domingo, 11 de janeiro de 2009

P27a - O TIO DAVID DE ALMEIDA RIBEIRO- FOTOBIOGRAFIA BREVE





4 comentários:

Maria Manuela Aguiar disse...

Embora antecipando a data prevista para os comentários e porque estive, há pouco,a conversar com a Tia Lena, e tenho a matéria bem lembrada, vou contar como os Tios se conheceram:
Em Gondomar,por altura das festas da Nª Sª do Rosário.
Não no fim de semana de grande ajuntamento popular, mas na 5ª feira seguinte, nesses tempos, a ocasião reservada ao baile da Cruz Branca - uma organização de solidariedade, da qual eram dirigentes o Tio Serafim, o Tio Manuel, os primos Lobão(um deles, recorda a Tia Lena, levava a coisa tão a sério, que até mandou fazer uma farda vistosa!).
A Cruz Branca tinha uma única ambulância - pela forma como a Tia fala, um velho calhambeque... - e a principal fonte de financiamento era essa festa beneficente..
Em princípio, a Tia Lena não deveria ter ido. A Avó não deixava as filhas frequentar "frívolas"reuniões sociais... Mas a Delfina(Fina Faneca- S. Cosme dá nomes incríveis aos da terra...), vizinha de uma vivenda próxima, convidou-a a assistir, com ela e com os pais. A Avó disse "não" . A mãe da Fina, que falava sem papas na língua, foi ter com a Senhora D. Maria Aguiar e protestou, por ela não lhe confiar a filha, para uma simples participação no respeitável convívio. E a Avó, embaraçada, não ousou dizer "nâo", de novo.
O Tio David também não seria alguém ali presente, em circunstâncias normais. Nunca lá tinha ido, nem pensava ir. Era um portuense, sem relações especiais com Gondomar. Foi desafiado a acompanhar um amigo, que se chamava Ivo Araújo (um dos donos da empresa de camionagem Freitas e Araújo), que, ocasionalmente, namorava uma menina de S. Cosme.
O amigo David era um grande dançarino e, por isso, não foi difícil convencê-lo a ir a um baile.
Um encontro que estava destinado a durar toda a vida!

Maria Manuela Aguiar disse...

David olhou para aquela menina tão linda, com o seu ar reservado, sentada perto da amiga e do casal e perguntou à namorada do Ivo se a conhecia. Conhecia. Quem é que não a conhecia em S. Cosme, Gondomar? Conhecia e aceitou o seu pedido para o apresentar, como se usava, na época.
Dançaram, dançaram, até ao fim da festa!...

Maria Manuela Aguiar disse...

O namoro durou 7 meses, mas, durante esse tempo, não se viram mais de 5 ou 6 vezes!
Parece impossível, mas é verdade - os tempos, os usos e costumes eram radicalmente diferentes. Para as mulheres, as limitações eram semelhantes às da Idade Média. Seguramente mais próximas do quadro desses recuados séculos do que do século que haveria d seguir-se.
Só depois do 25 de Abril se desenhou a mudança de mentalidades, de atitudes. E não foi logo,logo, mas foi rápida. Quando começou, tornou-se imparável...
No tempo da juventude da Tia Lena, o Tio David vinha de eléctrico, saía na paragem que ficava mesmo em frente da Vila Maria, e da casa da Tia Hermínia, mas, a maioria das visitas a Gondomar, nem conseguia vê-la, de longe! Andava para cima e para baixo, à espera, poucas vezes recompensada. A única forma de manterem cpntacto era por correspodência. Diária!
O Tio David tinha um mensageiro, que era o sobrinho Aires, então com 14 anos. Tomava o electrico, deixava a carta do Tio David, levava a da Tia Lena e seguia no mesmo transporte (que dali ía ao Souto, parava uns minutos e retomava viagem para o Porto(Bolhão).

Maria Manuela Aguiar disse...

A Tia Lena tinha 20 anos.
A Avó não aceitava o namoro. Era assim mesmo: quando gostava dos noivos - se eram muito religiosos, de famílias conhecidas, caso do Tio Serafim e do meu Pai - até incentivava. Se não, era "não"!
Opôs -se ao casamento da Tia Lola com o Tio Eduardo, apesar dele ser de ilustres famílias gondomarenses - devia, porém, ser pouco pio, para os padrões da Avó...
O Tio David não era da terra e não era grande frequentador de igrejas e sacristias, como os dois cunhados bem amados pela futura sogra - muito embora fosse um bom cristão. Deparou com uma barreira intransponível.
Assim, restava à Tia Lena esperar o dia em que atingisse a maioridade.
Fez 21 anos. Preparou a mala. Partiu. Casou na Igreja de Santo Ildefonso, no Porto.
E a Avó não tardou a aceitar o genro.
Esta filha escolheu quem quis e escolheu muito bem.( e quanto a este Tio, mutatis mutandis!).
Acho que a "Léninha", como o Tio lhe chamava, foi, de todos os irmãos, a mais obviamente feliz na vida de casada.
Não digo que alguns dos outros não o teham sido, também. Mas não tanto!