terça-feira, 15 de setembro de 2009

W128 - CRISTINA FERNANDA AGUIAR SARAIVA LAMB

A Cristina faria hoje anos.
Numa das forografias que nos ofereceu deixou escrito no verso:
"Às minhas primas, para que nunca me esqueçam de mim".
É um desejo perfeitamente satisfeito, porque a lembramos constantemente. A sua alegria e vivacidade (perto de nós estava sempre bem disposta!), a sua "extroversão" tão própria dos Aguiares, que são, por natureza, comunicativos (pelo menos os que lembramos como "paradigma", pois haverá excepções, ou seja, Aguiares tristonhos, mas são poucos e não contam para este efeito). A Cristina era a 5ª essência das virtudes de saber estar e comunicar com o seu semelhante, português, alemão japonês...universal. Qualidades fantásticas no interior da família, mas, também, profissionalmente: enquanto trabalhou como gerente dos negócios do irmão António, no ramo da importação e comercialização de material fotográfico, máquinas, filmes (incluindo de uma marca já desaparecida a Adox, e ,ainda, canetas Montblanc e outras igualmente de Iª classe) fez sempre sucesso - pela competência e simpatia. Com ela vendas e lucros iam por aí acima!... Representava muitas vezes a firma, no estrangeiro. E o António - outro típico Aguiar, generoso, divertido, por sinal , mais parecido com o Avô António Aguiar, seu padrinho, do que qualquer dos filhos, segundo a própria Avó Maria nos afirmava - ficou desolado quando ela aceitou casar com um dos seus empregados alemães, o Ernst Lamb e partiu para a Alemanha, na qualidade de Frau Lamb, dona de casa. Uma perda absoluta, para a empresa,família - que só a revia no verão - e para ela, que não tinha vocação para se limitar a tratar de assuntos domésticos, nem gostava de viver como "emigrante, abastada, embora!
Não importa há quanto tempo desapareceu do nosso convívio. Connosco, enquanto por cá andarmos, está bem viva na memória e numa profunda amizade.

6 comentários:

António Aguiar disse...

Manela, a 3a foto foi tirada na foz? parece mesmo a zona do molhe!

Maria Manuela Aguiar disse...

Tens toda a razão: a foto foi mesmo tirada na Foz, num dia lindo, no verão de 1975. A Cristina convidou-nos para lanchar e levou-nos, a todas, de carro.
Eram as férias dela, à vontade - isto é, sem marido, que era muito possessivo e não gostava de partilhar as atenções dela com os ruidosos Aguiares... - com tempo para conviver com a família e as incontáveis amigas que tinha por todo o norte de Portugal.

Maria Manuela Aguiar disse...

A fotografia em que está junto a um sinal de trânsito foi tirada por mim em Dinkelsbühel, uma lindíssima vila antiga, das poucas que a guerra deixou intactas naquela região da Alemanha, não muito longe de Aalen, onde a Cristina e o Ernst viviam - num andar esplêndido, com uma varanda enorme, cheia de plantas e flores. Ajudei a Cristina a rega-las, muitas vezes, quando lá ficava.
Escolhia uma semana no verão para passar com ela, quando o Ernst não estava - de contrário não poderíamos passear tanto...
Ele era gerente - ou administrador? - da Rodenstock e fazia viagens frequentes para destinos longínquos, como o Japão.

As outras fotos são de um jantar em casa dos sogros.
Na da Foz - tirada pela minha Mãe, aparece a Rosinha, a irmã mais velha da Cristina, uma das tais muitas amigas e eu.

Maria Manuela Aguiar disse...

Note-se: o Ernst gostava de mim e eu gostava dele! Sempre me dei bem com alemães e ele não era excepção!
Por isso, às vezes, ía antes dele partir, um ou dois dias, para podermos conviver um pouco. Levava-nos, à Cristina e a mim, ao cinema, ao teatro, a jantar a óptimos restaurantes... Era muito divertido, falava bem português. Analisávamos, os três, a "revolução" do 25 Abril, depois que ela aconteceu e muitas outras situações de política internacional e, também, futebol, ou música. Interesses comuns! Afinidades!

Creio que eu era a sua Aguiar favorita: a única que o acompanhava num bife tártaro ou num prato de peixe crú, que o português normalmente abomina.

Maria Manuela Aguiar disse...

O António fez no blogue um comentário muito simpático - como quase todos os seus comentários - sobre a elegância das senhoras da família.
Pois bem,a Cristina era verdadeiramente elegante! O mais possível.
Sempre a vi vestida como um modelo.
E recordo-me de me ter dito que é fácil andar bem, quando se gasta muito dinheiro. O difícil era conseguir esse efeito (como ela conseguia!)com um guarda roupa relativamente reduzido.
A Cristina até dispunha do dinheiro mais do que suficiente para comprar dez vezes a roupa que tinha, mas era muito equilibrada e contra todos os exageros.
Inteligentemente elegante!
Boa cabeça, bom senso, bom gosto.

Maria Manuela Aguiar disse...

Estava, há pouco, a ler o jornal "O Jogo". Na 1ª página, uma grande mala carimbada com os símbolos do Mundial de futebol na RAS e dos campeonatos que o antecederam.
A olhar o malão de couro, logo me lembrei da Cristina.
Quando era jovem usava-se ainda encher a superfície das malas de viagens de autocolantes de hotéis.
E a Cristina, que era a pessoa mais viajada da família, em muitos e bons hotéis, oferecia-nos esses interessantes adornos, que usavamos abundantemente nas malas que levavamos para o colégio, ou para férias.