
Os vizinhos do Porto. do nº119 da Rua Latino Coelho, para onde fomos morar em 1958. Eles no rés-do-chão esquerdo, nós no direito.
Bem tentou a Mãe manter-nos à margem do convívio com os outros habitantes do prédio - acabámos, a Lecas e eu, (e depois, até também os nosso relutantes Pais) de nos relacionarmos bem com todos... Será didícil encontrar, em qualquer tempo ou lugar, um coletivo de vizinhos mais tranquilos e simpáticos.
Mas amizade, amizade, para sempre,como se laços de sangue houvesse, para além do perfeito entendimento, só mesmo com os Razzini.A convivialidade iria estender-se ao resto da família - àquela com a qual estávamos em constante contacto - a Avó Maria, a Tia Rosaura,a Tia Lena eo Tio David, o Mário e Meira, o Tónio e Xaninha, os meninos de ambos os casais.
Uma algarvia,
um seciliano, e o filho, então com sete ou oito anos.Tinha eu dezasseis, a Lecas menos um, os Pais andavam ainda na casa dos trinta. Os Razzini eram alguns anos mais novos.

As senhoras, simplesmente donas de casa. O que não significa, no caso de ambas, dóceis e submissas esposas. Bem pelo contrário...
A Maria do Carmo era senhora de muitos talentos: para a pintura, para a (alta!) costura, moda, para todas as artes domésticas (cozinha, decoração de casa) e até para a política (seria, muitos anos depois, presidente da Junta de Freguesia de Olhão, no pós revoluçºdo 25 de Abril)... Não estão a ver a célebre Maria Antónia a rivalizar nessas artes, excepto no que respeita ao gosto pela moda...
O vizinho, era sócio das padarias que começavam a comercializar or "gressinos". O Pai, fora um milionário, com empresas de pesca em Olhão - das quais foi espoliado pelo Estado, durante a grande guerra, ludibriado nas indemnizações arbitradas pelos tribunais (pagaram-lhe, em moeda antiga, logo, uma ridicularia... ). O filho lançou-se noutros negócios, de menor dimensão. Era mais algarvio do que italiano. Veio muito novo, com o Pai, integrou-se, perdeu a ligação à Itália, mas nunca perdeu o sotaque! Falava um português perfeito , com bonito sotaque















6 comentários:
A mãe sempre me lembra que, um dia, quando era mais novo, um pouco gordinho e baixo, a Sra. Maria do Carmo disse: este rapaz será um grande e bonito homem! E de facto estou melhor em todos os aspectos e todos os dias trabalho para ser uma pessoa melhor!
Um bem-haja e um muito obrigado para esta eterna amiga!
maria teresa aguiar botelho
disse...
São raras as memórias que tenho da Sr. D. Maria do Carmo, pois ainda era muito pequena quando a conheci,por isso não posso contar ninhuma história, porque não me lembro, mas posso dizer com toda a certeza que era uma senhora muito simpática e pelo que contam era muito divertida.
Beijinhos Tété
Maria Manuela Aguiar disse...
Era simpática, era divertida, era talentosa em muitos, muitos domínios, e era, como se vê pelas fotografias, uma jovem lindíssima!
Ainda assim era quando aconhecemos no Porto.
Agora imaginem a ciumentíssima Mª Antónia a conviver com a deslumbrante loira do andar ao lado...
Até chegar, muito rapidamente, à conclusão de que a vizinha era ainda mais séria e recatada do que bonita!
Confiança absoluta!
Mas o mérito de estabelecer o relacionamento ficou a dever-se às meninas, que desobedeceram à ordem materna de não falar com ninguém do prédio.
A Maria do Carmo era senhora de opiniões firmes e não cedia um milímetro!
Tinhamos frequentes discussões, em que cada uma ficava "na sua" (opinião).
Muito amigas, mas nem sempre de acordo.
Sempre de acordo estava a Lecas e, também, a Mãe, que era influenciável por esta amiga, embora o não fosse por mais ninguém.
Ora uma dessas opiniões seguras, e, como muitas outras, perfeitamente profética foi essa afirmação sobre a transformação do António, rapazinho baixo e gordo, num belo homem.
Parece que estou a ouvi-la:
"Vocês vão ver! Ele vai ser um homem muito interessante. Interessante e bonito!"
Acertou!
Não sabia é que o António sabia desta história.
O que descobrimos num blogue...
NÓNÓ disse:
Lembro-me da Tia Maria do Carmo desde sempre. Enquanto os Tios viveram em Latino Coelho, nós eramos visitas frequentes aos fins-de-semana. O meu avô Serafim gostava muito desta familia e o meu pai, nem se fala, a Tia Giginha era a sua tia preferida, que me desculpem as outras, mas era verdade. Pois foi em casa da Tia Giginha que conhecemos a Tia Maria do Carmo. Uma mulher lindissima, muito interessante e uma grande conversadora. E mais, gostava de crianças. Em latino Coelho, muitas vezes ficavamos lá enquanto os adeptos do FCP iam ao futebol. Nós, as crianças, Tia Giginha, Tia Maria do Carmo e Tia Rosaura e a minha mãe lá passavamos a tarde na conversa, e à mesa, claro!
A Tia Maria do Carmo, como ela queria que lhe chamassemos, prendia-nos a atenção pela sua beleza e maneira de falar, algarvia, à qual achavamos muita graça.
Vamos sempre lembrar esta senhora.
Teresinha
Nónó disse:
A propósito de crianças, a Sra. D. Maria do Carmo, como já disse, tinha muito paciência. Lembro-me, já em Espinho, o Tózinho teria uns 7 ou 8 anos, e tinha que declamar um texto para a escola, "trabalho" que ele detestava, e a Sra. D. Maria do Carmo, para além de o ter ajudado a decorar e declamar o referido texto, fê-lo de tal maneira, que o Tózinho libertou uma veia que desconhecia e estava radiante com o seu feito.
Bjs.
Teresinha
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