segunda-feira, 1 de setembro de 2008

P10 - MARIA DO CARMO UZETA CATIVO RAZZINI Uma algarvia entre nós

UMA ALGARVIA ENTRE NÓS  - A NOVA IRMÃ GÉMEA DA MARIA ANTÓNIA

Maria doCarmo Fuzeta Cativo Razzini. Natural de Olhão.
Era, simplesmente, a" vizinha do lado", quando fomos morar para o Porto, em 1958.
A primeira ordem que recebemos da mãe foi a proibição absoluta de conversar com quem quer que fosse naquele prédio... Um prédio de andares era, na pitoresca expressão da Avó Maria, uma espécie de "ilha vertical"...E, pelo visto, a Mãe, no fundo, pensava o mesmo.
Habituadas aos exageros da Mãe, nem a Lecas nem eu cumprimos a ordem. A vizinha da porta rigorosamente em frente à nossa, uma loira lindíssima e elegante, que nos parecia a Kim Novack, para além de fascinante (dando à R. Latino Coelho um ar de Beverley Hill!), mostrava-se sempre sorridente e simpática. Íamos trocando umas frase curtas. Até ao dia em que a Mãe se atrasou e a Lecas, chegada do colégio da Paz, que era ali perto, foi convidada pela Maria do Carmo para lanchar. A Mãe viu- se na contigência de ter de agradecer... e de conversar. Foi entendimento perfeito, desde esse dia e durante quase meio século.
Sentimos, hoje, a sua falta, imensamente. Esteve connosco, em Espinho, a passar um mês antes de morrer - no dia em que regressou a Olhão, em Março de 2006.
As suas visitas, felizmente frequentes, eram sempre uma alegria e a certeza de que a Maria Antónia melhorava "o astral". Nascidas a 28 de Agosto, em anos diferentes, eram, de facto, como Irmãs.
A que parecia "older and wiser", a Maria do Carmo, ( era, sem sombra de dúvida ,"wiser" mas não "older, nem sequer de aspecto"...) teve uma enorme e muito benéfica influência sobre a amiga e sobre nós, as mais jovens. O marido , um siciliano encantador, o sr. Razzini, o filho, o João Carlos, então com oito ou nove anos entratam, também, na nossa família- mas, deve dizer-se através dela. Um fenómeno de inteligência e de sensatez ,de lealdade , com uma personalidade muito extrovertida- e, , divertida.E, com aqueles termos bem algarvios, que lhe davam ainda mais graça.
O mais extrordinário foi o ter sido aceite, como família, pelo resto da nossa família - e penso na generalidade, exemplificando com os tios Lena e David, com o Mário e a Meira.
A Meira, nascida, igualmente a 28 de Agosto... Chegamos a festejar, em conjunto, os três aniversários. Bons tempos !



























4 comentários:

falkor disse...

PROCURA-SE UM AMIGO
Não precisa ser homem, basta ser humano, basta ter sentimentos, basta ter coração.
Precisa saber falar e calar, sobretudo saber ouvir.
Tem que gostar de poesia, de madrugada, de pássaro, de sol, da lua, do canto, dos ventos e das canções da brisa.
Deve ter amor, um grande amor por alguém, ou então sentir falta de não ter esse amor.
Deve amar o próximo e respeitar a dor que os passantes levam consigo. Deve guardar segredo sem se sacrificar.
Não é preciso que seja de primeira mão, nem é imprescindível que seja de segunda mão.
Pode já ter sido enganado, pois todos os amigos são enganados.
Não é preciso que seja puro, nem que seja todo impuro, mas não deve ser vulgar.
Deve ter um ideal e medo de perdê-lo e, no caso de assim não ser, deve sentir o grande vácuo que isso deixa.
Tem que ter ressonâncias humanas, seu principal objetivo deve ser o de amigo.
Deve sentir pena das pessoa tristes e compreender o imenso vazio dos solitários.
Deve gostar de crianças e lastimar as que não puderam nascer.
Procura-se um amigo para gostar dos mesmos gostos.
Que se comova, quando chamado de amigo.
Que saiba conversar de coisas simples, de orvalhos, de grandes chuvas e das recordações de infância.
Precisa-se de um amigo paranão se enlouquecer, para contar o que se viu de belo e triste durante o dia, dos anseios e das realizações, dos sonhos e da realidade.
Deve gostar de ruas desertas, de poças de água e de caminhos molhados, de beira de estrada, de mato depois da chuva, de se deitar no capim.
Precisa-se de um amigo que diga que vale a pena viver, não porque a vida é bela, mas porque já se tem um amigo.
Precisa-se de um amigo para se parar de chorar.
Para não se viver debruçado no passado em busca de memórias perdidas.
Que nos bata nos ombros sorrindo ou chorando, mas que nos chame de amigo, para ter-se a consciência de que ainda se vive.
(Vinícius de Morais)

Saudades do joão miguel

Anónimo disse...

Maria do Carmo,era assim que queria que a "juventude" a tratasse, "nada de Dona" dizia ela, "eu também sou vossa tia, eu sei a vidinha de todos". Uma algarvia de gema,boa conselheira, perspicaz e visionária, uma amiga Inesquecível.
Saudades da Lélé

Maria Teresa Aguiar disse...

Ultimamente já lhe chamava tia Maria do Carmo, "qual Senhora Dona, mudei-vos muitas vezes as fraldas" - dizia, sou da família. Era uma Senhora que eu muito admirava. Quando era pequena e frequentava a casa da Tia Jijinha, em Latino Coelho, quer aos fins-de-semana, quer quando a tia Jijinha nos "roubava" de casa para passar uns dias no Porto, costumava apreciar aquela mulher alta, loira, decidida, lindissima (fazia lembrar a Kim Novak), com um sotaque engraçadissimo e muito interessante. Conversava com as crianças (comigo e com os meus irmãos) de uma forma cativante. Mesmo muitos anos depois, ainda o fez com os meus filhos (Tózinho e Tété), que tiveram o privilegio de com ela privar. Tia Maria do Carmo Razzini será sempre lembrada e nunca esquecida, faz parte das nossas memórias, sobretudo da infância. Saudades da Nónó, Tózinho e Téte.

Anónimo disse...

Manela disse É interessante chamar a atenção para a maneira como tratamos as pessoas. Eu também comecei pelo formal "D. Mª Carmo" e sr. Razzini e acabei no "Mª do Carmo".Tinha uma enorme simpatia pelo sr. Razzini mas nunca lhe chamei Salvatore.Foi para a América alguns anos depois, ainda eu me sentia jovem demais para a ousadia. O passar do tempo esbate a diferença de idade, e como a Mª do Carmo era um espírito sempre jovem(até ao fim ...- as doenças nunca a abateram, psicologicamente, porque tinha resistências assombrosas!)passei a julga-la a minha irmã mais velha.