terça-feira, 15 de setembro de 2009

W127 - SOCORRO! Tenho 16 anos e sou operário numa fábrica de têxteis!




Em plenas férias de Verão levantar às 7h da manhã não é pêra doce! Pois é, foi por isso que eu passei quando fui trabalhar 1 semana numa fábrica de têxteis para funerárias chamada "Hermann-Novus". Às 7h45, de marmita na mão(com restos do jantar do dia anterior), apanhava boleia do dono da fábrica, o que já era uma grande sorte, rumo ao referido edifício, em Rio Meão. O trabalho começava às 8h00 da manhã e o cheiro a óleo e a borracha queimada era uma constante! As tarefas a fazer eram diversas: carregava rolos de fio, vigiava as máquinas no seu funcionamento, confirmava o inventário de centenas de metros de fio, não esquecendo as inúmeras asas de caixões que havia para contar! Oito horas de trabalho no total a fazer isto e 1h30 de descanso! O que me fez aguentar semelhante trabalho foi de facto as amizades e as risotas com os outros empregados (que também esperavam pela hora de beber a sua "lourinha fresquinha")... Ao soar da campainha, todas as pessoas ficavam sorridentes, mais um dia de trabalho acabara. No regresso vinha na carrinha dos trabalhadores, demorando sempre 1 hora a chegar a casa, por volta das 18h30.

O que é que está origem deste "abuso de menores"?

No dia 18 de Março, na festa de aniversário da minha prima Catarina, resolvi pegar no carro da mãe (na foto em baixo) sem autorização e conduzi-lo, como habitual, só que tive um acidente, parti o carro todo, e sabendo que para grandes males há grandes remédios, um castigo rigoroso foi-me aplicado, e aí pude gritar:
"SOCORRO! Tenho 16 anos e sou operário numa fábrica de têxteis!"


9 comentários:

MA disse...

Lindo! Onde é que já ouvi histórias semelhantes de carros desfeitos e adolescentes a conduzir!?!?!?! Deve ser de família!
Então fizeste amigos na fábrica? A Nela, a Gina e o Tono?
Deixa que também fiz o meu estágio numa fábrica há uns bons anos atrás! Bom, era uma fábrica um bocadinho mais in: era de engarrafamento de vinho do Porto, agora uma fábrica têxtil de "funerósticas" lindo!
Ai, a marmita é do melhor e a carrinha tipo "obras" cheia de operários...
Afilhado, ganha juizinho, mas não deixes de nos divertir e contar estas belas histórias.
Bjs

Carolina disse...

Isso é que é trabalhar, maninho!
Foi bem-feita, porque fizeste uma asneira enorme!
Quem é que faz isso? Ninguém, claro! XD!
Beijinhos

Maria Teresa Aguiar disse...

Parabéns Tózinho, mostraste que sabes dar a volta por cima. E muito bem!
Quando a tua mãe me contou, chorei de tanto rir, no meio dos protestos da Tia Giginha, Avó Xaninha e Manela, a imaginar-te a sair de manhã de marmita na mão e boné à trolha.
Como disse a Tia Kika, relativamente a adolescentes que pegam nos carros, eu fui uma delas. Teria a tua idade e resolvi dar uma volta ao quarteirão, que até correu muito bem, no Opel Record 1900, do Avô Toninho, que já tinha falecido, e que ficaria tristissimo, pois adorava carros em geral e este em particular, mas à terceira volta o "inesperado" aconteceu e lá bati com o lado esquerdo numa esquina, que não era suposto ali estar... Não houve consequências mais graves que um farol, um farolim e uma amolgadela, graças a Deus. Ao menino e ao borracho põe-lhe Deus a mão por baixo. O Avô Serafim não me repreendeu pois, para além de não ser machistas, eu era a menina bem comportada daquela ninhada de sete. A única pessoa que me "insultou" e gritou, imaginem lá quem? o Tó, o meu mano velho, que era o especime mais exemplar para me ralhar, como se o carro fosse dele e a prorrogativa de fazer asneiritas também. Como vês "quem sai aos seus, não degenera". Tivemos sorte de ter sido só "lata".
Agora, aguarda pela idade e tira a carta, mas conduz sempre com prudência.
Começaram as aulas, toca a estudar.
Bom ano.
Beijinhos da Tia Nó

Tia Lé disse...

Meu querido sobrinho!
Adorei a tua história verídica… do castigo nem tanto!!! E depois de ficares a saber os feitos do teu pai e da tua tia! Ainda pior, uma vez que eles não tiveram castigo nenhum. Não merecias um castigo tão pesado!!! Mas retira desse castigo o que ele teve de melhor, o tomares consciência de como é dura a vida de um operário, que não se conduz sem carta, que conduzir carros dos outros só com autorização, e ainda que podias ter-te magoado e as meninas também.
“Mas só quem conhece este menino sabe como ele é gentil e cavalheiro, e que a sua intenção era tão somente levar as meninas a passear!!!!!”

Bjinho Tia Lé

Isabel Aguiar disse...

António...não sabia desta história...e claro, já me ri à farta!
que fantástico...não há nada como começar a trabalhar no duro para dar valor a tudo!
A forma como contas a história está "do melhor"!
Sabes...o teu pai também tinha saídas dessas..fazias imensas e era castigado à altura.
Enfim...no próximo dia 4 de Outubro, em casa da Avó Amélia quero que me contes tudo com pormenor
beijinhos
Tia Bia

Teresa Aguiar disse...

Oh António... a vida de operário custa!...
Adorei o teu texto, fartei-me de rir com a tua experiência de operário de fábrica :))
Fiquei surprendida pelo teu texto, pela qualidade da escrita. Tens "veia"!
um beijo grande da tua prima,
João.

Maria Manuela Aguiar disse...

Como é óbvio, no comentário anterior houve um pequeno esquecimento: a Maria João fez o texto com a conta google da Tété. De qulquer modo, fica assim clarificada a autoria da escrita.
O que não é negligenciável, numa altura em que decorre um concurso para menores de 18 anos...

Maria Manuela Aguiar disse...

Lembrou-me, há pouco, a Nónó que também eu tenho no meu historial um episódio de condução não autorizada do carro da família.
Confesso que não o relacionei com os das gerações posteriores já aqui aflorados, porque aconteceu quando eu era absolutamente inimputável - tinha 4 ou 5 anos, apenas... Julgo que o contei na biografia breve do Avô Manuel.
Estava o carro do Pai estacionado em frente à casa desse meu Avô, na Rua 5 de Outubro, em Avintes, no sentido descendente da rua: uma descida "a pique", do mais inclinado que há em estradas de Portugal, e com uma curva fechada, ao fundo. Pois foi aí que eu resolvi ir dar uma volta à terra, num daqueles velhos carros, que hoje só se vêm em desfiles de Donas Elviras. Sentei-me no assento e fiz o que via o Pai fazer - baixei, com destreza, o travão de mão, e pus as mãos no volante. O carro começou a deslizar... e , de repente - milagre! - aparece, o meu Avô e consegue, de fora, à mão, parar um veículo, já em movimento, a caminho do abismo...
Força hercúlea, aumentada pelo desespero? Penso que sim.
Não me lembro de sequer de ser castigada, nem de ter sensação de perigo algum. A memória gloriosa, empolgante desse momento é de gozo - o infinito gozo de de me sentir ao volante, em controlo, no comando da "nave", no princípio da aventura com que sonhava todos os dias, observando os gestos paternos... Durou um metro ou dois, essa 1ª experiência de pilotagem...

Teresa Aguiar disse...

Olha primo a minha única experiência ao volante foi nos carrinhos de choque, mas se tiver uma oportunidade num carro a sério só espero não ter nenhum acidente. Tem paciêcia, porque daqui a um ano já podes tirar a carta de condução.
Bjs