olívia a dar um recado urgente, e deparo com a Zé e o Super Homem em pessoa! Prestes a voltar a Angola, já na 6ª feira próxima. Vinha, prontamente, buscar o saco que a mana Docas, uma hora antes, esquecera na estação de combóio, e que eu tinha recolhido, mas tarde demais. Já o Intercidades arrancava, de portas fechadas. Lá dentro, a Docas gesticulava, dando mostras de desusada agitação,e, por isso, não era difícil calcular que tinha perdido alguma coisa. Foi a sua maleta de tintas, que pesam arrobas, e valem uma fortuna. Com elas, poderia ter operado maravilhas, numa ou duas telas . Desta vez, nem as abriu. Primeiro esteve com a Mãe, muito constipada(a mãe, não a filha), depois veio aqui para casa, onde tem um "estúdio", mas como só ficou uma semana, metade da qual eu tive de passar em reuniões em Lisboa, não houve quem a instigasse a trabalhar, e com 4 dias na linha do horizonte de partida, quando cheguei, ninguém a conseguiria pòr em frente a uma tela, ainda que pequena. Eu tentei. Perante a recusa,insisti que se voltasse para o "blog", e comentasse episódios da vida do Pai. Revelou-se uma verdadeira jornalista! O Tio Eduardo está, assim, merecidamente, no "top", em número de comentários. Mais uns dias e seria o Nestó, a ter a sua trajectória profissional e familiar contada a preceito... Fica para a próxima, depois do Natal. Devo acrescentar que, em matéria de desenho e talento para a escrita, ninguém bate o Nestó. Em criança, era obviamente um superdotado, particularmente nestas áreas, mas não só... Os seus desenhos, aos 6 ou 7 anos, eram espectaculares. Um rosto de "àrabe",de turbante, que eu guardei durante décadas e dei à Mª João, parecia obra de um adulto talentoso. As cartas, mesma escritas ao correr da pena, revelam domínio da língua e um sentido de humor, que é, seguramente, herança paterna...Vamos publicar algumas. Esta minha mania de guardar tudo, como a Tia Rosaura, tem algumas vantagens. Quase 50 ou 60 anos depois, dezenas e dezenas dessas divertidas epístolas de infância e juventude, aí estão, para quem quiser ler.

Maria Manuela Aguiar disse...

No sábado,dia 22, tivemos as habituais e sempre muito apreciadas visitas da Tia Lola e Zé, desta vez acompanhadas do Nestó, já quase em fim de férias (que, foram passadas, em larga medida, em reunões de trabalho e a resolver as burocracias do "visto" angolano), da Xaninha, Nó(já de caracóis de cabeleireiro - tem um cabelo espantoso!)Tózinho e Tété, do Carlos e Káká, do Tó (que tem aparecido pouco, mas é sempre uma alegre companhia) e, tarde, mas ainda a tempo de dar um abraço ao "super primo", do Kika. Com a anfitriã Mª Antónia, comigo e com a Docas, (sem falar nos 7 gatos), uma casa cheia, coma a minha Mãe gosta! Fiz fotos e video comprovativos. Depois, à saída da Tia Lola, levando filho e nora, fui fazer as despedidas ao carro, na R. 16, e o Nestó lembrou-se que foi, precisamente, ali ao lado, na esquina das ruas 62 e 16, que acordamos o plano de lançar uma revista, que se chamaria "O ovo". Há cartas dele, a desenvover esse sugestivo projecto - porém nunca levado a cabo, como tantos outros dos nossos sonhos. Imaginação nunca nos faltou. Outros foram os óbices!

Anónimo disse...

Os meus parabéns "GANDA MALUCO!!!!!" e viva as ferias em IBIZA montados no touro mecânico e a engatar a preta (a nossa amiga Matumbina)

Um grande abraço

Guilherme

Anónimo disse...

Nestó
Você como companheiro de viagem é excepcional mas como chefe de grupo, a MAIOR DESGRAÇA possível.

Um Abraço

Anónimo disse...

Docas disse: Na Freixeda, as correrias que fazíamos, quantas vezes eu ganhava, apesar de ser mais nova, mais baixa e muito magrinha! E tu, ainda hoje, falas nisso - tais foram os traumas - (mas com ternura, evidentemente!).
Aliás, desde sempre te preocupaste com as tuas irmãs, um sentimento protector, sem egoísmos e, por seres o mais velho, sentias responsabilidade em relação às duas irmãs mais novas.

Anónimo disse...

Docas lembra: Na escola primária, em vez enquando, eu e o Nestó, não íamos à escola - andavamos a passear plos campos, muito entretidos. Uma vez em que a Mãe veio ao Porto, deixou uma amiga a tomar conta de nós (a Julieta, ou a Olímpia) e, numa tarde, faltamos às aulas. Tive vontade de fazer as minhas necessidades e pousei a carteira à beira do caminho. Entretanto, o Nestó explicava-me que o rabo era limpo com uma pedrinha lisa, escolhida nos meios dos campos (já tinhas aprendido com os teus colegas da escola)... Ora, quando fui buscar a minha carteira da escola, ela tinha desaparecido. Eu, chorava, comprometida... Não podiamos confessar que tinhamos faltado às aulas. O Nestó sugeriu: Vamos dizer que te esqueceste da carteira, na escola. Assim foi. Só que a resposta da amiga da Mãe, veio pronta: então, vão a casa da professora pedir a chave e buscar a carteira à escola. Nova choradeira na rua - já não havia justificação plausível a dar.
Por fim, lá tivemos que contar a verdade e só depois de confessarmos, nos foi dito que a pasta estava lá em casa, porque um dos miúdos quando saiu da escola de regresso a casa, viu a carteira e reconheceu-a, levando-a a nossa casa!

Anónimo disse...

Docas disse: A partir dos meus 7 anos de idade, eu e o Nestó, andavamos nas nossas brincadeiras, quase sempre juntos, mas as lutas e bofetadas também eram frequentes. Brincamos aos "polícias e ladrões". Numa das vezes trepou para o telhado da casa de arrumações. Eu, dei conta e, escondi-me na parte debaixo, com uma mão cheia de areia, à espera que ele saltasse. Assim foi. Quando o Nestó se sentiu seguro, deu um grande salto para o chão, o que o fez abrir a boca no meio do ar - aproveitei e, nesse momento, lancei a mão cheia de areia para a boca.
Quando havia outros rapazes (Nestó, Tavinho e Rui), não me deixavam participar nessas brincadeiras. Lembro-me, pelo menos de uma das vezes, ter ficado muito ofendida a chorar muito alto. O Pai, obrigou os "meninos" a que me deixassem brincar com eles, aos "polícias e ladões". Furiosa, por ter sido excuída,de início, por eles, empenhava-me muito em os superar e ganhar-lhes. nessas guerras.

Anónimo disse...

Docas comenta: No quintal a um canto da nossa casa, aproveitando o muro, contruímos um cabana com tábuas de restos de madeira(Nestó, eu, Tavinho, Rui e Xana). Por alguma razão, que já não me lembro, todos se zangaram comigo e fui expulsa da cabana. Outra vez a chorar muito alto... O Pai, veio ter comigo e disse: Não te importes, que vou fazer uma cabaninha mais bonita que a deles. Foi à arredação trouxe uma grande arca, tirou-lhe o fundo e colocou-a ao alto (a tampa fazia de porta). Uma tábuas de lado e em cima, com o caixilho de uma janela e montou uma campainha na porta de entrada (na tal tampa da arca) -brinquedo de electricidade que tinha sido oferecido ao Nestó. A minha cabana estava situada mesmo em frente à deles - só minha - um luxo!

Anónimo disse...

Docas comenta: As nossas refeições eram sempre muito divertidas - uma risota constante. Eu achava sempre graça às anedotas do Pai e às palhaçadas do Nestó!
Creio que ria com facilidade. Era uma criança alegre. Uma vez, já mais velha (talvez 10 ou 11 anos) fui com o Nestó ver um filme do Cantinflas, no Porto. Ri de tal maneira e tão alto, com as lágrimas a correram pela cara abaixo de tanto rir (sem dar conta do exagero), que o Nestó, envergonhado, dava-me cotoveladas para me portar com mais compostura. Quando saímos do cinema disse-me, que um casal sentado ao nosso lado, nem viam o filme a olhar para mim e também a rir, mas por verem a alegria de uma miúda de 10 anos, acompanhada pelo seu irmão mais velho e mais sereno.

Anónimo disse...

Docas comenta: Na Freixeda, o Nestó tinha um grande amigo, o Pedro. Viva só com o pai (não tinha mãe). Eram muito pobres. Quando passeavamos de jeep, algumas vezes, o Pedro ia connosco. Há fotografias nossas na Serra de Bornes e o Pedro ao lado, todo encolhido de frio. Mais tarde, o meu Pai levou-o para trabalhar na quinta dos meus avós, em Rio Tinto. Depois, soubemos que tinha emigrado para França, onde ganhou bem e juntou algum dinheiro - casou, teve filhos e construiu uma casa próximo da Freixeda (suponho que de férias).

Anónimo disse...

Docas comenta: O Nestó tinha um espingarda para ir à caça sozinho, ou com o Pai. Muitas vezes o Pedro acompanhava-o. Uma dia, a brincarem com a arma, o Nestó pensou que estava descarregada -sem cartuchos. O Pedro apontou a espingarda para o peito do Nestó e desviou-a: não tem graça apontar para o peito! Então, aponta para a cabeça, sugeriu o Nestó. Apontou, mas voltou a baixar a espingarda: quero fazer pontaria a um alvo mais longe e pequeno. O Nestó disse: aponta para aquele buraco ali na parede. O Pedro puxou o gatilho e à volta do buraco, a parede ficou crivada de chumbo.

Anónimo disse...

Docas comenta: O Nestó fez a 4ª classe na Freixeda e o exame, supunho, que em Bragança. Depois foi estudar para o Colégio da Formiga, semi-interno. Ficou em casa dos avós paternos, em Rio-Tinto. No colégio teve um grande amigo, o Moutinho, que passava algumas férias em nossa casa, na Mina da Bica. Frequentemente, ele e o Nestó iam à caça, com o cão Nerú, das perdizes e coelhos - andavam o dia todo, debaixo de um sol escandante e chegavam a casa estafados. A mina fica na cova da Beira, com muito frio no inverno e muito calor no verão. Quando o Nestó regressava a Rio Tinto e ao colégio, o Nerú aninhava-se no hall de entrada da casa, onde ficava dependurada a espingarda e passava horas a chorar.

Anónimo disse...

Docas comenta: Quando eu e a Xana, acompanhavamos o Nestó nas caçadas, levavamos um bocado de sal, um frasquinho de azeite e fósforos. Os passarinhos eram depenados, postos num espeto de pau, com sal, azeite e feito um churrasco na fogueirinha - comidos, logo ali, no meio dos campos. Sabia melhor, do que uma refeição feita em casa, ou seja, arroz de pardais!

Anónimo disse...

Docas comenta: O Nestó tem ainda hoje, guardado um cartão meu, de Boas-Festas, que lhe enviei para Angola, num dos Natais. Só muitos anos depois, é que ele contou: aquele cartão era o seu talismã de boa sorte, que o acompanhava sempre que ia numa incursão de guerra, a comandar um batalhão (ou pelotão, não sei), como alferes miliciano. Uma das vezes saiu a comandar os militares, para uma operação perigosa e a meio do caminho, quando deitou a mão ao bolso, reparou que se tinha esquecido do cartão, no acampanhamento. Fez os militares voltarem para trás, com ele, já muitos kilómetros andados, a buscar o seu talismã de boa sorte na guerra (meu cartão de Boas-Festas).

Anónimo disse...

Docas comenta: Muitas vezes, na Freixeda, também brincavamos dentro da mina, ao domingo, que era o dia de folga dos mineiros. Entravamos dentro da mina, com a um grupo de miúdos dentro de uma vagoneta que era empurrada em cima dos carris, por um deles. Os mineiros usavam um gasómetro, dentro das galerias, mas nós, como íamos sem a autorização do nosso Pai, não tinhamos gasómetros. Sem luz, não viamos um palmo à frente do nariz... Eu e o Nestó, íamos a frente da vagoneta, pé ante pé, a bater om um pau à nossa frente, para inspeccionar o caminho, não fosse de repente surgir um poço, ou uma das várias galerias que atravessavam o interior da mina.
Hoje, vejo os perigos que, inconscientemente, corremos na nossa infância! Mas são estas aventuras, que ficam para sempre, gravadas nas nossas memórias.

Anónimo disse...

Docas comenta: Estávamos ainda na Freixeda e um dia, o Nestó correu grande perigo, numa ida a Mirandela, de camioneta, conduzida por um indíviduo de Frechas que tinha ido à mina, mas, entretanto, precisava de ir buscar qualquer coisa a Mirandela. Como era só uma viagem de ida e volta, o Nestó quis ir com ele. Foi pedir autorização à Mãe. Primeiro, disse que não. Mas ele insistiu tanto, que a Mãe acabou por ceder um pouco: está bem, vai pedir ao teu Pai e se ele concordar, podes ir - claro, o Pai disse que sim - seria uma viagem pouco demorada.
No caminho, o condutor parou, para também convidar um amigo de Frechas, que regressava a casa, depois de um dia de trabalho, no campo. Insistiu com ele. Atrás, na caixa aberta, o Nestó sentou-se num saco de batatas. Como o condutor ia com grande velocidade, pouco antes do acidente, o homem disse ao Nestó: é melhor o menino não ir aí sentado, pois é perigoso. O Nestó levantou-se e foi agarrar-se aos ferros da parte da frente, com um vidro a separar a caixa aberta do condutor e por onde podia observar a estrada. De repente, numa curva, o condutor, com excesso de velocidade, perde o controlo da carrinha e vai embater contra uma árvore. No meio da poeirada, quando tudo serena, o Nestó olha para o lado e vê: a cabeça do companheiro estava espalhada pela árvore... Um horror!Lembro-me que a Mãe, nesse dia, teve um mau pressentimento (eu estava ao seu lado dela), quando para um carro no alto da mina e exclama: - Trazem o meu filho morto! É que, depois de se ter dado o acidente, quem passava por ali, parava para saber o que tinha acontecido. Até que alguém reconheceu o Nestó. Ficou admirado por ele ter saído ileso do acidente e, felizmente, levou-o a casa, são e salvo.

Anónimo disse...

Docas comenta: "Tal pai, tal filho". Fala-se muito das distracções do nosso Pai, mas o Nestó não lhe fica atrás. A Zé conta que uma vez, o Nestó entra em casa, sem o filho. Pergunta-lhe pelo Pedro. Vinha comigo. Não entrou já em casa? Veio a verificar-se que não - o Nestó saiu do elevador, largou a porta, não reparou e, o Pedro, pequenino, ficou lá dentro sozinho, até ser recolhido!

Maria Manuela Aguiar disse...

Tinha eu 6 ou 7 anos, e o Nestó menos um quando aconteceu o que vou contar:
O Avô Ernesto levou o Nestó ao circo, no Coliseu. Ele veio entusiamadíssimo e passou a descrever, e mesmo a exemplificar, tudo o que tinha visto. Com tanta graça e detalhes, que nós até nos sentíamos a assistir ao espectáculo.O circo Nestó!
O pior foi quando ele resolveu mostrar aquele número do atravessar o espaço em cima do arame. Pegou num fio, atou-o a duas cadeiras da Avó Maria, de costas voltadas uma para a outra, à distaância de um metro e tal, e, com toda a audácia e firmeza, avançou sobre o fio, de pé direito, para o nagalho, bem esticado. Mal pousou o sapato no fio, ambas as cadeiras desabaram, inesperadamente, sobre ele.. Mas não houve lesões. O que nos rimos!...

Maria Manuela Aguiar disse...

A Docas, como se vê, ou se lê, cumpriu a promessa de contasr pequenas histórias saborosas sobre o mano.(O sabor da infãncia partilhada!).
Não trouxe as tintas e pinceis, e, por isso, para além do "footing" à beira-mar, a sua única tarefa obrigatória é escrever no blog.
Missão que vai cumprindo!
Ontem, foi com o Nestó e Zé até Aveiro. Tão grande foi o dia, como a romaria. Não produziu uma linha.
Mas, na véspera, o Nestó, durante uma divertida tarde espinhense em família, enquanto tomávamos o nosso "royboos tea", descreveu cenas hilariantes, sobre a sua vida nos confins de Angola, que hão-de aparecer aqui,um pouco mais adiante...

Anónimo disse...

Docas comenta: Na Freixeda, o meu Pai fez assinaturas das revistas "O Cavaleiro Andante" e "Tim Tim", em nome do Nestó. Eram enviadas por correio, penso que, mensalmente. Uma dia, eu e o Nestó, decidimos fazer cinema, com essas histórias "aos quadradinhos" - cortadas e depois coladas em tiras de folhas de papel, por fim formando uma única tira com vários metros de comprimento, enrolada numa manivela (fazia parte do brinquedo " O Mecanico") e colocada numa caixa de sapatos, onde foi aberta um espécie de janela a fazer de écran. A minha Mãe pôs à nossa disposição a casa de arrumações, que era também o quarto da empregada. A caixa foi posta em cima da uma mesa, com duas velas, uma de cada lado. Em frente, várias cadeiras em fila (uma autêntica sala de cinema). Entretanto, a Xana, fez o anúncio, contactando os miúdos da aldeia e distribuindo os bilhetes, cujo preço, obrigava cada um deles, a entregar fruta, à entrada. Nesse dia, muitas, crianças da aldeia subiram às árvores, para roubar fruta. Eu, à porta da sala, com a mala da escola, guardava a fruta na "sacola", conforme os miúdos iam entrando.
O filme começou, com as janelas fechadas e à luz das velas. O Nestó contava a história. Era grande o entusiamo da miudagem - riam e batiam muitas palmas. No fim, eu e o Nestó, fomos para o palheiro comer a fruta toda. Alguma ainda não estava muito madura e, o resultado não foi brilhante!...

Docas disse...

Na Freixeda tivemos um cão "de raça "tansmontana", o Dragão - cão muito grande, pelo curto, beje, com manchas castanho claro e pernas altas. Em bébé era um terror... Roubava os nossos sapatos e levava-os para brincar num palheiro, próximo de casa. Agarrava os meus vestidos e os da Xana, com os dentes abanava para um lado e para o outro, até se rasgarem. Comia um grande panalão de sopa - quando acabava a refeição, lá ia com a panela nos dentes, até ao palheiro. Era o nosso querido cão! Cresceu...
São muito dóceis, mas têm necessidades de acompanharem rebanhos. Há pouco tempo, estavam em vias de extinção, parece-me que, presentemente, querem recuperar esta raça de cães. Quando regressavamos das férias no mês de Agosto, em Espinho, ele parecia maluco: corria de alegria à volta da nossa casa, vezes sem fim , saltava, os arbustos de plantas e flores do jardim! De vez enquando desaparecia de casa durante uma ou duas semanas. Sabiamos que andava nos montes com um pastor e o seu rebanho - era o seu instinto... De uma das vezes, apareceu em casa com grandes peladas no pescoço. O meu Pai fazia-lhe o curativo todos os dias e depois pos-lhe uma coleira no pescoço, com bicos aguçados. O pastor contou que tinha lutado com lobos esfomeados! Sei que alguns pastores ofereçam ao meu Pai, dinheiro pelo Dragão. Mas ele, nunca o quis vender. Até que deixamos a Freixeda e nunca mais soube dele. Espero que tenha ficado bem, com um dos pastores. Durante muito tempo não pensei no Dragão, mas últimamente, tenho recordado este cão com muita ternura. Não me lembro se também aompanhava o meu Pai e o Nestó, nas caçadas, Tenho uma vaga ideia que sim...
Já na Mina da Bica, tivemos um rafeiro, cão pequenino, cheio de pelo, muito querido. Fomos buscá-lo à Mina da Quarteira e no jipe ao meu colo, tremia todo. Chamava-se Neru. Ia sempre com o Nestó à caça, durante as férias de Natal, Páscoa e Verão. Quando o Nestò ia estudar para Rio Tinto, para estudar no Colégio da Formiga, a espingarda ficava dependurada na Entrada da casa e o Neru deitava-se debaixo da espingarda e chorava durante dias. O Neru foi bárbamente assinado, por vingança, quando estavamos todos ausentes, de férias em Agosto (os meus pais e nós). Que ele nos perdoe por não ter sido protegido pelos donos... Agora, também me lembro, com saudade, deste grande companheiro, que perdeu a vida ainda novo! Sim, é verdade, os animais que vivem connosco, passam a fazer parte da nossa família! E quando envelhecemos, as recordações mais próximas ficam - o Dragão e o Neru, são os animais que amámos, os nossos grandes companheiros de infância.

Docas disse...

Depois de ver a fotografia do "Dragão", a sua imagem ficou-me na memória mais nítida: o pelo dele não era beije, mas sim branco, com manchas de cor beije - um cão muito lindo!
Quanto ao Neru tenho a acrescentar o seguinte: apesar de ir à caça com o Nestó, espantava todas as perdizes, pássaros, coelhos, etc. Ficava muito quietinho atrás de um arbustro com o Nestó, mas quando aparecia algo que mexesse, começava logo a correr e a ladrar atrás da caça, sem apanhar nada... O Nestó não conseguia dar um tiro e ele distraia-se muito...
O Neru parecia um ursinho em miniatura - era muito peludo, de cor castanha.
As fotografias do Dragão e do Neru estão no blog.Docas

Anónimo disse...

Manuela disse:
Não cheguei a conhecer o Nerú - mas, pelos relatos, de que me lembro bem, imagino que devia ser um cãozinho encantador. E nem posso pensar no que lhe fizeram. Na altura, a Tia Lola escreveu-nos, a contar o que lhe tinha acontecido, e eu fiquei chocadíssima. Sempre gostei muito de animais e não suporto vê-los maltratados - acho que o castigo devia ser semelhante ao dos maus tratos a pessoas. Acho que esses monstros deviam ser sujeitos a tratamento psiquiátrico!
Ainda hoje, nem gosto de pensar nesta história.
O caso do Dragão é bem diferente. Todos os pastores da aldeia o conheciam e gostavam dele -até queriam compra-lo. Por isso, de certeza que o Tio Eduardo o deu a um deles. Imagino que terá sido sempre um cão feliz e "realizado".
Desse, recordo-me perfeitamente. Era lindo, muito, muito lindo - uma estampa! - manso, grande, simpático. Brincávamos muito com ele, foi um verdadeiro companheiro, durante férias transmontanas de sonho.

Maria Manuela Aguiar disse...

CV brevíssimo:
Primária na Escola da Freixeda, com a Profª D. Zélia. Exame final na cidade de Bragança.
Curso do liceu, até ao 5º ano no Colégio da Formiga, em Ermesinde.
Nessa altura vivia em casa do Avós, em Rio Tinto.
6º ano em Setúbal, 7º ano num colégio do Porto (em Sta Catarina).
No campo desportivo, distinguia-se na natação, remo, futebol...
Serviço militar obrigatório atrasa o curso de engª civil, repartido por diversas universidades. Começa em Lisboa, onde fazia serviço militar. Prossegue em Luanda, depois de terminado o tempo de tropa em zona de guerra.
Termina, brilhantemente, na UC - universidade do Porto!