terça-feira, 13 de janeiro de 2009

P29 - ESPECTRO POLÍTICO FAMILIAR



A família é, desde o 25 de Abril, predominantemente, da área da AD. Em Gondomar, mais até, ao menos de início, do CDS do que doPPD/PSD.Socialistas, para além do Tio Manuel (que era mesmo socialista!), houve a Tia Lola, que depressa desanimou... Num segundo momento, a Inês e o Tó Zé. E, entre os filhos, netos e bisnetos da Avó Maria - excepto, talvez, entre os descendentes do tio Manuel - nada mais, que me lembre.
Em casa do Mário, todos CDS.
O Tónio, PSD. A Xaninha, CDS. Os filhos divididos.O Tio David, CDS. A Avó Maria, PSD (vide foto com emblema!). Como o meu Pai e eu própria (acima de tudo, Sá Carneirista).

A minha Mãe foi a primeira afiliar-se num partido político: o PPM, claro. Mas votava útil, sempre no CDS. E , à medida que a situação virava à esquerda, a Mãe virava à direita! Até subscreveu a candidatura do General Kaúlza de Arriaga, nas primeiras presidenciais!...Mas, nos recortes de jornal, assinalados pela letra da Mãe, aparecemos o Pai, a Dona Gumercinda, tia da Rosa Mª Gayoso, e eu, num comício do PPD, em Espinho. E a minha Mãe, em 1980, a falar com o General Soares Carneiro, que, em 1980, apoiou, activamente.
Algumas notícias sobre a minha incursão na arena política nacional.
Entrevistas do Mário, na qualidade de Director do Hospital de Santo António e de pioneirodetransplantes em Portugal.
A presença olímpica da família, através do Tó Mané.
As exposições artísticas da Esperancinha, da Docas, do João Miguel.
A vida social da Xana e da Ana, como emigrantes, na RAS. Etc, etc..


























11 comentários:

Anónimo disse...

Maria Antónia disse: Lembro-me, perfeitamente, do tempo em que a Lininha e o Serafim namoravam, na sala de visitas da casa da minha Mâe, ela tocando piano e ele cantando, com a sua voz lidíssima canções como "O luar do sertão" e "a casinha da colina".
A Lólita e eu íamos logo ter com eles. Às vezes, ele cantava com as duas ao colo dele, uma sentada em cada perna.

Anónimo disse...

Maria Antónia disse: Depois do casamento, quando viviam na casa de Quintã, eu ía passar as tardes com a Lininha, muitas vezes. Fazia-lhe companhia. Ela gostava muito de mim e o Serafim também. Jantava com eles, e, depois, vinham trazer-me, a pé, dando um passeio. Mais tarde, na casa da Cònega, continuei as visitas. Já os meninos eram crescidos, 6,7 anos, e mais, e eu brincava imenso com eles. Era uma loucura!
Um dia, a empurrar o Tónio, num balancé, fi-lo com força demais. e ele voou, aterrou no galinheiro, e partiu a cabeça. Fiquei assustadíssima. Nem deixei a criada ajudar. Peguei, eu mesma, nele e corri para o escritório do Serafim. Quando cheguei, ele acalmou-me logo: "Não te preocupes! Não é nada de grave. Vou levá-lo à Farmácia Gonçalves."
Era um homem com serenidade e sangue frio, não entrava em pânico, nunca.

Anónimo disse...

Maria Antónia disse: Conheci bem os pais do Serafim. A mãe era alta, chamava-se Teresa. O pai, baixinho, sempre sorridente, era um encanto. Ambos muito simpáticos, mas o meu preferido era ele, o Sr José Caetano Pereira.
Tanto o Serafim como os irmãos eram amigos dos meus irmãos . Um deles, o Zé, morreu afogado no rio Douro. Quase todos os anos havia um que tinha essa triste sina... Nós, sempre que o Manuel, o Tónio e o Zé saíam para os passeios no Douro, ficávamos apavoradas e rezávamos até os ver de volta a casa...(outros dos nossos amigos afogados foram o Licínio Pinto, o Zé de Rio Carreiro!) O Eduardo fazia parte desse grupo, e até tinha um barco.
Outro dos irmãos do Serafim era padre - o Padre Vitorino, com quem uma das irmãs, a Elisa, viveu sempre.
Havia, ainda, a Pompeia e a Maria e um rapaz mais novo, o Mário, que se formou em Direito, em Coimbra.
Família numerosa, como a minha!

Maria Manuela Aguiar disse...

Fiquei a saber, em conversa com a minha Mãe, que a Mãe do Tio Serafim era Rosas, dos Rosas de Gondomar (apelidos Martins Rosas). Talvez tenha sido ela quem orientou os negócios do casal para o ramo da ourivesaria, que era dominante na terra, a par da agricultura ( simbolizada nos famosos nabos). Parece-me que, na família paterna, foram agricultores, porque viviam
numa grande casa de lavoura - uma daquelas sólidas e tradicionais casa de pedra, existente no terreno, onde foi, depois, construida a casa da Meira e do Mário. Eu não me lembro nada do lugar. E pensava que se tratava de um terreno pertencente à casa dos pais da Meira. Diz a minha mãe que os pais do Tio Serafim moraram mesmo lá. Mas eram também os donos daquele prédio,definitivamente urbano, que fica em frente ao edifício da Câmara Municipal. Será que moraram ali, nos últimos tempos?
Foi a casa das filhas solteiras, embora, em partilhas, tenha cabido ao Tio Serafim - ele foi sempre muito amigo das irmãs.
Outra coisa que aprendi, é que "Caetano" não era apelido, mas segundo nome. Quem o converteu em apelido foi o Tio Serefim. Uma boa idéia, porque "Caetano Pereira" é uma harmoniosa ligação.

Maria Manuela Aguiar disse...

O estádio das Antas foi realmente, para mim, um espaço de grande convivência - e companheirismo portista - com o Tio Serafim.
Era um espectador contido, mas muito conhecedor das estratégias de jogo.Lia o jogo perfeitamente!
Lembro muitos momentos emocionantes, mas também o mais dramático de todos: a morte do Pavão, ao 13º minuto de um FCP - V de Setúbal. Estavamos na bancada central, mas um pouco descaídos para sul(assim acontecia, quando chegávamos tarde...). Exactamente em frente ao local em que Pavão tombou, depois de um passe para OLiveira.
Estou a vê-lo a sair, de maca, e o tio Serafim a dizer: "Vai morto. Aquela posição de cabeça não engana".
E tinha razão.
Via muito bem e sabia de tudo.
Era espertíssimo, perspicaz!
Depois, já com a notícia confirmada, viemos para minha casa. Todos desolados!
Nesse dia soubemos também da doença do Sr. Razzini. Que dia!

Maria Manuela Aguiar disse...

Muito o Tio se riu e gozou, com toda a razão,quando eu não vi um enorme buraco no passeio, em frente à casa da Xaninha, e deixei lá enfiada a roda dianteira da direita do meu Peugeot.
Divertidíssimo - até pelo telefone dava para perceber - mandou, imediatamente, dois homens, tipo pronto socorro, para tirarem a roda do "alçapão".
E o carro não sofreu dano. Ficou o episódio, para recordação.

Maria Manuela Aguiar disse...

Como já disse, o Tio Serafim, monárquico - daqueles que ía a S. Marcos, anualmente, cumprimentar o Duque de Bragança - e conservador, era, acima de tudo, uma pessoa civilizada e inteligente, que sabia respeitar as opiniões diferentes e não gostava de discussões académicas, que podem ser divertidas, mas não levam a lado nenhum.
Não me lembro de o ver dar resposta, por exemplo, às investidas do Tio Manuel, que era um "provocador" nato, e tinha êxito com outros cunhados...
E comigo , então, é que não houve uma só discussão!
Gostava que eu andasse envolvida na política, no pós 25 de Abril, mesmo que não fosse exactamente no partido dele.
E não posso esquecer o, para mim, surpreendente apoio que dele recebi, quando me divorciei.
Estávamos no início dos anos 70, e nessa altura, praticamente, não havia divórcios na família. Não se usava. Era mal visto, socialmente, pelo menos para a mulher...
Ora, um dia, aqui mesmo, em Espinho, íamos os dois a subir a Rua 7 e ele tomou a iniciativa de me dizer: "Decidiste divorciar-te, e eu acho que fizeste muito bem. Tens o meu apoio. O que eu não te perdoaria, era voltares atrás e aceitares o homem, pela segunda vez".
Tinha toda a razão!
Não é decisão que se tome de ânimo leve e sem motivos graves. E, se assim é, não faz sentido repensar a linha de rumo.
O Tio era um homem de carácter e exigia que as pessoas, que estimava, também fossem.
Foi um episódio da minha vida em que tomei as resoluções sozinha, e sem me ralar nada com as opiniões alheias. Aliás sempre fui imune, quanto baste, a pressões externas (o que, para quem anda pela política é fundamental - embora, na altura, ainda não sonhasse sequer com essa possibilidade ...).
Todavia, pela positiva, o suporte é sempre benvindo. Confesso que fiquei muito sensibilizada com a solidariedade do meu Tio!

Anónimo disse...

Maria Antónia disse: O Serafim era excelente a fazer muitas coisas, a gerir negócios, a conversar ou a cantar, por exemplo, mas não a guiar. Ao volante de um carro, era um perigo...
Um dia ia para o futebol, levando o Tónio à frente, e o João atrás, e não passou de Valbom. Numa curva para a direita, perdeu o controlo da máquina, caíu na valeta e bateu no muro. Com o choque,o João partiu um braço. Levaram-no ao hospital de Santo António. Veio de lé com o braço esticado em cima de umas talas enormes, enrroladas em ligaduras brancas. Nessa noite, o António Reis, que o viu quando ía a atravessar uma rua do Porto, perto da Batalha, foi dizer à família, em Avintes: " Vi o João num automóvel. Levava um grande ramo de flores brancas na mão".
.

Maria Manuela Aguiar disse...

Lembro-me perfeitamente desse dia. Foi um susto, ver o Pai entrar, na casa da Pedreira, com aquele aparato, e, ainda por cima, cheio de dores. Já nessa altura a população nem sempre era muito bem tratada nas urgências...
No dia seguinte, o Pai recorreu a um amigo dos tempos do Colégio dos Carvalhos,um grande especialista, o Dr. Abel Portal, que o pôs bom, num instante. Antes, teve de de lhe recolocar os ossos no sítio certo...
Tudo vantagens, incluindo o reencontro de colegas, que, no colégio, se tinham zangado, por qualquer coisa insignificante.
Ainda por cima, a Mãe também reencontrou aí uma amiga médica, a Miriam, que era assintente do Abel Portal!...

Maria Manuela Aguiar disse...

Esta história não é do meu baú de recordações. Foi-me contada, há pouco, pelo João Miguel. Tem a ver com os pequenos desastres de condução.
Diz o neto que o Avó não mexia na caixa de velocidades! Arrancava em segunda, e assim continuava, devagar, até ao fim. Entrava, sentava-se numa posição e não movia daí.
Uma tarde, ao dar a curva no Souto, guinou de tal modo que a porta da frente, a da direita, abriu, a Tia Lina, que ía ao lado, caíu na estrada. E ele continuou, sem se aperceber de nada. Até que um espectador da cena foi atrás do carro a gritar, para lhe chamar a atenção.
Não houve danos de maior. A velocidade era pouca e a Tia Lina aterrou bem...
A verdade é que o Tio Serafim não sendo muito vocacionado para a condução automóvel, andava, prudentemente, a baixa velocidade e não há a registar acidentes graves.
Mais tarde era, quase sempre, o Tónio que tomava o volante. Trabalhava com ele, estava sempre pronto a correr de carro para qualquer lado, e era um condutor de categoria "A". Tipo Tio David.

Anónimo disse...

Fiquei muito surpreendida ao ver a fotografia da minha Tia Gumercinda num comício. Sabia que ela era simpatizante do PSD e admiradora do Dr Sá Carneiro, mas activista nunca pensei!! Sabem que ela fazia troça de mim por eu ir aos comícios e andar a gastar gasolina nas caravanas do PSD? Alias, uma vez numa caravana, tanto toquei na buzina que fiquei sem bateria. Manela, pergunta á tua mãe se a minha mãe também era activista. Agora já nada me surpreende!!!